Novo negócio do GDF: publicidade em troca de 500 banheiros públicos
Atualmente, na área central da capital existem apenas seis, assim mesmo em péssimas condições de higiene e conservação
atualizado
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Quem tiver uma dor de barriga repentina na rua ou vontade de fazer xixi vai ficar em apuros. Na área central de Brasília, existem apenas seis banheiros públicos. Muitos passam despercebidos ou não têm condições de uso. Mas o DF deve ganhar mais 500 unidades, as quais serão colocadas em praças e outros locais com grande circulação de pessoas. E a empresa que se disponibilizar a instalar e manter os sanitários vai poder lucrar explorando publicidade nas estruturas.
O primeiro passo foi dado. A Secretaria de Cidades publicou, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) do último dia 2, o chamamento para selecionar empresas para instalação, manutenção, conservação e limpeza dos banheiros transportáveis e removíveis, em diversas regiões administrativas da capital, a custo zero, segundo garante a pasta.
Dos seis banheiros públicos existentes no Plano Piloto, dois ficam no Setor Comercial Sul, um próximo ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), um no Setor Bancário Sul, um no Calçadão da Asa Norte, no final da L2, e outro no Guará.“Não há qualquer aporte de recurso financeiro pelo Distrito Federal. Todos os custos serão arcados pela empresa, que poderá explorar a publicidade no local, por meio de um termo de cessão de uso”, informou a secretaria.
Eles foram instalados como contrapartida de uma licitação para instalação de painéis publicitários em pontos de ônibus vencida pela empresa Cemusa em 2002. Agora, o contrato está sob responsabilidade do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), assim como os banheiros da Rodoviária do Plano Piloto.
Os 50 mil usuários que passam a cada semana pelo Parque da Cidade têm à disposição 53 unidades sanitárias acessíveis a deficientes, as quais estão sob a responsabilidade da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer. Elas custam caro: R$ 500 mil, ou uma média de R$ 9,4 mil cada, por mês. De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), os valores são referentes a despesas com luz, água, segurança e limpeza, entre outros gastos.
No Metrô-DF, por onde circulam diariamente 150 mil pessoas, não existe banheiro público. Se alguém estiver muito apertado, terá de usar os sanitários destinados aos funcionários. No Deck Sul, outro espaço aberto ao público à beira do Lago Paranoá, a situação é a mesma. A Novacap está com processo licitatório em curso visando à contratação de uma empresa para suprir essa necessidade.
Sobram queixas
Enquanto isso, a população reclama das instalações sanitárias públicas já existentes no Distrito Federal. Além de poucos, os banheiros são mal distribuídos e detonados. Na maioria das vezes, faltam portas, pias e papel higiênico. Sobram vasos estragados, espelhos quebrados, lixo e mau cheiro.
“É preciso ter coragem. Só de passar em frente, é possível sentir o cheiro horrível que vem de dentro. As pessoas não podem contar em sair de casa ou do trabalho apertadas, porque, se dependerem dos banheiros que existem no meio da rua, não poderão fazer suas necessidades”, comentou a auxiliar de laboratório Maria Janete Cardoso de Sousa, 26 anos, que trabalha no Conic.
No Setor Comercial Sul, a situação não é diferente. Hélio Soares da Silva, 24, é técnico de operações e tecnologia. Todos os dias, ele passa por um sanitário público próximo à Galeria dos Estados.
“Eu nunca tinha me dado conta de que isso era um banheiro. Em Brasília quase não tem, né?”, questionou o jovem. Para ele, o banheiro da Galeria “mais parece um depósito de usuários de drogas”. “Sujo, cheio de restos de entorpecentes e mau cheiro”, completou.
O que prevê o edital
Conforme o edital lançado pela Secretaria de Cidades, o DF deve ganhar até 100 baterias de banheiros públicos (os tradicionais banheiros químicos ou outros modelos). Cada uma precisa ter cinco unidades sanitárias, sendo duas para as mulheres, duas para os homens e uma para as pessoas portadoras de necessidades especiais, totalizando 500 e obedecendo às normas sanitárias.
O prazo para início das instalações dos banheiros é de, no máximo, 20 dias após a assinatura do termo de cessão de uso, determinando mais 10 baterias em até 50 dias e outras 10 em até 80 dias. “Após isso, a instalação ocorrerá em quantidades e prazos estabelecidos pela comissão técnica.” O programa de banheiros públicos funcionará todos os dias da semana, das 6h às 23h59.
O auxiliar técnico Jebson Martins, 25, comemorou a novidade. “Se for para ter acessibilidade, banheiros de uso exclusivo para mulheres e homens, com papel, travas, higienização, descarga e torneiras funcionando, nós estamos ansiosos e aguardando. O povo merece”, disse.
Os banheiros, segundo o edital, precisam atender aos seguintes requisitos:
- Devem ser novos;
- Iluminados;
- Ter caixa de dejetos, assento e mictório (no caso dos banheiros masculinos);
- Piso antiderrapante;
- Pontos de ventilação;
- Pontos de luz;
- Trinco com trava interna;
- Suporte para papel higiênico e apoio para objetos;
- Cesto de lixo;
- Boa aparência interna e externa;
- Devem ser predominantemente em alumínio ou metal equivalente;
- Gel antisséptico;
- Bacia sanitária sifonada com descarga;
- Reposição de água e esgotamento por equipamento próprio.