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No Lago Paranoá, 60% das ocorrências de afogamento terminam em morte

Dados correspondem a ocorrências desde 2017. Demora a chamar os bombeiros e falta de informações dificultam trabalho de resgate

atualizado

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Bombeiros no Lago
1 de 1 Bombeiros no Lago - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A diferença entre salvar ou não a vida de uma pessoa que está se afogando é a velocidade do resgate. Enquanto existe uma janela de até uma hora para ainda tentar uma reanimação, segundo especialistas, muitas vítimas não aguentam nem cinco minutos. No Lago Paranoá, com águas que podem chegar a 40 metros de profundidade, a rapidez é ainda mais importante.

Dados do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) mostram que, desde 2017, foram registradas 64 ocorrências de afogamento no principal espelho d’água da capital, com 38 resultando em morte. Isso significa dizer que cerca de duas em cada cinco pessoas que precisam do atendimento (59,37%) acabam falecendo.

De acordo com o chefe da Seção de Salvamento Terrestre do Grupamento de Busca e Salvamento do CBMDF, capitão Victor Mendonça, não existe uma única explicação para que essa taxa seja tão alta, mas um conjunto de fatores. “O protocolo diz que em até uma hora pode ser possível recuperar os sinais vitais de uma pessoa vítima de afogamento, mas há casos em que cinco minutos após o fato já há o óbito”, conta.

Segundo ele, o CBMDF consegue chegar em qualquer ponto do lago em, no máximo, 10 minutos. Por esse motivo, é importante que seja comunicada a ocorrência o mais brevemente possível e a embarcação se fixe no lugar onde aconteceu o acidente.

No caso mais recente de morte no Lago Paranoá, do advogado Carlos Eduardo Marano, 41 anos, que caiu de uma lancha no início da noite de 1° de agosto, a falta de precisão das informações atrapalhou a busca pelo corpo. “A grande dificuldade foi dizer o horário e o ponto onde estavam quando aconteceu”, comenta o capitão.

Em 2019, a morte da universitária Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19, durante churrasco em um clube na orla do lago também foi causada pela demora em se buscar ajuda. Tanto que Wendel Yuri de Souza Caldas, o estudante que estava com a jovem no momento do afogamento, foi indiciado, à época, por omissão de socorro.

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Embarcação de maior porte dá assistência aos bombeiros
Até mesmo um sonar pode ser utilizado em caso de necessidade
Mergulhadores participam do resgate
Todo esse aparato foi utilizado para localizar o advogado Carlos Eduardo
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Bombeiros utilizam barcos e cães para fazer as buscas

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Embarcação de maior porte dá assistência aos bombeiros

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Até mesmo um sonar pode ser utilizado em caso de necessidade

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Mergulhadores participam do resgate

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Todo esse aparato foi utilizado para localizar o advogado Carlos Eduardo

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Qual atitude tomar em uma situação de afogamento

A recomendação do CBMDF é sempre realizar qualquer atividade dentro do Lago Paranoá em grupo, mesmo que o indivíduo seja atleta experiente. “Se a pessoa passar mal e estiver no meio do lago, a 500 metros da margem, não tem como pedir socorro. É importante também ter uma embarcação do lado com coletes salva-vidas prontos para aqueles que estiverem nadando”, orienta o capitão Mendonça.

Caso a ocorrência seja de alguém que caiu na água, a principal recomendação é jogar um objeto flutuante para a pessoa e ligar para o 193, nunca pular no lago. “Muitas vezes, a pessoa que tenta ajudar, no desespero, pode acabar se tornando a segunda vítima”, explica.

O uso de bebidas alcoólicas não é recomendado. Entre banhistas, os efeitos podem causar afogamento e, mesmo pessoas que estejam em lanchas, como tripulantes, é preciso moderação.

De acordo com a Capitania Fluvial de Brasília (CFB), da Marinha do Brasil, são feitas fiscalizações periódicas para verificar se os condutores de embarcações estão sob efeito de álcool.

Em 2020, no entanto, ninguém foi flagrado até o momento. “Sempre que os inspetores navais percebem algum sinal de que o condutor da embarcação possa ter feito uso de bebida alcoólica, este é submetido ao teste de alcoolemia”, afirma em nota.

É necessário conscientização

Para Marconi de Souza, presidente da Associação dos Amigos do Lago Paranoá (Alapa), é de responsabilidade das próprias pessoas utilizarem o espelho d’água de maneira correta, uma vez que é impossível a Marinha ou o Batalhão Lacustre da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) tomarem conta de todas as margens ou lanchas.

O zoneamento, por exemplo, ficou mais na norma do que na execução. A gente cansa de ver pessoal de jet ski perto da orla fazendo manobra, sendo que não pode”, conta.

De acordo com a Marinha, são adotadas no lago providências “buscando garantir a salvaguarda da vida humana, a segurança da navegação e a prevenção de poluição hídrica a partir de embarcações”. Para isso, a CFB diz que realiza “frequentes inspeções navais no Lago Paranoá, incluindo todos os finais de semana e feriados”.

Com relação ao zoneamento, a Capitania afirma que, durante as ações, “os inspetores navais alertam para os diversos procedimentos de segurança, entre os quais, o respeito ao decreto de zoneamento do Lago Paranoá, devendo as embarcações operarem nas áreas designadas para tal, a fim de não colocar em risco a sua segurança e dos demais usuários”.

A definição de áreas para banho, atividades náuticas motorizadas e não motorizadas auxiliam, principalmente, as pessoas que gostam de aproveitar o lago de maneira segura. “Nos fins de semana, os bombeiros estão na prainha, Ponte JK, Ermida Dom Bosco, piscinão e Ponte do Bragueto. Esses são os locais mais indicados para visitar o local”, diz o capitão Mendonça.

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