Operador de Gim volta atrás em depoimento e agora nega caixa 2
Segundo Paulo Roxo, ele só tinha dito que os 200 mil euros recebidos em espécie do empresário Júlio Camargo eram irregulares devido à pressão sofrida no momento
atualizado
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Se Galvão Bueno estivesse narrando a operação Lava Jato, os depoimentos do operador político do ex-senador Gim Argello (PTB), Paulo Roxo, poderiam se assemelhar à vitória do nadador norte-americano Michael Phelps sobre o brasileiro Thiago Pereira. Na ocasião, o narrador se enrolou e declarou a vitória do brasileiro para, logo depois, voltar atrás e declarar que o gringo ficou em primeiro.
Ocorre que Roxo, em abril, logo após ser preso na 28ª fase da Lava Jato, confirmou que tinha recebido 200 mil euros do empresário Júlio Camargo como caixa 2 para as eleições de 2014. Agora, em depoimento realizado no dia 10 de agosto, ele voltou atrás na história, alegando não saber se era ou não caixa 2. Ele atribuiu a declaração anterior à “pressão” sofrida.
Segundo declarou em depoimento, ele estava em uma situação “inusitada” após ser preso e foi informado pelo delegado que, caso ele dissesse que os euros eram caixa 2, seria liberado da prisão. Agora, livre, voltou atrás na história.
“(Paulo Roxo) deseja consignar que, durante o termo de reinquirição prestado no dia 15 de abril de 2016 na Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde dá a entender que suspeitava de caixa 2, relativo aos 200 mil euros, não corresponde a verdade”, informa documento anexado aos autos da investigação de Gim. Segundo Roxo, “o depoimento foi dado sob forte pressão, em uma situação inusitada e que foi dito pelo delegado ao declarante que a sua soltura dependeria dessa colaboração”, continua o documento.
Roxo disse acreditar que o dinheiro que lhe foi entregue em espécie, dentro de um envelope, era legal. Ele embasa essa afirmação em uma conversa que teve com Camargo, na qual o empresário afirmou estar buscando formas legais para fazer contribuições acima do limite de doações.
O ex-senador Gim Argello está preso desde abril, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele é acusado de cobrar de empresários para não serem convocados na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras.