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ONG de apoio a autistas é despejada pela Saúde e fecha as portas no DF

Projeto era referência nacional no tratamento de pacientes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista com nível de suporte 3

atualizado

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Paciente TEA - Metrópoles
1 de 1 Paciente TEA - Metrópoles - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Não adiantou o apelo da comunidade, das famílias e até mesmo do apresentador da TV Globo Marcos Mion. A Secretaria de Saúde não voltou atrás na decisão de despejar a Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal (AMA-DF).

Referência nacional no tratamento de pacientes com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), com nível de suporte 3, o projeto atendia pacientes no Instituto de Saúde Mental (ISM), no Riacho Fundo 1.

Movido por uma ação reintegração de posse apresentada pela pasta, ainda gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) entregou uma ordem de despejo em 23 janeiro de 2024, medida cumprida nesta semana.

Segundo a presidente da AMA-DF, Gisele Montenegro, sem um teto e as mínimas condições de infraestrutura, a AMA fechará as portas definitivamente. “Na véspera de abril, mês de Conscientização sobre o Autismo, a única entidade que atende TEA nível 3 vai fechar as portas por falta de apoio do GDF”, afirmou Gisele.

Pressionada pele repercussão negativa, a secretaria adiou o despejo e chegou a prometer alternativas para a continuidade dos serviços da AMA, mas tudo ficou só no papel.

“O GDF não abriu mão do terreno e o juiz deferiu para a gente desocupar o espaço. A gente não conseguiu outro local e vamos encerrar tudo. A AMA, na capital do Brasil, vai deixar de existir”, lamentou.

Promessas

A AMA tinha suspendido as atividades em 2023 por conta das tratativas com a Secretaria de Saúde em busca de uma solução. Além disso, parte dos colaboradores e pacientes teve Covid-19.

O projeto seguia à risca a Lei 4.568 de 2011, para o atendimento de pacientes TEA com nível de suporte 3. A associação oferecia musicoterapia, terapia ocupacional, psicopedagogia, horta, atividades físicas, por exemplo.

O serviço era em tempo integral. Os pacientes ficavam das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. Neste período, os familiares dos autistas tinham tempo para trabalhar e resolver obrigações pessoas.

Lágrimas

Durante quase 40 anos de trabalho, o projeto ajudou centenas de famílias. Com a voz embargada, Gisele lembrou da história do projeto.

“Quando meu filho entrou há 13 anos na AMA, ele me batia todo dia. Ele tinha 17 anos. A AMA fez com que ele se transformasse em uma pessoa capaz de viver em sociedade e conviver com outras pessoas sem agredir”.

Segundo Gisele, não há no DF serviço semelhante ao oferecido pela AMA. E, mesmo com a ordem de despejo, a Secretaria de Saúde continuava a encaminhar pacientes para o projeto.

Mion

Em um vídeo emocionado, o apresentador Global Marcos Mion fez um apelo ao governador Ibaneis Rocha (MDB) para que o despejo e  AMA-DF não ocorresse, em fevereiro de 2022.

Pouco antes, a Secretaria de Saúde suspendeu temporariamente o despejo. Teve, então, início uma processo de negociação, mas não avançou para uma solução que contemplasse o projeto.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre o despejo da AMA. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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