Padre do DF abriga bolsonaristas que saíram do QG do Exército
Em nota, padre Geraldo Gama comentou que sua igreja acolheu mais de 400 bolsonaristas, que foram “presos pela PF, humilhados e despejados”
atualizado
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O padre Geraldo Gama, da Capela Santa Luzia (Cidade Estrutural), abrigou bolsonaristas que saíram do Quartel-General do Exército, em Brasília. No início desta semana, o homem estava na frente da Academia da Polícia Federal para tentar conversar com os manifestantes e oferecer lugar na igreja onde congrega.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (13/1) nas redes sociais, Gama agradeceu a “generosidade e solicitude a todos que ajudaram a acolher os patriotas que foram detidos e soltos pela PF”. O padre comentou que a igreja recebeu mais de 400 pessoas, que foram “presos pela PF, humilhados e despejados na madrugada de terça-feira”.
“Muitos estavam em jejum, sem dinheiro, documentos ou celulares para retornarem aos seus estados de origem. Amanhã [sábado] o último grupo estará voltando ao estado de origem. Graças a Deus não nos faltaram voluntários e ajuda material para alimentação e para compra de passagens. Portanto, no momento, não precisamos de mais doações e voluntários”, afirmou o padre.
“Há um grande número de pessoas de bem presas injustamente. Assim, rezemos ao Nosso Deus de Misericórdia e Justiça que fortaleça essas pessoas e as liberte do mal, oferecendo nossos sacrifícios e jejuns.”
De acordo com os moradores da região, que preferiram não ter o nome citado na reportagem, a igreja é sempre movimentada, geralmente por eventos comunitários. No entanto, desde a madrugada de segunda (9), o templo apresentou uma movimentação atípica. No início de terça-feira (10), o local passou a receber carros e ônibus de turismo.
Confira vídeo registrado na manhã de terça-feira:
Ainda de acordo com residentes da região, o pátio da igreja tinha várias pessoas vestindo camisas com as palavras “Deus”, “pátria” e “família”. Muitos carregavam Bandeiras do Brasil, malas e mochilas.
Por volta das 8h30 de terça (10), relataram ter visto um ônibus turístico estacionado em frente ao local. Carros com alimentos também movimentaram a área.
O Metrópoles entrou em contato com o padre Geraldo Gama por diversas vezes, mas não houve resposta. O telefone da igreja também não foi atendido. Por fim, a reportagem foi ao local, mas funcionários não quiseram dar entrevista e impediram a entrada. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.
O que diz a polícia
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, na última terça (10/1), a corporação foi informada de que a igreja estava abrigando bolsonaristas e um ônibus. O veículo, de acordo com a PCDF, era um dos alvos de apreensão ordenados pelo STF.
Ao chegar à paróquia, a PCDF confirmou a denúncia. A Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) fez o monitoramento e, quando o ônibus saiu com 13 bolsonaristas em direção a São Paulo, o veículo foi apreendido.
Os passageiros foram detidos e, após prestaram depoimentos, foram liberados. Parte pela PCDF, parte pela Polícia Federal.
“A PCDF já identificou quem financiou esse ônibus”, informou a corporação, acrescentando que as responsabilidades de cada participante nos atos do último domingo será apurada.