“Nossa missão: vida por vidas”, diz comandante em velório de bombeira
Vídeo: o corpo de Marizelli Armelinda Dias está sendo velado no local onde a militar trabalhava, no centro de Taguatinga
atualizado
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O clima no 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, no centro de Taguatinga, é de pesar e tristeza. No local, o corpo da bombeira Marizelli Armelinda Dias, 31 anos, está sendo velado desde as 14h. A militar morreu após ter sido atingida por uma árvore e fios de alta tensão, enquanto atendia a uma ocorrência de incêndio, nesse domingo (15/09/2019), na QNL 2, na mesma região administrativa. O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou luto oficial de três dias.
Em pronunciamento durante o velório, o comandante-geral do CBMDF, Carlos Edmilson Ferreira dos Santos, se emocionou ao falar da soldado. “Não é fácil estar aqui nesse momento, não fomos preparados para isso”. Apesar da tristeza, o oficial lembrou que esse é o dever dos bombeiros. “Peço a Deus que a acolha com muito carinho e a todos nós bombeiros, e que a gente siga em frente. Essa é a nossa missão: vida por vidas.”
O soldado Adriano Lima, 25, que ingressou na corporação com Marizelli, conta que a colega sempre foi um exemplo. “Ela ficou no mesmo pelotão que o meu. Quem conhecia a história dela sabia da dificuldade que passou para estar aqui. Era uma guerreira”, frisou o amigo.
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Adriano lembra que Marizelli era mãe de dois filhos pequenos. Por isso, tinha uma rotina pesada dentro e fora do batalhão. “Era quem mais trabalhava tanto antes como depois de estar conosco. Mesmo assim, era quem cantava e animava todos nós”, destaca. Os companheiros de profissão assinaram um capacete que será colocado no caixão, durante o enterro.
Apuração
O governador do DF, Ibaneis Rocha, esteve presente na solenidade e lamentou o ocorrido. “Foi um caso que deixou a cidade triste. Deixa todos nós enlutados. Uma família humilde, deixa duas crianças pequenas que não sabemos qual será o futuro”, ressaltou.
O emedebista afirmou ainda que acompanhará toda a apuração da morte de Marizelli, apesar de considerar o caso uma fatalidade. “É dever nosso aguardar todos os laudos periciais para entender o que aconteceu. Temos uma das corporações mais bem preparadas do país. E estamos empenhados para sempre oferecer a todas as corporações as condições de trabalho”, afirmou. “Esperamos que Deus conceda paz a essa família. Um evento como esse vai marcar minha vida, minha história. Quem entra no Corpo de Bombeiros não entra para fazer carreira: entra por carinho e vocação”, concluiu.
O Secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho, compareceu ao velório para dar condolências. “Sou um ambientalista e reconheço o trabalho do Corpo de Bombeiros. Minha presença aqui é pessoal e para prestar minhas homenagens”, salientou.
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Sepultamento
Por volta das 16h30, o corpo foi levado em cortejo para o sepultamento no Cemitério de Taguatinga. De acordo com o CBMDF, a queda da árvore provocou fraturas no ombro e fêmur de Marizelli. Há suspeita de que a militar tenha recebido descarga elétrica proveniente dos fios de alta tensão. A causa da morte, no entanto, só será divulgada pela instituição nesta terça-feira (17/09/2019).
Logo após o episódio, o governador Ibaneis Rocha se manifestou pelas redes sociais. “Que tristeza para o Distrito Federal perder uma de suas combatentes do Corpo de Bombeiros que dedicava a vida a salvar outras. Toda a minha solidariedade à família da soldado Marizelli, que Deus conforte seus corações”, publicou o chefe do Executivo local.
Fatalidade
O comandante-geral do CBMDF, Carlos Emilson, também lamentou a morte da soldado Marizelli. O coronel classificou o caso como uma “fatalidade”. Segundo o oficial, a soldado foi integrada recentemente à corporação e tinha o treinamento necessário para o serviço, além de portar todos os equipamentos de proteção indispensáveis para a ocorrência.
“Participei da formatura dela e é difícil falar. Estava equipada e bem treinada, já que temos procedimentos rigorosos. São aquelas coisas que não dá para entender. Foi uma fatalidade”, frisou Carlos Emilson.
O coronel informou que toda a guarnição foi atendida por um capelão, recebeu auxílio-psicológico e do subcomandante do Corpo de Bombeiros. Em seguida, por causa do abalo emocional, todos foram dispensados do serviço. Assim, outra equipe ficou responsável pela área de Taguatinga Norte. “É uma situação bem pesada, por mais que a gente se prepare para isso”, declarou o comandante.
Ele ainda pontuou que todas as providências durante o socorro à Marizelli foram tomadas, o que incluiu a disponibilização de um helicóptero – que acabou não sendo usado. A corporação também está dando auxílio para a família.