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Nova e problemática. Abandono compromete a Torre de TV Digital

Inaugurado em 2012, monumento está fechado para o público e apresenta fissuras em grau avançado na cobertura e no espelho d’água

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1 de 1 WhatsApp Image 2018-03-15 at 12.35.35 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Inaugurada há apenas seis anos, a Torre de TV Digital está com a estrutura deteriorada. O monumento apresenta fissuras e manchas preocupantes para uma obra tão recente, que custou R$ 76 milhões aos cofres públicos. A análise técnica dos problemas da edificação, que não corre risco de desabamento, está disponível na dissertação de mestrado de Fellipe Sobreira Soares, aluno da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB).

Com base em dados e estudos, Sobreira verificou que a obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer apresenta alto nível de deterioração nas lajes da cobertura e do espelho d’água. Apontados em 2016, esses lapsos necessitavam de reparos em, no máximo, um ano, segundo o mestrando. Em outros elementos estruturais, o dano encontrado foi de nível médio, exigindo intervenções em até 24 meses.

Em meio a casos como o desabamento de um viaduto no Eixão Sul, o descarrilamento de vagões do Metrô e a possibilidade, depois descartada, de queda da Torre de TV, os danos à “Flor do Cerrado” preocupam ainda mais a população de Brasília. O monumento está fechado desde dezembro de 2016, o que levou a um desgaste natural.

“É uma pena essa situação. A torre era para ser um ícone da cidade, pois é diferenciada. Ela não tem problemas de estrutura global, que foi muito bem-feita e planejada. Mas possui muitas fissuras e manchas, algumas em grau avançado. Se não houver consertos, pode agravar e comprometer outras partes”, alerta o arquiteto e urbanista Fellipe Sobreira, 27 anos.

Para a dissertação, o estudante se baseou em dois métodos: o GDE/UnB, no qual é possível apontar o grau de deterioração de uma estrutura, e o programa computacional SAP2000, com o objetivo de avaliar seu desempenho e sua modelagem em 3D.

Esses monumentos tombados pela Unesco acabam se deteriorando por falta de manutenção. A Torre de TV Digital é um exemplo do descaso com as obras públicas no Brasil

Fellipe Sobreira Soares, autor da dissertação

Os problemas e a história da Torre de TV Digital:

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Arena BSB será responsável pela administração da torre
Placa na entrada do local indica que torre está em manutenção, mas não indica prazo para término dos reparos
Dissertação de mestrado de um aluno da Universidade de Brasília apontou uma série de problemas na edificação
A transmissão de sinal digital é a única benfeitoria do monumento que funciona
Paredes descascadas reforçam o descaso com a torre
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Monumento apresenta diversas manchas e pontos de deterioração em grau avançado

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Arena BSB será responsável pela administração da torre

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Placa na entrada do local indica que torre está em manutenção, mas não indica prazo para término dos reparos

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Dissertação de mestrado de um aluno da Universidade de Brasília apontou uma série de problemas na edificação

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A transmissão de sinal digital é a única benfeitoria do monumento que funciona

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Paredes descascadas reforçam o descaso com a torre

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Relatório de aluno da UnB detectou que passarelas da torre apresentam fissuras e manchas

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A passarela que leva ao espelho d'água é um dos trechos com alto nível de deterioração

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Tapume foi colocado na lateral da torre

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Tapume improvisado na obra de R$ 76 milhões

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Torre de TV Digital tem duas cúpulas

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Após seis anos, torre apresenta sinais de desgaste em vários pontos

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Ponto crítico: a laje do espelho d'água, em 2016, necessitava de reparo em, no máximo, um ano

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Conservação da laje da cobertura é criticada em tese de aluno da UnB

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Juntas de dilatação da laje do espelho d'água: um dos espaços em piores condições

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Outro ponto da laje do espelho d'água bastante deteriorado

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Laje da cobertura precisa de reparos para não agravar e espalhar problemas a outras estruturas

Arquivo cedido ao Metrópoles
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Outro trecho da laje da cobertura

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Mais um registro da laje da cobertura

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Segundo estudo, base da torre metálica apresenta degradação de nível médio, com a necessidade de intervenção de, no máximo, 24 meses, contados a partir da vistoria, feita em 2016

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Fuste e parede circular de concreto em estado de conservação aceitável, exigindo apenas manutenção preventiva

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Braços ligados ao fuste de concreto da Torre de TV Digital

Reprodução
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Escadas em nível baixo de degradação

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Uma das passarelas da cúpula, com nível aceitável de conservação

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Protótipo para realização do ensaio no túnel de vento da Torre de TV Digital

Silvestre Gorgulho/A Flor do Cerrado
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Uma das primeiras etapas da obra: a execução das estacas da Torre de TV Digital

Silvestre Gorgulho/A Flor do Cerrado
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Planejamento executivo do processo construtivo da Torre de TV Digital

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Construção do Cálice da Torre de TV Digital

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Operários construindo as rampas de acesso ao monumento

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Execução dos braços de apoio das cúpulas da Torre Digital

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Registro do erguimento da armadura do fuste da base em concreto e aço

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Rampas de acesso à torre durante a fase de construção

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Projeto executivo que previa a fixação da torre metálica no topo do monumento

Reprodução

 

Autor do livro A Flor do Cerrado – Torre de TV Digital de Brasília, o jornalista e ex-secretário de Cultura do DF Silvestre Gorgulho diz que o problema é a descontinuidade das ações entre os gestores. “Não há interesse pelo o que o outro fez. Ocorrem as trocas no comando e quem chega não se interessa pelo que já foi feito”, critica.

Se um viaduto onde passam milhares de carros, onde há um restaurante debaixo e uma galeria na qual cruzam muitas pessoas não tinha manutenção, imagina a Torre [de TV Digital], um monumento fechado. Governo é feito para não funcionar

Auditoria do TCDF
Entre 2014 e 2015, o Tribunal de Contas do DF (TCDF) apontou falhas no projeto e na execução da obra. Segundo a Corte, elas causaram danos que poderiam trazer prejuízo à segurança, durabilidade e qualidade da “Flor do Cerrado”.

Auditores da Corte apuraram que o programa não previu a captação e a drenagem pluvial, especialmente nas passarelas de acesso às cúpulas (bar e exposições). A água das chuvas não tinha para onde escoar adequadamente, causando graves infiltrações.

Havia também indícios de corrosão da estrutura; sinais de oxidação da armadura de aço; além de trincas grandes na fachada, na cobertura e internamente; fissuras diversas nas rampas e por toda a obra. Muitas dessas incorreções foram apontadas no trabalho de Fellipe Sobreira, concluído em 2016.

Outros problemas graves foram apontados, como fios expostos, vazamentos no sistema de descarga a vácuo e nas bombas d’água, calçadas de acesso remendadas e grandes rachaduras no piso.

O outro lado
Responsável por administrar o espaço, a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) garante que foram feitos reparos na central de esgoto a vácuo. A empresa informou ainda que está em curso uma licitação para fazer a manutenção permanente desse sistema.

Segundo a estatal, a central de alarme contra incêndio também foi ajustada. “Houve reparo dos geradores de energia, cujo suporte permanente está sendo feito por uma empresa contratada”, destacou. A Terracap informou, ainda, que os problemas de infiltração no corpo da “Flor do Cerrado” foram corrigidos e um relatório técnico de 2016 concluiu pela estabilidade estrutural do monumento.

A Terracap não deu previsão de reabertura da Torre de TV Digital, localizada próximo ao Colorado, nem informou o custo dos reparos. Mas garantiu que “todos os procedimentos necessários para seu pleno funcionamento serão feitos”. A Defesa Civil, por sua vez, disse que fiscalizou a “Flor do Cerrado” em 2016 e não detectou graves problemas.

Traçada por Niemeyer
Construída em junho de 2009 e concluída em 21 de abril de 2012, no 52º aniversário de Brasília, a Torre de TV Digital nunca funcionou plenamente. Logo após a sua inauguração, apresentou patologias na estrutura e problemas estéticos. O monumento era um “presente” do arquiteto Oscar Niemeyer para o aniversário de 50 anos da capital – sonho que acabou adiado por dois anos.

Em 2014, o monumento foi interditado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), após uma vistoria. Um ano depois, reabriu, mas, devido a problemas estruturais, a torre voltou a ser fechada. Em 2016, a Terracap lançou o empreendimento Mirante Flor do Cerrado. O objetivo do projeto, que ainda não decolou, é promover uma parceria com a iniciativa privada para administrar, operar e manter o local aberto.

A Torre de TV Digital tem 110m de altura e um mirante com vista privilegiada de quase todos os quadrantes de Brasília. As duas cúpulas de vidro possuem espaços para café e exposições, ambas com capacidade para 60 pessoas, e área comercial, com nove lojas, no térreo. Todo esse potencial, porém, ainda não foi aproveitado.

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