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Pai de Santo denuncia racismo religioso em escola militarizada no DF

Líder religioso afirmou que foi alvo de ofensas do diretor do colégio após a gravação de uma reunião para resolver um mal-entendido

atualizado

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1 de 1 Pai de Santo - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Leandro Mota Pereira, conhecido como Pai Leandro de Oxossi, denunciou ter sido vítima de racismo religioso no Centro Educacional 3, de Sobradinho. A unidade é uma escola cívico-militar, também chamada de militarizada. Na tentativa de mediar um mal-entendido religioso, o sacerdote de Umbanda diz ter sido xingado pelo diretor do colégio.

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Líder religioso diz ter ido na escola para resolver um mal-entendido envolvendo uma aluna adepta da Umbanda
Pai Leandro registrou ocorrência na PCDF junto com o advogado Talaguibonan Arruda, diretor jurídico da Federação de Umbanda e Candomblé do DF
Dani Sanchez, da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, acompanha o caso
O episódio aconteceu no CED 3 de Sobradinho, uma escola cívico-militar
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Pai de Santo denuncia racismo religioso dentro de escola militarizada no DF

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Líder religioso diz ter ido na escola para resolver um mal-entendido envolvendo uma aluna adepta da Umbanda

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Pai Leandro registrou ocorrência na PCDF junto com o advogado Talaguibonan Arruda, diretor jurídico da Federação de Umbanda e Candomblé do DF

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Dani Sanchez, da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, acompanha o caso

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O episódio aconteceu no CED 3 de Sobradinho, uma escola cívico-militar

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Na segunda-feira (27/2), uma estudante de 14 anos – adepta da religião de matriz africana – chegou a escola utilizando um fio de conta. No entanto, uma tenente do colégio questionou o uso do colar e colocou a mão no acessório religioso, tentando removê-lo.

A adolescente recusou e disse que precisava falar sobre o assunto com o seu sacerdote. A tenente concordou e chamou a família da estudante, que foi ao local acompanhada de Pai Leandro e de uma advogada. Teve, então, início uma reunião, na sala da direção da escola. O líder religioso pediu para a conversa ser gravada.

Pai Leandro explicou porque de sua filha de santo usava o fio de conta. Segundo ele, trata-se de um acessório da indumentária das religiões de matriz africana, voltado à proteção individual, conexão com o divino e identificação social. Logo após a explicação, a tenente teria pedido desculpas à aluna.

A estudante poderia continuar utilizando o item religioso dentro do uniforme escolar. Tudo caminhava para uma solução pacífica, no entanto, segundo Pai Leandro, o diretor da escola teria ficado irritado com a gravação da reunião, dizendo que não autorizou o registro. Para o sacerdote, teria ocorrido, neste momento, uma tentativa de intimidação.

Xingamentos

De acordo com relatos de testemunhas ao sacerdote, o educador teria disparado xingamentos, ferindo inclusive a sua fé. “Ele falou o seguinte: ‘A aluna disse que ligaria para o pai dela. Eu não sabia que ia ligar para a porra de um pai de santo'”, denunciou o líder religioso.

Segundo o líder religioso, os xingamentos foram testemunhados pelas pessoas presentes na reunião. A gravação teria sido uma medida de defesa diante do mal-entendido inicial sobre o fio de conta. “Eu pensava passar por isso em qualquer lugar, mas jamais dentro de uma escola e de um diretor que deveria ensinar”, afirmou.

Após digerir as ofensas, o Pai Leandro decidiu denunciar o caso para as autoridades. “Para que mais tarde não façam isso contra outras crianças”, ressaltou. Segundo o religioso, apesar da reação do diretor, a conduta de todos os policiais militares envolvidos no caso foi perfeita, a exemplo da tenente que reconheceu o erro e pediu desculpas.

Denúncia

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Fábio Felix (PSol) abriu uma investigação e apresentou denúncia para órgãos de controle e inclusive para o governo federal. O parlamentar também cobrou esclarecimentos da Secretaria de Educação e da pasta da Segurança, uma vez que o colégio onde ocorreu o caso é de gestão compartilhada.

“O Pai de Santo foi destratado na escola da pior foram possível, com referências muito desrespeitosas, agressivas e do nosso ponto de vista, criminosas às religiões de matriz africana”, declarou Fábio Felix. O distrital é autor de uma lei distrital que proíbe e combate o racismo religioso. A legislação federal também veda a prática preconceituosa.

No âmbito da Polícia Civil (PCDF), inicialmente o caso será investigado pela  Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

Outro lado

A Secretaria Educação informou que vai apurar o caso por meio de processo administrativo na Corregedoria. Prometeu a adoção de providências administrativas para assegurar o melhor atendimento a estudante envolvida no caso.

“A Pasta ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de racismo e reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos”, afirmou a pasta por nota.

O Metrópoles tentou contato com diretor da escola e com a secretaria de Segurança Pública. Nenhuma das partes havia se posicionado sobre o caso até a última atualização deste caso. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações dos citados.

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