OAB-DF: Délio Lins e Silva critica grande número de cursos de direito
Criminalista disputa o comando da entidade com outras três chapas. Eleição será na próxima quinta-feira (29/11)
atualizado
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Candidato de oposição à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF), Délio Lins e Silva Júnior criticou, em entrevista ao Metrópoles na tarde desta quinta-feira (22/11), o grande número de faculdades de direito espalhadas pelo país.
De acordo com o jurista, atualmente o Brasil tem mais instituições de ensino de advocacia do que o mundo todo somado. Lins e Silva criticou a falta de critério para a abertura das instituições e o fato de o Ministério da Educação (MEC) não ouvir a OAB para autorizar a abertura dos cursos.
“Hoje, temos 1,3 mil faculdades no Brasil. Juntando o restante do mundo, incluindo China e Estados Unidos, são 1,2 mil. A OAB não é ouvida pelo MEC nem para dar um parecer vinculativo. Precisamos entrar nas faculdades para que o quase advogado possa sair de lá o menos perdido”, disse.
O advogado defendeu parceria entre as faculdades e escritórios para inserir os recém-formados no mercado de trabalho.
Veja a entrevista:
Metrópoles entrevista ao vivo o candidato à presidência da OAB-DF Délio Lins e Silva Júnior
Posted by Metrópoles on Thursday, November 22, 2018
Lava Jato
Délio Lins e Silva Júnior afirmou ser contrário ao fim da Lava Jato, e criticou o fato de os defensores dos réus por corrupção serem criminalizados.
“Ninguém é louco de querer que a Lava Jato acabe. Mas nós, advogados criminalistas, temos que estar ali ao lado do cliente até o final. Muitas pessoas confundem o advogado com o cliente, mas nós estamos ali para fazer o nosso trabalho”, comentou.
Para o advogado, a Ordem está omissa em relação às grandes pautas da sociedade e precisa ser mais participativa. Segundo o candidato à presidência da OAB-DF, os defensores têm sido tratados como personagens que tentam atrapalhar investigações e, por isso, têm tido seus direitos restringidos.
Apoio de Ibaneis a rival
Délio Lins e Silva Júnior ainda criticou a participação do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) no processo eleitoral da Ordem – o emedebista apoia Jacques Veloso. Para o candidato, a vitória do grupo apoiado pelo governador eleito pode ser negativa para o Distrito Federal.
“A vinculação político-partidária influencia de forma de muito negativa a eleição da Ordem. Vejo com muita preocupação essa mistura do público com o privado. Eu nunca tinha visto um presidente da OAB-DF, em pleno exercício de mandato, subir em um palanque político para fazer campanha para quem quer que seja”, disse.
O criminalista questionou a situação. “Quando você tem um governador que é o dono do grupo que está dentro da Ordem, qual é a isenção que haverá para levantar o dedo e apontar quando alguma coisa estiver errada? Não estamos dizendo que seremos oposição ao governador, mas tem que ter isenção suficiente para quando as coisas andar mal, tomar a atitude que seja necessária”, afirmou Délio.
Bandeiras e currículo
Participando da disputa pela segunda vez, Délio encabeça a chapa Independência na Ordem, que conta com o apoio de centenas de criminalistas da cidade.
Uma das principais bandeiras do grupo é promover melhorias para que a classe volte a ter destaque na sociedade. Délio promete também desvincular a entidade de interesses político-partidários.
Délio Lins e Silva Júnior graduou-se em direito em 2000, no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Especializou-se em direito penal econômico e atualmente é mestre e doutorando em ciências jurídico-criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Em 2010, presidiu a Comissão de Apoio ao Advogado Iniciante, na gestão de Francisco Caputo.
Eleição
A votação para o comando da seccional está marcada para a próxima quinta-feira (29/11), das 9h às 17h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Segundo a OAB-DF, mais de 30 mil advogados estão aptos a participar do pleito.
A disputa para a presidência da OAB-DF conta com quatro chapas. Além de Délio Lins e Silva Júnior, concorrem ao cargo os advogados Jacques Veloso, Max Telesca e Renata Amaral.