Paco Britto: quem gastar além da conta levará “catracada da Fazenda”
Declaração do vice-governador foi dada à reportagem do Metrópoles após treta entre André Clemente, da Fazenda, e Rafael Parente, da Educação
atualizado
Compartilhar notícia
Após o Metrópoles divulgar a troca de mensagens pelo WhatsApp, que deixou um climão entre os secretários de Fazenda, André Clemente, e o de Educação, Rafael Parente, o vice-governador Paco Britto (Avante) disse que o GDF vai empenhar despesas “com responsabilidade”. “Se alguém gastar mais do que tem, vai levar uma catracada da Fazenda”, alertou, em entrevista à reportagem na manhã desta quarta-feira (3/4).
A saia-justa entre os dois integrantes do primeiro escalão do GDF começou com uma postagem de Clemente no grupo Secretários de Governo, que reúne todo o primeiro escalão do Poder Executivo. O chefe do cofre do GDF exibiu um PDF do Programa Educa DF com os seguintes dizeres: “Muito bonito! Mas quero saber de onde vai vir o dinheiro. Vai anunciar, criar expectativa e depois jogar a culpa na Fazenda, porque não recebeu orçamento e o dinheiro. Computador para cada professor, computador para cada estudante?”, questionou.
Parente rebate: “Você já me questionou publicamente uma vez e eu me coloquei à sua total disposição para explicar. Criamos um plano de estratégias para serem executadas nos próximos quatro anos. Apresentamos o mesmo para os distritais, federais e senadores. Eles prometeram emendas. Há R$ 4 milhões da Inframerica para isso, nosso governador orientou que o FAP [Fundo de Amparo à Pesquisa] ajude com recursos. Já temos, também, o apoio de instituições do terceiro setor… Questionamentos públicos, desta forma, não vão ajudar nem a você, nem a mim, nem contribuir para o clima de cooperação, respeito e admiração em nosso time”.
Ao final do textão, Parente se despede com dois emojis: um sorrisinho e as mãozinhas do “bate aqui”. “Cada um está defendendo a sua pasta. Rafael quer fazer o melhor para a Educação. O projeto dele é maravilhoso. Mas tem que mostrar da onde vem a receita. Qual é o papel da Fazenda? Ela abre ou fecha cofre de vez. A missão do Clemente é regular. E os recursos são restritos. Então, se Rafael mostrar as fontes de receita, o Clemente libera o cofre”, disse o vice-governador.
De acordo com ele, o projeto da educação é para ser executado ao longo de quatro anos. “Mas precisa ter fonte de renda. Cada um está fazendo a sua parte”, ressaltou Paco Britto.
Segundo o vice-governador, mesmo com a crise, os secretários não devem deixar a máquina pública parar. “O governador Ibaneis Rocha (MDB) pediu contingenciamento dos gastos. Que cada um trabalhe com a despesa real. O DF não está quebrado, mas eles não podem extrapolar. E estamos investindo, liberamos mais de R$ 55 milhões em obras”, explicou. Uma das estratégias do governo para driblar a falta de recursos será o lançamento de Parcerias Público-Privadas (PPPs).
Após reunião com o secretariado na terça (2), Ibaneis avisou que, diante da crise, o seu principal compromisso “é não deixar o servidor do DF sem receber salário, aposentadoria e pensão”. “Eu só vou tratar de reajuste quando o orçamento permitir e eu tiver segurança no que diz respeito a esse orçamento”, reforçou.
Paco Britto negou que o governo pretenda desengavetar o discurso de ter recebido uma “herança maldita”, usado por gestões passadas. “Isso não existe. Ninguém fala de herança. O governador é um bom pagador e sabe pôr as contas em ordem”, argumentou. De acordo com o vice-governador, a crise não foi gerada pelo orçamento deixado pela administração de Rodrigo Rollemberg (PSB), mas sim pela decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
A Corte de Contas decidiu, na última semana, retirar de Brasília a arrecadação do Imposto de Renda sobre os salários pagos pelo Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). A medida passou a tesoura em R$ 700 milhões anuais do orçamento. Cobra, ainda, um passivo de R$ 10 bilhões ao GDF. O corte abrupto acendeu a luz de alerta. Reajustes e o pagamento da terceira parcela subiram no telhado. O embate entre Clemente e Parente também é consequência desse novo cenário.
Explosão de dengue
Além da crise financeira, o GDF enfrenta uma explosão de casos de dengue. O Buriti pediu ajuda ao Exército para combater a doença. Paco Britto diz que deverá fazer uma reunião com o Ministério das Forças Armadas para sacramentar a parceria ainda nesta semana. O Buriti espera receber o apoio de até mil homens e mulheres.