metropoles.com

Procura por PrEP, remédio que previne o HIV, sobe 56% no DF

De janeiro a março deste ano, a SES-DF dispensou 1.455 antirretrovirais da PrEP. No mesmo período de 2022, foram 928 medicamentos

atualizado

Compartilhar notícia

Arte/Metrópoles
PREPePEP-50
1 de 1 PREPePEP-50 - Foto: Arte/Metrópoles

Nos três primeiros meses de 2023, a Secretaria de Saúde (SES-DF) dispensou 1.455 frascos de medicamentos de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV para pacientes da capital federal. Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram entregues 928 antirretrovirais (ARV), a pasta registrou um aumento de 56%.

A PrEP consiste no uso de medicamentos que reduzem consideravelmente o risco de contrair o HIV. Desde 2018, a profilaxia faz parte das estratégias de prevenção combinada do vírus na rede pública de saúde do DF.

Essa estratégia mostrou-se eficaz e segura para pessoas com risco aumentado de ser infectado pelo vírus da Aids. No acumulado do ano de 2022, a SES-DF dispensou, no total, 4.309 antirretrovirais da PrEP.

Determinados segmentos da população, devido a vulnerabilidades específicas, estão sob maior risco de contrair o HIV, em diferentes contextos sociais e tipos de epidemia. Essas populações, por estarem sob maior risco, são alvo prioritário para o uso de PrEP.

Dados disponíveis no Painel PrEP, do Ministério da Saúde, apontam que entre março do ano passado e o mesmo período deste ano, o DF tinha 1.534 usuários do medicamento. Desses, 91,9% se identificaram como gay ou homem heterossexual cisgênero que mantém relação sexual com outro homem. Além disso, 48% estavam entre a faixa etária de 30 e 39 anos.

A gerente da Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Beatriz Maciel Luz, explica que o uso do medicamento é indicado para pessoas que nem sempre fazem uso de preservativo na relação sexual, que fazem uso recorrente de PEP [Profilaxia Pós-Exposição], profissionais do sexo, usuários de drogas,  indivíduos que apresentam histórico de doenças sexualmente transmissíveis ou casais sorodiscordantes.

“A gente tem duas formas de utilizar a PrEP, que vai ser discutido de acordo com a avaliação do médico. Temos a PrEP diária, de uso contínuo, a depender a situação de vulnerabilidade do paciente, e a PrEP sob demanda, na qual a pessoa vai se expor em uma situação esporádica de risco e quer se prevenir”, detalha Beatriz.

 

Dentro do conjunto de ferramentas da prevenção combinada, inserem-se também: testagem para o HIV; Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP); uso regular de preservativos; diagnóstico oportuno e tratamento adequado de infecções sexualmente transmissíveis (IST); redução de danos; gerenciamento de vulnerabilidades; supressão da replicação viral pelo tratamento antirretroviral; imunizações.

Apesar de ter sido registrado um aumento significativo na quantidade de distribuição do medicamento para pacientes, que deve-se a ampliação do serviços e de campanhas, Beatriz acredita que o preconceito pode ser uma barreira para a procura de atendimento médico.

“Existe tanto o preconceito institucional em relação ao tratamento, quanto a discriminação da sociedade. A pessoa tem medo de chegar no serviço de saúde, por conta do olhar dos outros indivíduos. Existe esse estigma que gira em torno da temática e dessa população mais vulnerável ao HIV”, ressalta a gerente.

Segundo o Ministério da Saúde, após o início da PrEP, o efeito protetivo só começa após o sétimo dia de uso diário do medicamento para as relações envolvendo sexo anal. No caso de sexo vaginal, a proteção só começa após 20 dias de uso diário.

O policial Carlos*, 35 anos, e o marido dele, com quem mantém um relacionamento aberto, fazem uso da Profilaxia Pré-Exposição há cerca de três anos. Para ele, o medicamento é uma arma contra o vírus, na chamada prevenção combinada.

“Sou de uma geração que viveu aterrorizada pelo HIV. E a PrEP protege contra o vírus da Aids, mas não contra outras ISTs, como sífilis e gonorréia. Por isso, independentemente de fazer a profilaxia, o recomendável é o uso do preservativo. Às vezes acontece de, no calor do momento, deixarmos a camisinha de lado, mas não é o ideal. A profilaxia é uma ferramenta importante, disponível. Então, por que não usufruir disso? Melhor prevenir do que remediar”, relatou o policial.

Profilaxia Pós-Exposição (PEP)

Recomendada para pessoas que tiveram relação consentida desprotegida, sofreram violência sexual ou tiveram contato com o material biológico em acidente de trabalho, a PEP é uma medida de urgência. Ela consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir ISTs, principalmente o HIV.

De janeiro a março deste ano, a SES-DF distribuiu para a população da capital federal 661 antirretrovirais de Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Já no ano de 2022, foram 2.280 medicamentos do tipo disponibilizados.

O esquema deve ser iniciado o mais rápido possível – preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas. O tratamento da PEP tem duração de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde.

“Se o preservativo estourou, foi mal colocado ou a pessoa não o usou, ela pode procurar uma unidade de saúde, onde vai passar por uma consulta na urgência”, explica a gerente da Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis.

Para ter acesso aos medicamentos é necessário que o paciente passe por uma consulta médica em um serviço de pronto atendimento para que o médico avalie se há necessidade ou não de iniciar a PEP.

A jornalista Clara*, 24 anos, precisou fazer uso da profilaxia no final do ano passado, após ser vítima de um estupro. Na época, ela recebeu orientação de amigas e da psicóloga para buscar o tratamento na rede pública.

“Eu não sabia o que fazer, pois estava traumatizada e abalada com toda a situação. Fui orientada a buscar a PEP, pois o agressor não utilizou camisinha. No começo tive medo do julgamento, mas fui muito bem atendida no Hospital Dia. Além do atendimento hospitalar, tive apoio e orientação para denunciar o crime pela infectologista, caso fosse minha vontade”, relembra Clara*.

Ainda, segundo ela, para ter acesso aos remédios, ela precisou realizar exames de sangue e passar por consultas. “No próprio hospital tinham todos os medicamentos dos quais eu precisaria tomar. Foi em um momento muito traumático que a rede pública me ofereceu todo o tratamento que eu precisava com muito tato”, detalha.

A prevenção está disponível nos setores de urgência e de emergência das unidades de pronto atendimento (UPAs), nos hospitais e no Núcleo de Testagem e Aconselhamento, que fica na Rodoviária do Plano Piloto.

Diagnóstico de HIV

De acordo com a secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) vinculada ao Ministério da Saúde, 108 mil pessoas do Brasil têm HIV positivo mas desconhecem o diagnóstico.

Jovens de 20 a 29 anos foram os que mais receberam resultado positivo para HIV no DF em 2021. O dado consta no último boletim epidemiológico da SES-DF.

Apesar da redução de 13,3%, a faixa etária ainda representa 46,5% dos casos. O segundo grupo com maior proporção média de diagnósticos foi o de 30 a 39 anos ─ com 27,4%.

Entre 2017 e 2021, a pasta notificou 3.633 de infecção pelo HIV no DF e 1.443 casos de Aids.

*Nomes fictícios 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?