No DF, Auxílio Brasil liberou R$ 65 mi em consignado a beneficiários
Crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil alcançou 24 mil núcleos familiares no DF, mas especialistas alertam para prejuízos
atualizado
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O Governo Federal liberou mais de R$ 65,59 milhões em crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil no Distrito Federal. O valor alcançou quase 25 mil pessoas na capital, que vivem em situação de vulnerabilidade social e vão ter de pagar os empréstimos a juros altos, como alertam especialistas.
Os dados foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI) e foram atualizados em novembro deste ano. Segundo a Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, do Ministério da Cidadania, há 443.891 beneficiários do Auxílio Brasil no DF, que pertencem a 163.921 famílias. Destes, 24.827 responsáveis familiares pediram os empréstimos consignados, que têm taxa máxima de juros permitida, fixada em 3,5%.
Economistas ouvidos pela reportagem avaliam o consignado como uma “armadilha” financeira. Aécio Alves de Oliveira, especialista do departamento de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), lembra que essa é uma concessão de empréstimo a juros para famílias com necessidades básicas.
“A finalidade do Auxílio Brasil é atender necessidades imediatas, mais diretas, como, por exemplo, alimentação. Então, quando o governo delibera sobre esse empréstimo consignado, o lastro, a garantia, é o auxílio. Você dá com uma mão e tira com a outra. Coloca as pessoas em uma situação muito delicada”, diz.
Para o economista, optar pelo consignado estando em vulnerabilidade social pode gerar mais dívidas, que pioram o quadro financeiro das famílias. “É uma armadilha muito grande, porque vai acumular dívidas. Você tinha um problema, que era a fome, e aí não resolve e ainda cria outro, que é a dívida.”
Prejuízos
Nesse crédito consignado para quem recebe o Auxílio Brasil, a parcela do empréstimo pode ser de até 40% do valor do benefício e o pagamento é descontado mensalmente, em até 24 parcelas. César Bergo, economista do Conselho Nacional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), aponta prejuízos com essa concessão.
“Ele realmente tem algumas armadilhas no campo financeiro. Primeiro, a taxa de juros, que estava bastante elevada. Muitas vezes, as pessoas vão por impulso adquirir um empréstimo e, depois, quando começam a pagar a prestação, verificam que ficou pesada. Assim, se perde praticamente todo o Auxílio, que tem como objetivo a sobrevivência.”
César aconselha que, caso a pessoa tenha condições de pagar esses empréstimos no futuro, o melhor caminho seria não optar pelo consignado, mas fazer uma poupança e ganhar juros. “Isso é mais vantajoso”, avalia.