Operação Shark: grupo treinava pessoas para identificar vítimas mais vulneráveis
Na casa de um dos investigados, os policiais encontraram um “Guia do consultor financeiro – Recrutamento e seleção”
atualizado
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Organização criminosa presa pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na manhã desta quinta-feira (5/8), treinava pessoas para identificar vulnerabilidade nas vítimas de fraude bancária. O grupo movimentou cerca de R$ 90 milhões em apenas um ano, segundo a Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf).
Na casa de um dos investigados, policiais encontraram um “Guia do consultor financeiro – Recrutamento e seleção”, o documento, de acordo com os investigadores, explicava como realizar empréstimos. Os funcionários não foram alvo da polícia, apenas os donos dos escritórios de consultoria financeira.
A ação, batizada de Operação Shark (tubarão, em inglês), teve apoio do Procon-DF e da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ). Até o momento, foram identificadas cerca de 70 vítimas. Os prejudicados, inclusive, criaram páginas nas redes sociais para denunciar os golpes. Os criminosos atuavam no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.
Policiais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão temporária na região central de Brasília (SRTVS e SCN), na cidade do Rio de Janeiro (Centro, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Taquara, Engenho Novo, Guadalupe) e em Nova Iguaçu (RJ).
Segundo a Polícia Civil, os golpes são realizados conforme o perfil das vítimas, que são servidores públicos, idosos e aposentados que têm ou tiveram empréstimos consignados, mas que ainda com margem para novos financiamentos. O contato inicial é sempre por meio de ligação telefônica.
Coordenador da Corf, Wisllei Salomão explica detalhes da operação. Confira:
Como funciona
Em uma das modalidades, os funcionários das empresas afirmam falsamente terem sido contratados por bancos no DF e pelo Banco Central, justamente neste período de pandemia, para informar sobre a possível restituição de taxa paga de forma indevida, fazendo com que tais pessoas compareçam aos escritórios localizados nos três estados e no DF. Ao chegarem ao local, as vítimas são induzidas a contratar novos empréstimos pessoais e a repassar os valores para a conta daquelas empresas.
Outra forma de induzir a erro é o oferecimento de redução das parcelas do financiamento, inicialmente, por meio de um tipo portabilidade, mas o cliente acaba contratando novos empréstimos, com taxas até mais elevadas, nas quais também realizam a transferência do valor para as empresas.
Em todos os casos, os golpistas não efetuam o pagamento dos valores repassados, causando prejuízo aos consumidores, que se tornam devedores em dois ou mais contratos.
Os acusados responderão por crimes contra a relação de consumo, organização criminosa e lavagem de dinheiro.