Incêndio em barraco: amiga diz que vítima acendia vela “pelas almas”
Amiga de Ione da Conceição, uma das cinco vítimas de incêndio em Planaltina (DF), estava na casa da colega horas antes de tragédia acontecer
atualizado
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Vizinhos e parentes das cinco vítimas que morreram em um incêndio, na noite dessa segunda-feira (12/8), em Planaltina (DF) tentaram resgatar a família enquanto o barraco de madeira em que elas estavam pegava fogo.
A reportagem apurou que as vítimas tratam-se de Ione da Conceição Silva, 43 anos; a filha dela Eulália Narim da Conceição, 5 anos; e as netas dela Sophya Hellena Conceição Costa, 8 anos; Kathleen Vitoria da Conceição Silva, 14 anos anos; e Marybella Marinho da Silva, 9 anos.
O barraco em que Ione morava e onde estava com as quatro netas na hora da ocorrência ficava às margens da DF-230. Testemunhas da tragédia relataram à polícia que a responsável pelo imóvel mantinha um altar dentro de casa e acendia uma vela todas as segundas-feiras, o que pode ter provocado o incêndio.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) foi acionado por volta das 23h. Apesar de a corporação ter deslocado quatro veículos de combate a incêndio para o local onde a família estava, as vítimas não puderam ser salvas. A família no momento em que o fogo se espalhou, e o barraco estaria trancado por um cadeado.
Amiga de Ione e moradora de Sobradinho, Ana Carolina Pereira, 24 anos, tinha visitado as vítimas pouco antes do incêndio. Após o jantar, a jovem saiu para dormir em um barraco próximo e, mais tarde, a empresária despertou ao sentir um forte cheiro de fumaça e ouvir latidos na rua.
“Quando chegamos, eu chutei a porta e só vi a Dona Ione. Vi a criança menor pegando fogo e comecei a gritar. Tenho certeza de que foi a vela que ela [a amiga] botou [no altar]. Ela dizia que era pelas almas”, detalhou Ana Carolina. “Eu não consegui tirá-las [do barraco], e o socorro demorou muito a chegar.”
A jovem lamentou o fato de ter sido convidada pela amiga a continuar no barraco por mais tempo, antes da tragédia. “Não sei se vou conseguir tirar isso da mente. Vi tudo o que aconteceu”, desabafou a empresária.
Um vizinho de Ione acrescentou que ouviu gritos de crianças que pediam socorro, mas não foi possível salvá-las. “Elas diziam que [o barraco] estava queimando. E, quando conseguimos arrombar a porta, o telhado de lona caiu”, completou a testemunha, que não quis se identificar. A 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina) investiga as causas do incêndio.