DF: dos 596 mortos por Covid em 2022, 450 não completaram ciclo vacinal
Dados deste ano mostram que número de mortos em decorrência da Covid é mais de três vezes maior entre quem estava com a vacinação incompleta
atualizado
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O número de mortes em decorrência da Covid-19 é três vezes maior entre moradores do Distrito Federal que não concluíram o esquema de vacinação. Em 2022, a capital do país registrou 450 óbitos de pessoas que não tomaram todas as doses disponíveis da vacina contra o novo coronavírus. No mesmo período, foram contabilizados 146 óbitos de pacientes com a imunização em dia.
Os dados são da Secretaria de Saúde, obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI) e atualizados neste mês de novembro. Neste ano, não houve morte de crianças, adolescentes e jovens de até 29 anos com cartão de vacinação completo. Já entre os que recusaram a proteção ou não receberam dose alguma, foram sete óbitos nesta faixa etária.
Duas das vítimas eram crianças na faixa etária de 5 a 9 anos; os outros cinco eram jovens com idade entre 20 e 29 anos. Os números mais recentes sobre a imunização de crianças de 5 a 9 anos no DF apontam que 69.427 delas não receberam a primeira dose do fármaco. Isso indica que ainda há 26% de não vacinados nessas faixas etárias. Em fevereiro deste ano, o Metrópoles mostrou que a porcentagem era ainda maior: 59%.
Entre adolescentes de 12 a 17 anos, oito em cada 10 ainda não haviam tomado a segunda dose da vacina no começo deste mês de novembro. A capital do país tem 268.475 jovens nessa faixa etária. Apenas 24,3% deles receberam o primeiro reforço do imunizante contra a doença.
O público com idade de 40 a 49 anos apresenta a maior diferença no que se refere aos dados de óbitos: registram-se oito vezes mais mortes de pacientes não vacinados neste grupo. O DF notificou 24 óbitos de pessoas com a imunização incompleta, e três de cidadãos protegidos com todas as doses.
O efeito das vacinas na diminuição de casos graves e óbitos decorrentes da Covid-19 também pode ser observado nos boletins diários da secretaria. Mesmo com alta de novos casos e da taxa de transmissão da doença, só uma morte foi notificada em novembro, até o dia 20; nesse período, faleceu uma idosa de mais de 80 anos com distúrbios metabólicos e cardiopatia.
Antes desse registro, houve a morte de uma criança, em 28 de setembro, no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). A criança, sem comorbidades, tinha entre 2 e 10 anos, morava em Goiás e se tratava no DF. Ela não havia recebido todas as doses da vacina disponíveis.
Disponibilização e divulgação
Para a infectologista Ana Helena Germoglio, os números conduzem a várias conclusões sobre políticas de saúde. A especialista cita que atende pacientes que nem sequer sabem que precisam de doses de reforço, a exemplo do público com imunossupressão.
“Esses dados são bem interessantes, porque realmente mostram a importância de manter o calendário vacinal em dia. E mais: além de disponibilizar a vacina, o governo também precisa incentivar e orientar a população para que todos estejam cientes da necessidade de se vacinar”, destaca.
Germoglio também ressalta a premência de garantir a compra de vacinas bivalentes. A Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou, na última terça-feira (22/11), o uso de duas vacinas bivalentes contra Covid-19 da Pfizer. Elas protegem contra mais de uma cepa do vírus e podem ser utilizadas na população a partir de 12 anos.
“A gente precisa adquirir a vacina bivalente o quanto antes. Porque, aí sim, teremos uma proteção muito maior, quando comparada com a monovalente que a gente utiliza. Caso contrário, vamos ficar assim, nesse ciclo de novas ondas, ainda na incerteza de qual calendário vacinal a gente vai seguir, e presenciando aumento de transmissão e novas subvariantes.”