Pai busca crianças espancadas por mãe e padrasto: “Para preservá-los”
Na última quarta-feira (20/7), o Metrópoles revelou que a PCDF investiga o caso de maus-tratos contra três crianças
atualizado
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O pai biológico das três crianças de 12, 9 e 7 anos, vítimas de um caso de maus-tratos investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) revelou ter buscado, na última quarta-feira (20/7), os filhos da residência da mãe e do padrasto após a divulgação do episódio na imprensa. Em conversa com a reportagem, na última quinta (21/7), o padrasto negou as acusações feitas pela vizinha e defendeu que os áudios são falsos e as fotos descontextualizadas.
O familiar não terá o nome revelado para não expor os pequenos. “Fiquei com medo dela fazer alguma coisa, de fugir com eles [depois das agressões]. [Busquei] Foi pra preservá-los”, disse o pai. Ele contou que a antiga companheira entrou em contato e pediu para que ele devolvesse os filhos.
O pai também relatou que se surpreendeu com frequência dos episódios de violência relatados pelos vizinhos. “Sabia que acontecia, mas não com a frequência relatada. Não tinha ideia que as agressões seriam dessa forma: diariamente, sem ter hora”, lamenta.
Padrasto nega acusações
Na última quinta (21/7), o padrasto entrou em contato com a reportagem e fez questão de dizer que o tratamento dado aos enteados é o melhor possível. “Nós cuidamos muito bem, com muito carinho e amor”, afirmou.
De acordo com ele, a suposta denúncia inventada pela vizinha teria origem em um desentendimento anterior entre os dois. “Ela fica implicando com a gente. Uma vez os meninos sujaram uma parte da área comum do prédio e ela fez um vídeo até a porta da minha casa para postar no grupo do condomínio, completamente sem necessidade”, explicou.
Entenda o caso
O Metrópoles revelou que a PCDF investiga o caso. As surras e os gritos de ira e desespero atravessavam as paredes do apartamento, em Ceilândia. Com isso, as agressões foram denunciadas por vizinhos ao Conselho Tutelar da região administrativa.
Em um episódio registrado pela PCDF em 10 de junho do ano passado, a avó das crianças tenta intervir que a neta de 12 anos fosse surrada dentro de um quarto.
A idosa precisou arrombar a porta e, quando entrou, viu a menina sendo espancada e segurada pelos cabelos pela mãe. Quando tentou apartar, a avó foi empurrada, estapeada e levou uma surra do padrasto, que usou um cabo de vassoura para atacá-la. O homem é advogado e tem carteira da OAB ativa.
Veja imagens dos hematomas nas crianças após espancamentos:
“Te racho na porrada”
Revoltadas com o espancamento das crianças, pessoas que moram no mesmo prédio do casal pediam socorro e mandavam mensagens em um grupo de WhatsApp formado pelos moradores. Uma pessoa tentou intervir no grupo para que as agressões parassem. O advogado, então, ameaçou espancar uma vizinha.
“Se a senhora postar mais alguma coisa no grupo, a senhora pode ter certeza de que eu vou rachar tua cara na porrada. E tu pode ter certeza disso. Eu vou mandar logo aqui no grupo para esculachar essa porra. Porque, se tu postar mais alguma coisa e eu me sentir ofendido ou exposto, você pode ter certeza que eu vou lhe quebrar na porrada. Pode ir na polícia registrar um boletim de ocorrência, porque crime de ameaça é de menor potencial ofensivo e não dá nada”, disse o advogado e padrasto das crianças.
Ouça ameaças feitas pelo advogado acusado de espancar enteados:
Irritado, o advogado acusado de espancar os enteados reafirmou, em áudio postado no grupo, a ameaça à moradora. “Basta postar novamente. Se eu me sentir ofendido, eu vou te arregaçar na porrada. Posta aí, se você tem coragem”, desafiou. Depois, a mulher registrou boletim de ocorrência sobre a ameaça.
Veja gravação feita pelas crianças espancadas:
O fato também chegou ao conhecimento do Conselho Tutelar e aparece na ata de ocorrências do condomínio onde moram os envolvidos. O pai relatou aos policiais que teme pela vida dos filhos.