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No DF, negros representam 75% das vítimas de homicídio

Segundo dados do GDF, em 2022, foram registrados 345 mortes por homicídio na capital federal. Das vítimas, 260 eram negras e 65, brancas

atualizado

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No Distrito Federal, a maioria das vítimas de homicídios são pessoas negras. De acordo com dados das causas de mortes registradas pela Secretaria de Saúde (SES-DF), em 2022, das 345 mortes por homicídio, 260 eram pessoas pretas ou pardas — equivalente a 75% do total — e 65, brancas.

Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas que têm na certidão de nascimento a raça especificada como preta ou parda são classificados como negros.

Em 2023, soma-se 229 mortes por assassinato. Desse total, até o início de novembro, 169 óbitos foram de pessoas negras — pretos ou pardos — e 49 de pessoas brancas.

A maioria das vítimas negras feitas neste ano tinha entre 20 e 39 anos. Já entre os brancos, grande parte tinha entre 25 e 29 anos.

Racismo estrutural

Jéssica Marques, advogada criminalista, afirma que o alto índice de mortalidade da população negra ocorre devido a uma série de fatores. “Os altos índices de mortalidade representam uma das principais expressões do racismo estrutural existente no nosso país”.

“E não é só isso. Não é de desconhecimento comum que as regiões que têm a maior taxa de desigualdade econômica são as que possuem o maior índice de violência e, por consequência, são exatamente os locais onde a população negra está inserida, na sua maior parte. Isso só atesta a existência forte em nossa cultura do racismo estrutural”, completa.

Ela ainda avalia que, atualmente, a tendência é de que o combate à criminalidade seja realizado por meio do aumento de penas. Porém, ela ressalta que é necessário atuar em outras frentes.

“Há uma crescente corrente que atua no sentido de tornar mais rígidas as penalidades previstas em lei, como aconteceu, por exemplo, no caso da equiparação do crime de injúria racial ao crime de racismo. Muito embora esta atualização legislativa tenha sido um ganho para a população negra, vítima de violência e discriminação, não podemos esquecer que o caminho mais efetivo de combate à violência não é o de enrijecer as penalidades, mas o de conscientizar e oferecer oportunidades de estudo e trabalho para a população”, diz.

Relembre casos

Entre 2022 e 2023, é possível elencar alguns casos de pessoas negras vítimas de homicídio. Entre eles, está o adolescente Gustavo Henrique Soares Gomes, morto aos 17 anos, após ser atingido por tiros efetuados por um PM enquanto estava na garupa de uma moto. O caso ocorreu em 28 de janeiro de 2022, em Samambaia. No último dia 15, o Tribunal do Júri de Samambaia absolveu o sargento que atirou contra o jovem.

Já em outubro deste ano, o cobrador de ônibus Ariel Santos Marques, 26 anos, foi morto com um tiro na cabeça após entregar o dinheiro do caixa do ônibus em que estava e o celular para os criminosos.

Em abril de 2023, a jovem Denise dos Santos Alves Cardoso, 21 anos, foi morta à facadas. Ela foi esfaqueada por Stefany Moreira de Oliveira, 22, que, segundo a investigação, teria agido por ciúmes, após ver a vítima conversando com seu namorado, Leonardo Peixoto Fernandes da Silva, 38.

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Denise dos Santos Alves foi morta por Stefany Moreira de Oliveira, à época com 22 anos
Ariel foi assassinado enquanto trabalhava, no Distrito Federal
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Gustavo Henrique Soares, morto a tiros por um PM

Arquivo pessoal
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Denise dos Santos Alves foi morta por Stefany Moreira de Oliveira, à época com 22 anos

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Ariel foi assassinado enquanto trabalhava, no Distrito Federal

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