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“Nossa maior revolta é com a negligência do Estado”, diz família de preso morto em ala psiquiátrica da Colmeia

De acordo com a mãe do rapaz, antes de ser levado para a penitenciária ele estava realizando o tratamento para distúrbio mental

atualizado

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homens andando acompanhando caixão
1 de 1 homens andando acompanhando caixão - Foto: Yasmim Valois/Metrópoles

Amigos e familiares de Rafael Sanromã Lauande, morto na noite da última terça-feira (11/7) na ala psiquiátrica da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, Colmeia, prestaram as últimas homenagens ao rapaz na tarde desta quinta-feira (13/3), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Rafael estava detido por furtar uma mochila que continha objetos de valor em 2018, na Universidade de Brasília (UnB). Ele acabou atacado e morto por outro preso com um pedaço de vaso sanitário.

À época em que foi preso, conseguiu liberdade provisória após apresentar um laudo que comprovava o quadro de psicose e transtornos mentais. Ele, então, seria internado em uma clínica psiquiátrica. Contudo, a sentença do juiz Fernando Brandini Barbagalo determinou que ele fosse transferido para um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico por pelo menos um ano, em razão de ser “portador de periculosidade”.

O mandado de internação foi expedido em 27 de junho. A decisão do magistrado foi cumprida na última sexta-feira (7/7), quando Rafael foi retirado de uma clínica de internação particular e transferido para a ala psiquiátrica da Colmeia. 

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Rafael estava internado em uma clínica psiquiátrica quando foi transferido para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia
Interno foi morto com golpes de pedaços de cerâmica
Rafael ao lado da mãe, Andréia Sanromã
Ele ficou detido na Ala Psiquiátrica da Colmeia
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Ele havia sido absolvido de acusação de furto, pela qual foi preso, em maio último

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Rafael estava internado em uma clínica psiquiátrica quando foi transferido para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia

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Interno foi morto com golpes de pedaços de cerâmica

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Rafael ao lado da mãe, Andréia Sanromã

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A mãe do jovem, Andreia Sanromã, alega que o rapaz tinha laudo de esquizofrenia. “Ele já estava em tratamento e tiraram ele de um local onde ele estava sendo tratado apropriadamente e levaram para um presídio para morrer. Nossa maior revolta é com a negligência do Estado”, desabafou. 

“Ele ficou por menos de uma semana sob tutela deles. Nem imagino como ele estava lá dentro. Tinha momentos de crise, andava de um lado para o outro, conversava sozinho”, contou. 

Andréia afirmou que acredita que Rafael possa ter irritado o autor do crime em algum momento de crise. “Ele deve ter ficado muito ansioso lá, estava em uma cela pequena com várias pessoas, então, acredito que pode ter ficado nervoso”, afirmou a mãe.

A família afirmou que espera que o Governo do Distrito Federal (GDF) seja responsabilizado por negligência.

“Ele adorava ler, meditar, era uma pessoa super carismática. E independentemente de qualquer coisa que façamos para que o caso não saia impune, ele não vai voltar. As pessoas precisam ter outro olhar para os distúrbios como a esquizofrenia”, acrescentou. 

Além do furto em questão, o Metrópoles apurou que o rapaz respondia um processo sobre importunação sexual, ocorrido em Alto Paraíso de Goiás, e que já havia sido detido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por dano. Na ocasião, Rafael atirou uma pedra em um veículo e no condutor. 

Entenda

Na última terça-feira (11/7), uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamada à ala psiquiátrica da Colmeia e constatou o óbito de Rafael. O autor do homicídio, identificado como Henrique Melo Silva Faria, 26, foi autuado em flagrante.

O policial penal que flagrou o assassinato informou em depoimento que a briga começou por volta das 19h, quando as luzes da cela já estavam apagadas. Presos que dividiam o espaço começaram a pedir socorro, dizendo que um dos detentos estava matando outro.

Segundo o agente, ele e outros policiais penais imediatamente abriram a porta da ala e foram em direção à cela. Rafael foi encontrado ensanguentado no chão, enquanto Henrique permanecia em pé, próximo ao banheiro. Os outros presos estavam no canto oposto, com medo, pedindo para sair de lá.

Vingança

Aos policiais Henrique afirmou ter cometido o crime por vingança. Segundo o detento, Rafael contou, pouco antes da desavença, que teria matado o irmão de Henrique, em 2014. A informação do assassinato não foi confirmada.

Henrique, então, disse que iria matá-lo e quebrou o vaso sanitário da cela. Os dois se armaram com pedaços de cerâmica e partiram para a briga.

Rafael foi atingido inicialmente em um dos braços e na testa. Ferido, ele caiu e levou mais quatro golpes no pescoço e seis no peito.

O agressor foi retirado logo em seguida, algemado e encaminhado ao hospital para fazer uma sutura no braço. Em seguida, foi conduzido a uma delegacia de polícia para as providências legais. O homicídio é investigado pela 14ª DP (Gama).

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