Número de inspeções da Saúde do DF para recolher escorpiões cresce 60%
Até o dia 1º de julho deste ano, foram 824 pedidos contra 516 solicitações feitas em 2018
atualizado
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Quase cinco pedidos de inspeção em residências por dia. Esse é o número de solicitações que a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal recebeu até o dia 1º de julho deste ano devido à presença de escorpiões em casas espalhadas pela capital. Ao todo, já foram registrados 824 requerimentos, o que significa um aumento de 60% se comparado com os 516 chamados computados em todo o ano de 2018.
No DF, a maioria dos acidentes é causada pelo escorpião amarelo, ou Tityus serrulatus. O animal gosta de locais escuros e úmidos, como caixas de esgoto, de eletricidade e linhas telefônicas.
Israel Martins Moreira, biólogo da Dival, alerta que é necessário manter as instalações elétricas e luminárias bem encaixadas. Além disso, para evitar acidentes, a área técnica da Saúde recomenda a colocação de rodos duplos de borracha nas portas e telas nos ralos e janelas. Também é necessário controlar a presença de baratas, principal alimento deste animal.
Segundo Israel, é importante que todos os locais da casa sejam inspecionados regularmente. “Sempre examinar sapatos, toalhas, roupas em geral, afastar camas e sofás das paredes, verificar móveis e compras em caixas fechadas, porque podem transportar um escorpião para dentro de casa”, insiste o biólogo.
Caso seja constatada a presença de escorpião dentro da residência, a Vigilância Ambiental pode ser acionada por meio do número (61) 2017-1344 ou pelo Disque-Saúde 160.
O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) está disponível 24 horas por dia para dar as primeiras orientações, por meio do telefone 0800 644-6774. A Secretaria de Saúde recomenda ainda que a vítima procure a emergência dos hospitais ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
A pasta informa que 12 hospitais da rede pública contam com soro antiescorpiônico. São eles: Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), Hospital Regional de Sobradinho (HRS), Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Hospital Regional do Paranoá (HRPa), Hospital Regional de Samambaia (HRSa), Hospital Regional do Guará (HRGu), Hospital Regional de Planaltina (HRP), Hospital Regional do Gama (HRG) e o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Morte de menino
De acordo com a Secretaria de Saúde, não houve óbito no ano passado provocado por picada de escorpião. No entanto, na última sexta-feira (28/06/2019), a morte de Christian Souza de Jesus, 4 anos, gerou grande repercussão no Distrito Federal.
Picado enquanto dormia em sua casa, na QNF 20 de Taguatinga, o menino foi levado ao Hospital Regional da cidade (HRT). Apesar de ter sido prontamente medicado, ele não resistiu e faleceu por volta de 16h50 do mesmo dia.
“A quantidade de veneno que ele recebeu foi muito grande. Inchou as mãos e as pernas, teve hipotermia. Às vezes, ele ficava se debatendo e delirando. Era horrível”, relembrou a mãe da vítima, Lorraine Silva de Jesus, 32. Segundo a família, o garoto sofreu 15 paradas cardíacas.
Outros casos recentes
Em março deste ano, um aluno da rede pública do DF de 10 anos, foi picado por um escorpião dentro da sala de aula. Com um corredor reservado especificamente para guardar entulho, a Escola Classe da 106 Norte não recebia, desde 2014, uma visita da Secretaria de Educação para recolhimento dos equipamentos quebrados.
A vítima, um estudante do 5º ano, guardava o material dentro do estojo quando levou a ferroada. “Ele ficou paralisado na hora. Foi na ponta do dedo dele”, contou Erika de Paula, mãe da criança.
Erika foi chamada e levou o filho para ser atendido no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), sem saber qual foi a espécie de escorpião que picou o menino. “Demorou muito para sair o resultado dos exames, porque me disseram que a única máquina que faz a análise do sangue estava com vários problemas”, reclamou a mãe. O garoto ficou em observação por um dia e foi liberado.
Em junho, Luiz Paulo Rodrigues, 31, foi atacado enquanto assistia a um filme exibido no Multicine Cinemas do Santa Maria Shopping. Ele relatou ter sentido muita dor em decorrência da picada. Disse ainda que chegou a “gritar de dor no meio da exibição”.
“Tirei um momento do meu dia para relaxar e decidi assistir ao filme. Inicialmente, levaria meu sobrinho, mas, de última hora, ele não pôde me acompanhar. Procurei um lugar na sala, me sentei e, pouco tempo depois, comecei a sentir uma dor muito forte e não sabia de onde vinha e o que tinha provocado essa dor”, contou o administrador. “Eu gritava de dor e cheguei a assustar as pessoas que estavam na sala.”
Chocados com os gritos de Luiz Paulo, os demais presentes procuraram ajudá-lo. Quando acenderam as lanternas do celulares, as pessoas descobriram que o homem havia sido picado por um escorpião. “Assim que percebi do que se tratava, pedi socorro aos funcionários do cinema, mas eles demoraram para me ajudar”, reclamou.
Prevenção
Na área externa do domicílio:
- Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;
- Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados e entregá-los para o serviço de coleta;
- Eliminar baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados, fonte de alimento;
- Evitar entulhos de obras de construção civil e terraplanagens, superfícies sem revestimento, umidade, etc;
- Preservar os inimigos naturais, aves, pequenos macacos, quatis, lagartos, sapos e gansos (as galinhas não são agentes controladores eficazes dos escorpiões, pois possuem hábitos diurnos enquanto os escorpiões, noturnos);
- Evitar queimadas em terrenos baldios, para evitar o desalojamento;
- Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;
- Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;
- Rebocar todas as paredes e muros, eliminando vãos ou frestas.
Na área interna do domicílio:
- Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha;
- Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;
- Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques;
- Telar aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos calafetados;
- Manter berços e camas afastados, no mínimo 10 cm, das paredes e evitar que mosquiteiros e roupa de cama permaneçam em contato com o chão;
- Manter todos os pontos de energia e telefone devidamente vedados;
- Em local muito arborizado, fechar portas e janelas da residência ao entardecer;
- Manter fechado armários e gavetas;
- Examinar roupas e calçados antes de usá-los, principalmente quando tenham ficado expostos ou espalhados pelo chão.