metropoles.com

“Ouvi um estalo. Ia morrer todo mundo”, diz morador de prédio desabado

Jovem diz que desceu as escadas correndo e conseguiu salvar uma televisão antes de o prédio ruir, em Taguatinga

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/ Metrópoles
wesley
1 de 1 wesley - Foto: Rafaela Felicciano/ Metrópoles

Com a filha de 1 ano nos braços, a auxiliar de limpeza Josilda Alves, 45, esteve no local onde um prédio de quatro andares desabou, nessa quinta-feira (6/1), na QSE Área Especial 20, em Taguatinga. Ela e os filhos Wesley Oliveira, 19, (jovem de vermelho na foto em destaque) e Samuel Oliveira, 20, aguardavam a autorização para poder entrar no local e resgatar alguns bens. O rapaz ainda conseguiu salvar uma televisão de casa, poucos minutos depois de ouvir um estalo na estrutura e correr. “As paredes já estavam fazendo barulho, estalando, e ali eu tinha certeza de que o prédio não ia ficar em pé”, diz.

“Chorei a madrugada inteira”, diz moradora de prédio que desabou no DF

Assustada, Josilda deixou tudo para trás quando o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) pediu para os moradores evacuarem o prédio. A mãe de quatro filhos diz que, agora, vai procurar um novo lugar para morar. “Não tem jeito né? Só quero pegar minhas coisas e arrumar um lugar para alugar. Pagava R$ 1,2 mil para morar aí, e com esse valor, nunca imaginei que o prédio estaria nessas condições”, explica.

O prédio tinha apartamentos de até quatro quartos. Segundo moradores, o valor do aluguel no prédio variava entre R$ 750 e R$ 1,2 mil. Agora desabrigada, Josilda está hospedada com os filhos no Hotel Positano, em Taguatinga Sul. A estadia foi fornecida pela dona do prédio, Amanda Albuquerque, que está fora de Brasília. Por meio de nota, a mulher lamentou a tragédia, mas não fez comentário algum sobre a situação irregular do edifício, que não tem Habite-se nem alvará.

Antes de o prédio desabar, Wesley desceu as escadas com o televisor que conseguiu salvar nos braços e disse ter ouvido as paredes estralando. Ele colocou o eletrônico dentro de uma Kombi que estava em frente ao prédio. Após a evacuação do local, porém, nem o equipamento a família conseguiu levar, porque até a área onde o veículo está estacionado é considerada de risco.

6 imagens
Bombeiros isolaram o local
Dono de uma mecânica que funcionava ao lado do local esperava ser indenizado
CBMDF atua no local
Equipe trabalha com clima tenso, uma vez que ainda há risco de desabamento
Safira foi resgatada e será levada para casa de parentes de Osmar, morador do prédio
1 de 6

Bombeiro entrega televisor a morador do prédio que ruiu no DF

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
2 de 6

Bombeiros isolaram o local

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
3 de 6

Dono de uma mecânica que funcionava ao lado do local esperava ser indenizado

4 de 6

CBMDF atua no local

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
5 de 6

Equipe trabalha com clima tenso, uma vez que ainda há risco de desabamento

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
6 de 6

Safira foi resgatada e será levada para casa de parentes de Osmar, morador do prédio

Rafaela Felicciano/ Metrópoles

“Desci correndo porque a gente tinha que evacuar rápido. Pegamos só o que deu mesmo. Graças a Deus deu tempo de sair, se não tinha morrido todo mundo”, recorda o jovem.

O dono de uma oficina ao lado do prédio diz ter sofrido um prejuízo de aproximadamente R$ 450 mil, em máquinas e ferramentas que ficaram totalmente destruídas com a ruína. Leonardo Medeiros, 36, também precisou evacuar o local antes que o edifício caísse. A oficina Lottus ficou completamente destruída pelos escombros.

“A parede que tínhamos do lado do prédio também rachou e deu infiltração, mas nunca imaginamos que o prédio cairia. Poderia ter morrido todo mundo aqui da loja”, comentou.

A oficina tem três funcionários e todos estavam presentes no momento do desabamento. Agora, a equipe espera receber indenização pelos danos e prejuízos que tiveram.

Desolada, outra moradora do prédio diz que chorou a noite inteira. Juliane Oliveira, 32 anos, se abrigou na casa de uma parente na Candangolândia, com os três filhos. Na manhã desta sexta-feira, ela também retornou ao local da tragédia, na esperança de poder entrar no antigo apartamento e buscar os pertences. Porém, foi barrada.

Nessa quinta, Juliane só conseguiu pegar umas poucas mudas de roupa, antes de o edifício ruir. “No momento do desespero, eu não sabia nem o que levar. Vi meus sonhos desabarem junto com esse prédio. Chorei a madrugada inteira. É tão difícil conquistar as coisas, perder tudo de uma vez é dolorido demais”, lamenta Juliane.

Sem alvará

O prédio não tinha alvará de construção ou carta de Habite-se, ou seja, era irregular. A informação foi confirmada ao Metrópoles pelo Governo do Distrito Federal. Ainda segundo o GDF, a obra não foi autorizada pela Central de Aprovação de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e sequer houve solicitação de licenciamento para o projeto.

“Morreu a esperança da gente”, afirma moradora de prédio que desabou

Já a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) informou que o único registro encontrado de ações fiscais no local trata-se de uma notificação por descarte irregular de resíduos.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?