Onda de agressões leva servidores da Saúde a clamarem por mais segurança no DF
Profissionais de Saúde vivenciam diversas agressões verbais e físicas na rede pública do DF, incluindo ameaças e xingamentos
atualizado
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Alvos de recorrentes agressões físicas e verbais, profissionais de Saúde do Distrito Federal cobram mais segurança e respeito nas unidades da rede pública. Um dos últimos casos, ocorridos em 29 de setembro, um homem de 70 anos socou o rosto de uma técnica de enfermagem na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Vicente Pires. O episódio chocou o DF e causou revolta na categoria. Mas, mesmo assim, o agressor está solto e continua a frequentar o local.
A servidora agredida tentou uma medida protetiva contra o agressor, mas, como ambos não têm relações, o caso não se enquadra na Lei Maria da Penha. Sem impedimentos, o homem continua solto, perambulando pelas redondezas, o que é motivo de medo para a vítima.
Segundo a diretora do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate-DF), Josy Jacob, a UBS funciona em imóvel alugado, de propriedade do agressor. Diante da situação, para garantir a segurança dos profissionais de saúde, na sexta-feira (8/10), o Sindate solicitou à Secretaria de Saúde a rescisão do aluguel e a transferência da UBS do local.
Ameaças
O caso de Vicente Pires não é uma ocorrência isolada. Em 6 de outubro, segundo os profissionais de saúde, um paciente teria ido armado à UBS de Santa Maria, na intenção de intimidar os servidores.
Segundo a equipe da unidade, a ameaça foi na hora do almoço. O paciente queria atendimento no local. Mas o quadro de saúde dele demandava tratamento em um hospital, na avaliação dos profissionais. Diante da negativa, o paciente fez ameaças inclusive ao vigilante. Deixou o local e voltou armado.
“Os pacientes viram, presenciaram. Foi uma situação bem chata. O vigilante inclusive deixou o posto. Não voltou mais. O próprio encarregado decidiu transferi-lo. A gente fica com medo. Ele mora ali perto”, contou uma profissional da unidade. A polícia foi acionada. Mas não localizou a arma.
Na UBS da Estrutural, uma paciente ameaça uma técnica de enfermagem há dois anos. Nas últimas semanas, os ataques verbais se intensificaram. E a profissional está, inclusive, afastada.
Puxão de cabelo
Na semana passada, houve mais um caso de agressão no Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) da Samambaia. “Agressão física de fato. O acompanhante de uma paciente bateu em duas profissionais de saúde”, contou a diretora do Sindate.
Segundo a Josy Jacob, as agressões foram desferidas contra uma técnica de enfermagem e uma enfermeira. “Ele puxou o cabelo delas”, completou.
Em 29 de setembro, na UBS 1 do Paranoá, um homem ofendeu uma servidora. Ele chamou a profissional de “vagabunda”, mandou a mulher “tomar no cu” e mostrou o dedo do meio para ela ao afirmar que ela era petista.
Policiamento
“Não temo controlar os usuários. O que estamos pedindo são providências diferentes. Pedimos para a Secretaria de Saúde estudar e apresentar alguma forma para garantir a segurança dos servidores”, desabafou Jacob.
Segundo os profissionais, as UBS estão afastadas dos centros das cidades, distantes de pontos de vigilância. “O governo colocou policiamento nas escolas públicas, porque não colocar policiais nas UBS?”, questionou Jacob.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre a questão. A pasta lamentou os episódios de violência contra os profissionais de saúde e se solidarizou com os servidores públicos agredidos e ameaçados.
A secretaria não comentou os episódios destacados pela reportagem. A pasta prometeu investir na melhoria das condições de trabalho, inclusive cobrando mais segurança das empresas de vigilância contratadas.
O governo também oferece assistência psicológica aos servidores e colaboradores vítimas de ameaças e agressões.
Por outro lado, a pasta destacou que a população possui canais legais para criticar eventuais falhas dos servidores na prestação de serviço. Um caminho é via Ouvidoria, pelo link.