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Novembro Azul: câncer silencioso matou 141 homens no DF em 2024

Câncer de próstata é o tipo de tumor que mais mata homens na capital do país, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do DF

atualizado

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CatLane
Homem segurando laço símbolo do câncer de próstata
1 de 1 Homem segurando laço símbolo do câncer de próstata - Foto: CatLane

De janeiro a outubro deste ano, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) registrou 141 óbitos em decorrência do câncer de próstata. Dados fornecidos pela pasta mostram que o tumor maligno acometeu pessoas a partir dos 45 anos, sendo que a maioria das vítimas tinha mais de 80 anos.

O levantamento também revela que o câncer de próstata é o tipo de tumor que mais matou homens na capital do país, nos primeiros 10 meses de 2024.

Veja número de óbitos por câncer no DF: 

O câncer de próstata, na maioria dos casos, cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.

Em outros casos, pode crescer rapidamente, se espalhar para outros órgãos e causar a morte. Esse efeito é conhecido como metástase.

O médico João Marcos Ibrahim, urologista da Oncoclínicas Brasília, alerta que o rastreamento precoce, que inclui o Antígeno Prostático Específico (PSA) e o exame de toque retal, é crucial para identificar a doença em fases iniciais e reduzir o risco de mortalidade.

“A detecção precoce pode reduzir a mortalidade, pois permite tratamentos curativos em até 90% dos casos, enquanto diagnósticos tardios frequentemente levam a quadros mais avançados e de difícil controle. Sem rastreamento, o câncer de próstata pode evoluir silenciosamente, e em estágios avançados, as opções terapêuticas são mais limitadas e a cura é menos provável”, explica o urologista.

Por não apresentar sintomas, 95% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados já em fase avançada, o que pode dificultar a cura, de acordo com a SES-DF. Os principais sintomas nesta fase são dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

Os fatores de risco que precisam ser observados pelos homens são: o histórico familiar de câncer de próstata: pai, irmão e tio; raça: homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer; e obesidade.

“Homens com parentes de primeiro grau, como pai ou irmãos, que tiveram câncer de próstata têm um risco 2 a 3 vezes maior de desenvolver a doença. Esse risco aumenta ainda mais se o familiar foi diagnosticado antes dos 65 anos”, comenta Ibrahim.

Para o diagnóstico precoce da doença, é recomendado que homens a partir de 50 anos, mesmo sem apresentar sintomas, procurem um urologista para avaliação individualizada. Aqueles que integram o grupo de risco são orientados a começar os exames mais cedo, a partir dos 45 anos.

O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente.

Em relação ao maior número de óbitos estar na faixa-etária dos 80 anos, o médico explica que a combinação do envelhecimento e limitações terapêuticas contribui para a alta mortalidade entre idosos com câncer de próstata.

“Nessa faixa etária, muitas vezes o tratamento é focado no controle dos sintomas, em vez de cura, devido às limitações de saúde e riscos envolvidos”, comenta.

Exame ainda é um tabu

Embora seja uma doença comum, por medo ou por desconhecimento muitos homens preferem não conversar sobre esse assunto. O preconceito é uma barreira importante que impede o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

“Muitos homens resistem ao toque retal, que é um exame simples e essencial, devido a tabus culturais e estigmas associados à masculinidade. Por vezes, devido ao medo de realizar esse exame, deixam de ir ao urologista ou de procurar ajuda para outros problemas de saúde”, pondera o especialista.

De acordo com Ibrahim, o estigma pode resultar em atrasos no diagnóstico, o que permite que o câncer se desenvolva e alcance estágios mais avançados.

“A falta de informação contribui para a perpetuação desses mitos, enquanto campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, desempenham um papel fundamental para desmistificar o exame e incentivar os homens a priorizarem a saúde. Superar esses preconceitos é essencial para melhorar o diagnóstico precoce e, assim, reduzir a mortalidade e as complicações associadas à doença”, reforça.

Câncer de próstata em irmãos

O motorista Gonçalo Ramos dos Santos, 59 anos, foi diagnosticado com câncer de próstata no início deste ano. O alerta para fazer o exame de PSA – que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata e pode indicar a presença do tumor – veio após o irmão mais velho dele, de 61 anos, ter o diagnóstico da doença.

“Desde os 50 anos, eu realizava anualmente o exame. Porém, há cerca de dois anos, estava sem me testar já que não tinha sintomas. Nesse meio tempo, meu irmão recebeu o diagnóstico e eu resolvi me testar. O resultado deu alterado e uma ressonância magnética confirmou que eu também estava com câncer de próstata”, conta Gonçalo.

Gonçalo foi acompanhado pelo urologista João Marcos Ibrahim, que avaliou ser cirúrgico o tratamento para o paciente.

“Meu irmão, infelizmente, não teve a mesma oportunidade que eu de fazer a cirurgia. Ele descobriu o câncer em um estágio mais avançado e precisou recorrer a radioterapia. Nenhum de nós dois teve sintomas, o câncer se manifestou de maneira silenciosa”, diz.

O procedimento de retirada do tumor no motorista foi realizado pela rede privada em agosto deste ano. “Graças a Deus a cirurgia foi um sucesso. Está tudo certo agora. O diagnóstico precoce salva vidas, eu sou a prova. Aconselho a todos os homens fazerem o exame, apesar de que muitas vezes o machismo fala mais alto”, completa.

Tratamento

O tratamento do câncer de próstata é feito por meio de uma ou de várias terapias, que podem ser combinadas ou não. A principal delas é a cirurgia, que pode ser aplicada junto à radioterapia e tratamento hormonal, conforme cada caso. Quando localizado apenas na próstata, o tumor pode ser tratado com cirurgia oncológica, radioterapia e até mesmo observação vigilante, em alguns casos especiais.

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