Obrigadas a usar banheiro coletivo, PMs mulheres reclamam e viram alvo
A decisão do comando da unidade, responsável pelo policiamento na região da Esplanada dos Ministérios, envolve duas cabos e três soldados
atualizado
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Por determinação da major que comanda o 6º Batalhão da Polícia Militar (BPM) do Distrito Federal, cinco PMs mulheres se tornaram alvo de um Procedimento de Investigação Preliminar (PIP), por terem reclamado após serem obrigadas a usar um banheiro coletivo no corredor do quartel, e tiveram os armários jogados em uma pequena sala.
A decisão do comando da unidade, responsável pelo policiamento na região da Esplanada dos Ministérios, envolve duas cabos e três soldados. Todas foram designadas para ser ouvidas no procedimento apuratório. O principal objetivo do PIP seria identificar quem vazou o caso e imagens internas do batalhão para a imprensa.
O caso veio à tona em agosto deste ano, após o Metrópoles publicar denúncia sobre o fato de as policiais perderem o local de descanso. As praças foram obrigadas a usar apenas um banheiro coletivo no corredor do quartel e tiveram os armários jogados em uma pequena sala. A decisão teria partido do comando da unidade, uma major.
Fora do quartel
De acordo com as informações e imagens recebidas pela reportagem, as policiais perderam o alojamento para que duas aspirantes ocupassem as dependências sem ter de dividir o ambiente com as praças. “Até uma moça da limpeza, que usava um dos armários, perdeu o espaço que tinha para guardar objetos pessoais”, disse uma fonte ouvida.
Sentindo-se constrangidas e humilhadas, as militares pegaram, por conta própria, uma placa de banheiro feminino e pregaram com fita adesiva na porta do sanitário coletivo (foto principal) para evitar que homens usassem o local. “A situação era vexatória, e muitas das policiais passaram a ter preferência até em usar banheiros fora do quartel”, contou.
Armários reduzidos
Um número reduzido de armários, antes ocupados pelas policiais, foi arrancado do alojamento e depositado em uma sala pequena usada para abrigar o servidor que atende à rede de computadores do quartel. O pequeno espaço passou a ser utilizado por todas as oito policiais. “Sem falar que não existe mais qualquer lugar em que se possa ter algum descanso, pois o beliche que fica no alojamento foi proibido de ser usado pelas praças”, explicou a fonte.
Policiais lotados no batalhão afirmam que a perseguição teve início após a troca de comando na repartição, para que as oficiais fossem beneficiadas em detrimento das praças. Segundo as militares, as mudanças não têm ligação com as obras estruturais que tiveram início na unidade.
Segundo a Caserna, associação dos militares da PMDF, algumas autoridades tentam se firmar por meio do abuso e do desrespeito, esquecendo-se de que aquilo que legitima o exercício da autoridade é o respeito aos limites legais das suas atribuições. “No caso específico, o comando da unidade segrega policiais femininas que ostentam a condição de praça em detrimento das que ostentam a condição de oficial”, disse a nota da Caserna.
O outro lado
Procurado para falar sobre a instauração do procedimento apuratório contra as policias, a PMDF afirmou que, na verdade, o procedimento apuratório tem como objetivo ouvir as policiais militares femininas acerca de possíveis situações vexatórias a que foram expostas.
A apuração, de acordo com a PMDF, não está direcionada à autoria de denúncias e sim se tais denúncias de fato existem ou existiram para os devidos esclarecimentos. “O que já se sabe é que em momento algum as policiais militares femininas foram colocadas para utilizar banheiro que não fosse destinado ao público feminino”, ressaltou a nota a corporação.