Buracos nas pistas do DF custaram R$ 800 milhões aos contribuintes brasilienses nos últimos cinco anos
Apenas em 2015, foram usadas 4,5 mil toneladas de massa asfáltica para recompor as vias. Custo mensal da operação é de R$ 6 milhões
atualizado
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O clima de Brasília pode ser dividido em duas estações: a seca e a chuvosa. Se esse reducionismo for aplicado às ruas do Distrito Federal, também podemos defini-las em dois períodos — o dos buracos e o dos remendos. Mas a brincadeira não tem graça nem para os milhares de motoristas obrigados a custear a manutenção dos veículos nem para os contribuintes, que veem dinheiro público virar água na mesma velocidade que as chuvas varrem o asfalto das vias.
E não adianta fazer arte para enfeitar os problemas, como fizeram sete grafiteiros a pedido do Metrópoles pelo projeto #bsburaco. Só nos últimos cinco anos, pelo menos R$ 800 milhões foram gastos pelo GDF com serviços de tapa-buracos, recapeamento, manutenção e construção de vias.Apenas com a operação Tapa-Buraco, são cerca de R$ 6 milhões mensais. A atividade, segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), a ação é realizada o ano todo, sendo reforçada nos meses de chuva, quando o asfalto se desfaz. Somente em 2015, foram necessárias 4,5 mil toneladas de massa asfáltica para recuperar os danos. Neste ano, outras 238 toneladas já foram usadas para cobrir os estragos.
E olha que nem todos os chamados para a equipe da operação foram atendidos. No ano passado, foram abertas 664 solicitações. Desse total, aproximadamente 350 foram atendidas. O restante ainda está em andamento. A Novacap explica que cada chamado pode ser feito para mais de um buraco, e há situações relatadas por mais de um morador, o que pode inflar os números.
As despesas vão aumentar ainda mais, já que há uma nova licitação em curso para a contratação de empresas para a realização do serviço de tapa-buraco, no valor estimado de R$ 135 milhões.
Dinheiro jogado fora
Para José Matias-Pereira, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), o GDF joga dinheiro fora ao insistir em tapar buracos em vias que estão com o pavimento deteriorado. Nesses casos, defende, é preciso investir no recapeamento das pistas.
Há um desperdício de recursos públicos com essas operações. Quando se coloca no papel o que é gasto tapando buracos e quais os resultados efetivos, percebe-se que as ações são praticamente nulas
José Matias-Pereira, econimista
De acordo com o especialista, o problema é a falta de comprometimento dos governantes com a boa aplicação dos recursos públicos. “Faltam gestão e planejamento. O DF tem uma malha viária muito extensa, e o governo acha que vai resolver os problemas com serviços paliativos, o que é um engano”, acredita Matias-Pereira.
Asfalto Novo
A Novacap alega que nem todos os recursos foram utilizados em operações paliativas. O órgão destaca que, em 2013, foi lançado o programa Asfalto Novo. As obras para a troca do revestimento em várias vias do DF foram suspensas no fim de 2014, por falta de disponibilidade financeira, mas retomadas em maio de 2015.
De junho de 2013 até agosto de 2014, segundo a empresa, “foram entregues 950 quilômetros de vias urbanas com malha recuperada, asfalto recomposto, faixas e passagens de pedestres sinalizadas”. O valor investido chegou a R$ 393,6 milhões. Mas não é preciso andar muito para perceber que, em muitos locais, o asfalto novo já está repleto de buracos.
Além disso, a Novacap destaca que, nos últimos cinco anos, foram gastos outros R$ 394,2 milhões com a manutenção e a recuperação de vias o que inclui serviços de tapa-buracos, recapeamento e construção de vias.
Serviço
A população pode informar a localização de buracos nas administrações regionais ou na Ouvidoria da Novacap, pelo telefone 162.
#bsburaco
O projeto #bsburaco, inspirado em iniciativas de intervenção urbana como meio de protesto, continuará a todo vapor nos próximos dias. Participam do projeto os artistas de rua Ju Borgê, Toys, Omik, Yong, Siren,Gurulino e Rato.
Colaborou Caroline Bchara