No Hospital de Santa Maria, biombo separa pacientes com e sem Covid-19
Força-tarefa flagra gambiarras de oxigênio, superlotação, exaustão de profissionais de saúde e falta de EPIs na unidade gerida pelo Iges
atualizado
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A força-tarefa da Ação Conjunta Covid-19 fez uma diligência no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) nesta terça-feira (16/3). Durante fiscalização, o grupo flagrou ligações improvisadas e gambiarras de oxigênio. Superlotada, a unidade tem pacientes internados nos corredores e até em consultórios. Em uma das áreas, apenas um biombo separa pacientes com Covid-19 de pessoas com outras enfermidades.
O hospital não estaria conseguindo resolver problema contratual para isolar a área de Covid-19. Segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF), Elissandro Noronha, desta forma, na Enfermaria o que separa Covid de não Covid é apenas um biombo, não uma parede. O isolamento provisório é um risco.
Veja a situação:
Segundo a força-tarefa, os equipamentos de proteção individual (EPIs) estão no limite. Se não tiver reposição nesta semana, faltarão matérias como luvas, máscaras e capotes. No Pronto Socorro de Covid-19, foram flagrados problemas nos pontos de oxigênio e os profissionais de saúde improvisaram gambiarras para salvar vidas.
O vice-presidente do Coren-DF, Alberto Cesar, faz um resumo da diligência:
No limite, o Pronto Socorro está com bandeiras laranja e vermelha, só atendendo casos graves. A área do Pronto Socorro reservada para Covid conta com 15 leitos, mas tem tem 20 internados e 17 nesta salas com oxigênio.
Acompanhe a situação do HRSM:
Ação Conjunta
Além do Coren, a Ação Conjunta é formada pela Comissão de Saúde da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiro) e o deputado distrital Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF).
A ação desta terça-feira (16/3) contou também com a participação do deputado Jorge Vianna (Podemos).
A força-tarefa fez diligência e produziu relatório sobre o Hospital Regional Asa Norte (Hran), classificado como um “cenário de guerra”. Também mapeou problemas no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), com pacientes internados inclusive em um banheiro.
Ainda nesta terça-feira (16/3), o Hospital Regional do Gama (HRG) decretou bandeira vermelha pela superlotação de pacientes. Além disso, a unidade está sem pontos de oxigênio e monitores.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde e com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), gestor do HRSM. Por nota, o Iges-DF apresentou sua versão sobre a situação da unidade.
Leia na íntegra:
O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) informa que o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) está atuando da melhor forma possível para atender todos os pacientes diante do cenário de pandemia. Esclarecemos ainda:
1 – Sobre os equipamentos de proteção individual, o Iges receberá, até esta quarta-feira (17), 44 mil novas luvas tamanho G e as reposições estão sendo providenciadas pela Superintendência de Insumos e Logística (Silog). O balanço demonstra que o Iges tem em seus estoques 48.493 máscaras cirúrgicas descartáveis; 41.715 máscaras de proteção respiratória PFF2; e 10,9 mil luvas de procedimento não estéril de látex.
A lista de itens também inclui:
• 8.548 unidades de álcool gel 70% frasco
• 27.617 unidades de 1 litro de álcool 70%
• 8.770 acessórios de proteção facial descartável
• 85 aventais de procedimento não estéril
• 9.403 capotes laminados impermeáveis
• 2 mil gorros descartáveis de 30g
• 859 óculos de biossegurança
• 66.060 turbantes cirúrgicos de 30g
• 4.231 unidades de macacões protetores para quimioterapia2 – Sobre o isolamento na enfermaria de clínica médica no terceiro andar, esclarecemos que há não pacientes confirmados com covid-19 na área que é separada por um biombo. As áreas de atendimento covid-19 situam-se no pronto-socorro e nos leitos de UTI no primeiro e quinto andar, sendo que as áreas com pacientes covid têm um fluxo diferenciado com adoção de precauções sanitárias.
3 – Sobre os profissionais de saúde, foi contratada a quantidade conforme parametrização da Secretaria de Saúde, porém, devido ao alto volume de demanda, os profissionais estão fazendo um esforço para atender todos que chegam ao hospital, inclusive, ultrapassando a capacidade prevista.
4 – Para atender a todos, o HRSM também instalou expansores em pontos de oxigênio para ampliar a oferta do produto e, assim, atender ao crescente número de pacientes com covid-19. Ressaltamos que tal medida não gera nenhum risco aos pacientes e trata-se de adaptações seguras e não de gambiarras.