metropoles.com

Órfãos do feminicídio. O drama de quem teve a mãe morta no DF em 2018

Os 21 casos deste ano deixaram ao menos 24 crianças sem a figura materna. Em muitas ocorrências, meninos e meninas assistiram aos crimes

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles
foto_manchete_feminicidio
1 de 1 foto_manchete_feminicidio - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

“Vovó, o papai fez muito dodói na mamãe e ela dormiu.” Foi pela neta que Noemiza Carlos Romão, 66 anos, recebeu a notícia da morte da filha Janaína Romão Lúcio, 30, brutalmente assassinada pelo ex-companheiro. A mulher começou a ser agredida com socos e pontapés ainda dentro de casa, no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria, na noite de 14 de julho último. No quarto, levou três facadas e, mesmo ferida, conseguiu correr para a rua. Alcançada por Steffanno Jesus Souza de Amorim, 21, acabou golpeada mais duas vezes. O feminicida está preso.

A polícia estima que o martírio da funcionária terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos até ser perfurada pela última vez tenha durado cerca de 3 minutos, tudo visto de perto pelas duas filhas da vítima, Carol e Juliana*, de 2 e 4 anos.

A mais velha, na hora do lanche, costuma ficar esfarelando biscoito e perguntando por que Deus fez o pai dela tão ruim

Noemiza Carlos Romão, aposentada

Seguindo um enredo que se repete na maioria dos casos de feminicídios, Noemiza e o marido, o aposentado Edgar Soares Santana, 67 anos (foto em destaque), de um dia para outro agregaram à rotina de avós a responsabilidade de criar os netos-órfãos.

Entre 1º janeiro e 3 de setembro deste ano, 21 mulheres foram vítimas de feminicídio no DF, número 75% maior do que o computado no mesmo período de 2017, quando ocorreram 12 casos. Por meio de boletins policiais e relatos familiares, o Metrópoles reuniu informações sobre 16 tragédias que deixaram ao menos 24 órfãos. Como não há dados precisos sobre os demais cinco crimes, a estatística pode ser ainda maior.

Em pelo menos em três ocasiões, os filhos viram a mãe ser executada a sangue frio. Em dois episódios, o pai ainda tirou a própria vida na frente das crianças. “Não é fácil sua netinha chegar da creche e dizer que todo mundo na escolinha tem mãe, menos ela. É um soco no estômago”, conta Edgar, em meio a lágrimas.

Daniel Ferreira/Metrópoles
Noemiza e Edgar: dor irreparável

Dedicado, o avô brinca de casinha, esconde-esconde e boneca com as meninas. Mesmo vivenciando o luto pela morte da caçula de quatro irmãos, Edgar entende que manter as netas entretidas é o melhor remédio para as crianças não pensarem a todo momento na barbárie. “A gente faz de tudo para vê-las felizes, mas, principalmente na hora de dormir, elas sentem muita falta. Não tem sido fácil”, confessa.

Uma semana após o crime, Carol e Juliana passaram a receber atendimento psicológico em uma unidade do Núcleo de Apoio Psicossocial do Pró-Vítima, em Taguatinga, às segundas-feiras, mas  a distância de mais de 40km dificulta o acompanhamento continuado. “A gente se esforça, mas não é fácil chegar lá porque é muito longe”, reclama Noemiza.

Mesmo os profissionais acostumados a lidar com familiares de vítimas de violência admitem ser extremamente delicado tratar órfãos do feminicídio. “Você vai estar diante de crianças que enxergavam ao mesmo tempo a mãe cuidadora e amorosa e a mãe esfaqueada e morta”, conta a professora Gláucia Diniz, PHD em psicologia da Universidade de Brasília (UnB).

Ainda segundo a especialista, que há 10 anos coordena um projeto interdisciplinar voltado para o acolhimento de vítimas de violência doméstica, “é fundamental acolhê-las para que essas imagens chocantes não as levem a um estado de ansiedade e as façam evoluir para sintomas de ansiedade crônica, depressão ou esquizofrenia”.

“Acordaram e viram a mãe morta”

Daniel Ferreira/Metrópoles
Maria das Graças assumiu a responsabilidade de cuidar dos netos após o assassinato da filha Adriana Castro Rosa Santos

Se pudesse, a dona de casa Maria das Graças Castro, 70 anos, riscaria do calendário o dia 7 de agosto. Nessa data deste ano, ela viu, da porta da sala, a filha Adriana Castro Rosa Santos, 44 anos, ser executada com dois tiros no portão.

O autor do feminicídio, o marido dela e sargento da Polícia Militar do DF Epaminondas Santos Silva, 51, não admitia ceder o divórcio proposto por Adriana. Após matar a mulher, ele se suicidou com um tiro na têmpora.

Ao ouvirem os tiros e os gritos de desespero da avó, o menino e a menina – de 11 e 8 anos, respectivamente – correram, descalços e ainda de pijama até o quintal e se depararam com os corpos dos pais sangrando.

Eu não tive forças nem para consolar meus netos. Eles corriam e pulavam de aflição. Só consegui ver minha filha de novo dentro do caixão, no cemitério

Maria das Graças Castro, aposentada

Viúva e alçada de uma hora para outra ao posto de responsável pelas duas crianças, Maria das Graças recorreu à fé para vencer a depressão causada pela morte da filha e conseguir se manter forte diante dos netos. “Sempre tem um filho ou uma nora dormindo comigo a fim de dar apoio. À noite, rezo com as crianças e digo que a mamãe está bem, descansando no céu. Por eles, não posso esmorecer”, conta.

8 imagens
Noemiza e Edgar seguram a foto da filha vítima de feminicídio
Mãe, pai e irmã de Janaína Romão, assassinada a facadas, ainda tentam se recuperar do trauma
Dedicado, o avô brinca de casinha, esconde-esconde e boneca com as netas. Mesmo vivenciando o luto pela morte da caçula de quatro irmãos
"A gente faz de tudo para vê-las felizes, mas, principalmente na hora de dormir, elas sentem muita falta. Não tem sido fácil", confessa o avô
"Eu não tive forças nem para consolar meus netos. Eles corriam e pulavam de aflição. Só consegui ver minha filha de novo dentro do caixão, no cemitério", emociona-se Maria das Graças
1 de 8

Especialistas dizem que, além dos órfãos, os responsáveis devem receber atendimento psicológico

Daniel Ferreira/Metrópoles
2 de 8

Noemiza e Edgar seguram a foto da filha vítima de feminicídio

Daniel Ferreira/Metrópoles
3 de 8

Mãe, pai e irmã de Janaína Romão, assassinada a facadas, ainda tentam se recuperar do trauma

Daniel Ferreira/Metrópoles
4 de 8

Dedicado, o avô brinca de casinha, esconde-esconde e boneca com as netas. Mesmo vivenciando o luto pela morte da caçula de quatro irmãos

Daniel Ferreira/Metrópoles
5 de 8

"A gente faz de tudo para vê-las felizes, mas, principalmente na hora de dormir, elas sentem muita falta. Não tem sido fácil", confessa o avô

Daniel Ferreira/Metrópoles
6 de 8

"Eu não tive forças nem para consolar meus netos. Eles corriam e pulavam de aflição. Só consegui ver minha filha de novo dentro do caixão, no cemitério", emociona-se Maria das Graças

Daniel Ferreira/Metrópoles
7 de 8

Maria das Graças Castro passou a cuidar dos netos após o genro matar a tiros sua filha Adriana Castro

Daniel Ferreira/Metrópoles
8 de 8

A aposentada diz que o feminicídio ocorreu na frente dela. Os netos estavam em casa na hora do crime

Daniel Ferreira/Metrópoles

 

Católica fervorosa, Maria das Graças faz as orações na sala. Ao lado do pequeno altar com representações de Nossa Senhora Aparecida e Jesus Cristo, a imagem de Adriana Castro está eternizada em um banner de um metro e meio com os dizeres: “Amor não machuca, quem machuca são as pessoas. Nós te amamos”.

A aposentada conta que os momentos mais complicados na criação dos netos têm sido à noite. Ainda traumatizados, os meninos não dormem sozinhos. “O garoto dorme comigo e a menina com a minha irmã, que também mora aqui”, relata.

 

Acompanhamento para evitar traumas
Segundo a psicóloga e especialista em trauma e luto Cibelle Antunes Fernandes, a mudança no comportamento dos netos de Maria das Graças é normal. Ela destaca, contudo, que o trabalho de profissionais pode ser decisivo para evitar traumas na adolescência.

“A criança, ao contrário dos adultos, costuma manifestar o sofrimento por meio de comportamentos regredidos, como ficar mais agressiva, comer muito ou pouco, não dormir, perder o controle dos esfíncteres. Se é feita uma intervenção precoce para reprogramar a experiência dentro de si mesma, há grandes possibilidades de que essa experiência não a prejudique em fases futuras da vida”, destaca Cibelle, que foi professora da Universidade Católica de Brasília (UCB) e trabalha na área de psicologia do Instituto Hospital de Base do DF (IHBDF).

A especialista também ressalta ser premente o tratamento daqueles que ficaram com a incumbência de criar os órfãos. “Muitas vezes esses avós ou tios também estão destroçados por dentro e nem sempre se sentem confortáveis para ocupar esse vácuo. Se essas pessoas não tiverem preparo psicológico, talvez esses órfãos paguem outro preço: o de ser criado por alguém que se encontra em constante sofrimento e que gera insegurança às crianças”, alerta.

“Chorava tanto que dava pena”

Daniel Ferreira/Metrópoles

Foi o que aconteceu com o auxiliar de serviços gerais Thalis Morais dos Santos, 33 anos. Ele passou a cuidar das sobrinhas de 2 e 4 anos após a irmã, Tauane Morais dos Santos, 23, ser executada a facadas pelo ex-companheiro Vinícius Rodrigues de Souza, 24, solto por um juiz um dia após ser preso justamente por agredir a operadora de caixa. O crime ocorreu em 6 de junho, em Samambaia Norte.

O magistrado Aragonê Nunes Fernandes, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Samambaia, justificou a concessão de liberdade ao assassino alegando “não ter bola de cristal” para prever quem, de fato, concretizará ameaças.

Com o núcleo da família residindo no Piauí, em função da adaptação das meninas a Brasília e à creche, Thalis preferiu mantê-las sob sua tutela, em Samambaia Norte. No entanto, o fator psicológico pesou e Thalis entendeu que o processo de superação das crianças seria mais fácil ao lado da avó, no município de Bertolina. “Uma delas chegou a ter gastrite e crise nervosa. Choravam tanto que dava pena. Acho que em um ambiente diferente do que elas viviam aqui em Brasilia será melhor”, acredita o tio.

Relembre alguns casos de feminicídio que chocaram o DF em 2018

16 imagens
<b>Vítima</b>:  Jusselia Martins de Godoy, 50 anos
<br>
<b>Data e endereço do feminicídio</b>: 5 de abril, no Jardim Roriz, em Planatina
<br>
<b>Autor</b>:  ex-marido, Evandro Alves de Faria, 56, que se matou em seguida
<br>
<b>Órfãos</b>: filho de 15 anos
<b>Vítima</b>: Mary Stella Gomes Rodrigues, 32 anos, morta a tiros
<br>
<b>Data e endereço do feminicídio</b>: 17 de março, na QNN 4, em Ceilândia Sul
<br>
<b>Autor</b>: o marido, Júlio César dos Santos, 38, que se matou em seguida
<br>
<b>Órfãos</b>: filhos de 2 e 11 anos
<b>Vítima</b>: Romilda Souza, 40 anos, morta a tiros
<br>
<b>Data e endereço do feminicídio</b>: 7 de março, num apartamento da 406 Sul
<br>
<b>Autor</b>: marido Elson Martins da Silva, 39, que se matou
<br>
<b>Órfãos</b>: filhos de 2 e 3 anos
<b>Vítima</b>: Tauane Morais dos Santos, 23 anos
<br>
<b>Data e endereço do feminicídio</b>: 6 de junho, na QR 205 de Samambaia Norte
<br>
<b>Autor</b>: Vinícius Rodrigues de Sousa, 24 anos, que tentou se matar, não conseguiu e foi preso
<br>
<b>Órfãos</b>: filhos de 2 e 4 anos
<b>Vítima</b>: Jéssyka Laynara da Silva Souza, 25 anos
<br>
<b>Data e endereço do feminicídio</b>:  4 de maio, na QNO 15, em Ceilândia Norte
<br>
<b>Autor</b>: ex-namorado, o soldado da PMDF Ronan Menezes, que está preso 
<br>
<b>Não deixou filhos</b>
1 de 16

Vítima: Janaína Romão Lúcio, 30 anos, morta a facadas
Data e endereço do feminicídio: 14 de julho, no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria
Autor: ex-marido Steffanno Jesus Souza de Amorim
Órfãos: filhas de 2 e 4 anos

Reprodução
2 de 16

Vítima: Jusselia Martins de Godoy, 50 anos
Data e endereço do feminicídio: 5 de abril, no Jardim Roriz, em Planatina
Autor: ex-marido, Evandro Alves de Faria, 56, que se matou em seguida
Órfãos: filho de 15 anos

Reprodução
3 de 16

Vítima: Mary Stella Gomes Rodrigues, 32 anos, morta a tiros
Data e endereço do feminicídio: 17 de março, na QNN 4, em Ceilândia Sul
Autor: o marido, Júlio César dos Santos, 38, que se matou em seguida
Órfãos: filhos de 2 e 11 anos

Reprodução
4 de 16

Vítima: Romilda Souza, 40 anos, morta a tiros
Data e endereço do feminicídio: 7 de março, num apartamento da 406 Sul
Autor: marido Elson Martins da Silva, 39, que se matou
Órfãos: filhos de 2 e 3 anos

Reprodução
5 de 16

Vítima: Tauane Morais dos Santos, 23 anos
Data e endereço do feminicídio: 6 de junho, na QR 205 de Samambaia Norte
Autor: Vinícius Rodrigues de Sousa, 24 anos, que tentou se matar, não conseguiu e foi preso
Órfãos: filhos de 2 e 4 anos

Reprodução
6 de 16

Vítima: Jéssyka Laynara da Silva Souza, 25 anos
Data e endereço do feminicídio: 4 de maio, na QNO 15, em Ceilândia Norte
Autor: ex-namorado, o soldado da PMDF Ronan Menezes, que está preso
Não deixou filhos

Reprodução
7 de 16

Vítima: Simone de Sousa Lima, de 26 anos
Data e endereço do feminicídio: 3 de setembro, em Santa Maria
Autor: Josias Sacramento dos Santos, 40, que se encontra foragido
Órfão: filho de 2 anos

Reprodução
8 de 16

Vítima: Maria Regina Araújo, 44 anos, morta a facadas
Data e endereço do feminicídio: 26 de agosto, na Quadra 1, Conjunto B da Fazendinha, no Itapoã
Autor: Eduardo Gonçalves, preso após o crime
Órfãos: filhos de 8, 19 e 21 anos e mais um cuja idade não foi revelada

Reprodução
9 de 16

Vítima: Carla Grazielle Rodrigues Zandoná, 37, morta por supostamente ter sido jogada da janela
Data e endereço do feminicídio: 6 de agosto, no apartamento 308 do Bloco T da 415 Sul
Autor: marido, Jonas Zandoná, 44 anos
Órfão: filho de 19 anos

Reprodução
10 de 16

Vítima: Adriana Castro Rosa Santos, 44 anos, morta a tiros
Data e endereço do feminicídio: 7 de agosto, no Riacho Fundo II
Autor: marido, o policial militar Epaminondas Silva, 51, que se matou em seguida
Órfãos: filhos de 8 e 11 anos

Reprodução
11 de 16

Vítima: Marília Jane de Sousa Silva, 58 anos, morta a tiros
Data e endereço do feminicídio: 5 de agosto, na QR 405 do Recanto das Emas
Autor: o marido, o taxista taxista Edilson Januário de Souto, 61 anos, que está preso
Órfãos: um filho (idade não confirmada)

Reprodução
12 de 16

Vítima: Anne Mickaelly, 22 anos, morta a facadas
Data e endereço do feminicídio: 6 de janeiro, na Quadra 519 de Samambaia
Autor: homem de 46 anos (não teve o nome revelado pela polícia)
Não tinha filhos

Reprodução
13 de 16

Vítima: Clésia Andrade, 28 anos
Data e endereço do feminicídio: 9 de janeiro, na Quadra 11, Conjunto O, no bairro Morro Azul, em São Sebastião
Autor: o namorado, o policial militar Bruno Viana de Almeida, que se matou em seguida
Órfãos: um filho de 5 anos

iStock/Foto ilustrativa
14 de 16

Vítima: Maria Adeles Nunes Pereira, 45 anos
Data e endereço do feminicídio: 5 de abril, na QNP 15, Conjunto C, em Ceilândia
Autor: inquilino do imóvel da vítima, Valdivino Ambrósio de Alcântara, 41 anos
Órfãos: 2 filhos menores (idades não informadas)

iStock/Foto ilustrativa
15 de 16

Vítima: Cristiane do Nascimento Mendes, 35 anos, morta a facadas
Data e endereço do feminicídio: 28 de junho, em São Sebastião
Autor: um homem cujo nome não foi revelado pela polícia
Órfãos: um filho menor de idade

iStock/Foto ilustrativa
16 de 16

Vítima: Cristiane do Nascimento Mendes, 35 anos, morta a facadas
Data e endereço do feminicídio: 28 de junho, em São Sebastião
Autor: um homem cujo nome não foi revelado pela polícia
Órfãos: filhos de 6 e 8 anos

iStock/Foto ilustrativa

A quem recorrer?
Ao Metrópoles, familiares de vítimas de feminicídio contaram que até conseguem ser inseridos em programas de acompanhamento psicológico gratuitos, mas muitos desistem pela distância dos locais de atendimento.

Atualmente, segundo Andressa Augusto Queiroz, subsecretária de Apoio às Vítimas de Violência, da Secretaria de Justiça, há núcleos do Pró-Vítima em Ceilândia, Paranoá, Lucio Costa (Guará), Asa Sul, Taguatinga e Plano Piloto. “A ideia é expandir para Planaltina, Santa Maria, Sol Nascente e Estrutural. Também já temos um carro disponível que só falta adesivar. Ele será o núcleo móvel”, responde.

Apesar da quantidade expressiva de feminicídos este ano, atualmente apenas quatro órfãos de mulheres vítimas desse crime passam por acompanhamento psicológico na rede pública de saúde. “É preciso que essas pessoas saibam que nossa rede está à disposição”, reforça Andressa Augusto.

Em nota, a Secretaria de Saúde diz manter o Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência (PAV), que acolhe familiares e vítimas de violência. “O PAV tem como principais atribuições o atendimento a pessoas em situação de violência, numa abordagem biopsicossocial e interdisciplinar, a articulação com a rede de atendimento, os encaminhamentos institucionais e intersetoriais, a promoção da cultura de paz e a vigilância dos casos.”

A pasta também informou que tal público tem acesso ao Centro de Orientação Médico Psicopedagógica, que presta atendimento interdisciplinar em saúde mental a crianças e adolescentes do DF e Entorno. “Atende desde os casos mais leves de sofrimento psíquico até os transtornos mentais mais graves. Possui, ainda, um acolhimento humanizado, diário, com classificação de risco, realizado por profissionais capacitados para melhorar o processo de trabalho na unidade e avaliar a gravidade e a urgência de cada caso”, diz o texto.

Botão do pânico” é para poucos
Uma das medidas anunciadas pelo GDF para frear os feminicídios no DF foi o programa Viva Flor, um dispositivo entregue a mulheres ameaçadas de violência doméstica e que, ao ser acionado, chega à central da Polícia Militar, que, imediatamente, envia uma equipe ao local. Apesar do avanço tecnológico, apenas sete mulheres receberam o aparelho desde o lançamento da medida, há quase 10 meses.

A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social informou que a Vara de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) é responsável por indicar quem serão as vítimas de violência atendidas pelo programa. A reportagem enviou o questionamento ao TJDFT, mas, até a última atualização deste texto, não havia recebido retorno.

No campo nacional
Embora os números ainda preocupem, houve avanço com a instituição da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006. Antes da legislação entrar em vigor, o crescimento da taxa de assassinato de mulheres era, em média, de 2,5% ao ano. Depois da lei, caiu para 1,7% ao ano.

O levantamento publicado no Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil, lançado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) Brasil – revela que o Brasil está em quinto lugar no ranking de países que mais matam mulheres, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.

*Nomes fictícios para preservar a identidade das crianças

Diretora-executiva

Lilian Tahan

Editora-executiva

Priscilla Borges

Editora-chefe

Maria Eugênia

 Edição

Otto Valle

Reportagem

Saulo Araújo

Revisão

Denise Costa

Edição de arte

Cícero Lopes

Edição de Fotografia

Daniel Ferreira

Fotografia

Daniel Ferreira

Vídeo

Tauã Medeiros

Tecnologia

Allan Rabelo
Saulo Marques

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?