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O Lago Paranoá está para peixe. E do bom, sim senhor!

O “Metrópoles” revela como é feita a pesca e a rota do pescado até as mesas brasilienses. Análise mostra: produto tem boas condições

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
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1 de 1 _FL_5247 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Às margens do Lago Paranoá, espelho d´água artificial criado para trazer beleza e umidade à terra vermelha do cerrado, um modesto mercado pesqueiro atrai produtores locais que tiram o sustento de suas famílias por meio da venda de pescados em feiras e peixarias. Fruto do trabalho desses homens, tilápias e carazinhos aparecem como protagonistas na seção de tira-gostos dos cardápios de bares. E nas mesas dos brasilienses, eles têm presença garantida.

O Metrópoles acompanhou por dois meses a rota percorrida pelos peixes até chegar à mesa do brasiliense. Um caminho marcado por desconfianças. Peixarias, bares e restaurantes demoraram a confirmar que vendiam ou ofereciam no cardápio o peixe do Lago Paranoá. As negativas levaram a reportagem a tirar a prova dos nove e levar para análise amostras do pescado. O resultado mostrou que o produto “tem condições higiênicas e sanitárias satisfatórias, …dentro dos padrões legais vigentes”.

Resultado da análise mostra que produto está em condições satisfatórias*Reprodução com arte de Cícero Lopes/Metrópoles**

 

Apenas algumas peixarias do Sol Nascente e da Expansão do Setor O, em Ceilândia, assumiram vender a mercadoria. E isso ocorreu somente em uma segunda visita feita pelo Metrópoles, já com o resultado do laboratório em mãos. O receio dos comerciantes em dizer a origem do pescado era a dúvida sobre a qualidade do produto para o consumo. Pequenos, os peixes são comercializados em bandejas de isopor e em sacos plásticos. O público-alvo: donas de casas e bares da região.

Pra comer frito, o melhor peixe que há é o do Lago Paranoá.

Paulo Sérgio Rodrigues, 43 anos, morador do Sol Nascente
Luciene Ferreira exibe o peixe frito pescado no Lago Paranoá*Foto: Michael Melo/Metrópoles**

 

Em uma das visitas ao Sol Nascente, a reportagem acompanhou um pescador em peregrinação. Com a mercadoria acomodada em um pedaço de madeira, disputava a atenção dos consumidores. Entre eles, a proprietária do Lu Lanches e Almoço, a baiana Lucilene Ferreira, 50 anos. Com um grande sorriso, ela nos recebeu e nos convidou para provar o produto. No local, é possível apreciar uma generosa porção de peixe frito pescado no Lago Paranoá por R$ 7.

Ninguém fiscaliza
Com relação à fiscalização do pescado do Lago Paranoá, ao controle da atividade dos pescadores e à regulamentação de sua venda no Distrito Federal, a Instrução Normativa MAPA nº 16, do Ministério da Agricultura, de 23 de junho de 2015, diz o seguinte: “A venda ou fornecimento a retalho ou a granel de pequenas quantidades de produtos de origem animal provenientes da produção primária, direto ao consumidor final, pelo agricultor familiar e suas organizações ou pequeno produtor rural que os produza, fica permitida conforme normas específicas a serem publicadas em ato complementar do MAPA em 90 dias”.

De acordo com a assessoria de Imprensa da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, “nos últimos cinco anos (prazo limite para o arquivamento de documentos oficiais dessa natureza), não houve notificação ou denúncia relacionada à atividade de pesca no Lago Paranoá”.

Em algumas peixarias visitadas pela reportagem, os comerciantes só disseram que, em relação ao peixe de piscicultura, criado de maneira controlada (pH da água, alimentação etc.), aqueles capturados no Paranoá são preteridos, quase como “patinhos feios”. Como o Distrito Federal tem um dos maiores índices no consumo de pescados do país – 14 quilos por habitante – só se sabe que, no que depender da demanda e do trabalho árduo dos homens às margens do Paranoá, as redes continuarão a ser lançadas e voltar cheias para as canoas.

Leia mais em:
Pesca no reservatório já teve tempos melhores
Peixe do Paranoá paga até faculdade de Medicina

 

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