No DF, 94% das mulheres vítimas de feminicídio eram mães
Secretaria de Segurança Pública do DF atualizou, nesta quinta-feira (3/10), para 16 o número de vítimas de feminicídio ocorridos em 2024
atualizado
Compartilhar notícia
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) atualizou, nesta quinta-feira (3/10), o número de feminicídios ocorridos na capital federal em 2024. Agora, há 16 ocorrências do tipo, sendo que 13 já foram confirmadas e outras 3 ainda são classificadas como sob análise. Cerca de 94% das vítimas do crime – até outubro deste ano – eram mães.
Os registros indicavam 15 mortes anteriormente, considerando o assassinato brutal da jovem Paloma Jenifer Santos Ferreira, aos 26 anos, na última segunda-feira (30/9). Fora os casos já conhecidos, consta nos dados da SSP-DF um novo crime de feminicídio que teria ocorrido em agosto deste ano. Ainda não há informações sobre a identidade da vítima.
O órgão esclareceu que os números de feminicídios, disponibilizados no painel, diferentemente do balanço criminal, consideram dados de todo o sistema de justiça criminal, incluindo os laudos periciais e de local do crime, indiciamentos, denúncias, decisões, sentenças e recursos, além dos boletins de ocorrências registrados pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Portanto, é possível que um caso registrado, inicialmente, como tentativa de feminicídio seja atualizado para feminicídio após a morte da mulher envolvida. Outra possibilidade é que, com o avanço de alguma investigação, a tipificação de uma ocorrência inicialmente registrada como homicídio seja modificada para o crime de assassinato cometido pelo fato da vítima ser mulher.
Os dados referentes aos feminicídios deste ano mostram que mais de 30% deles foram cometidos com arma branca e outros 25% dos casos ,com arma de fogo. Além disso, 43,8% das mortes aconteceram por ciúmes e 18% por conta do término do relacionamento.
Para evitar subnotificação e propiciar a aplicação de protocolo específico de investigação, a PCDF, através da Norma de Serviço nº 4, de 8 de março de 2017, determina que todos os casos de mortes violentas letais intencionais de mulheres sejam registrados inicialmente como feminicídios.
O acompanhamento desses casos é importante para que se possa qualificar o problema por meio da identificação dos autores, vítimas, dias, horários, locais, entre outros. Essa qualificação permite que sejam elaboradas estratégias de atuação tanto pelas forças de segurança, como por outros órgãos de governo, para combater diretamente este crime.
Quem são as vítimas de feminicídio no DF
As 16 mulheres vítimas de feminicídio no DF foram assassinadas, principalmente, pelos esposos ou ex-companheiros em crimes provocados por ciúme e outros motivos fúteis.
Casos de feminicídio no DF, em 2024:
- Tainara Kellen – 10/1
- Diana Faria – 15/1
- Antônia Maria da Silva Carvalho – 17/1
- Milena Rodrigues – 25/1
- Erica Maria de Jesus – 5/2
- Simone Santos Ribeiro – 13/5
- Daniella Di Lorena Pelaes – 25/5
- Zely Alves Curvos – 31/5
- Jainia Delfina de Assis – 15/6
- Fernanda dos Santos Pereira – 17/7
- Rosemeire Campos – 6/8
- Juliana Barboza Soares – 20/8
- Daíra dos Santos Rodrigues – 25/8
- Thaynara Iorrana da Silva Matheus – 28/8
- Paloma Jenifer Santos Ferreira – 30/9
- =Jucelia dos Santos da Silva — 27/10
*Exceção do 16º caso, considerado na nova atualização.
Tainara Kellen
Tainara Kellen Mesquita da Silva foi assassinada com pelo menos seis tiros na frente da própria filha, de 5 anos, na tarde do dia 10 de janeiro. O autor do feminicídio é o ex-marido. O caso ocorreu no Gama.
Diana Faria
Segunda vítima de feminicídio no Distrito Federal, em 2024, Diana Faria Lima, 37 anos, foi violentamente espancada pelo companheiro antes de ser morta por estrangulamento em Ceilândia.
Antônia Maria da Silva Carvalho
Antônia Maria da Silva teve os planos de comemorar a chegada dos 40 anos interrompidos por duas facadas, desferidas pelo próprio marido, no dia 17 de janeiro. Ela foi brutamente assassinada dentro de casa, na véspera do aniversário. Francisco Farias da Silva, 46 anos, deu golpes no peito e outro no pescoço. Ela morreu na hora.
Milena Rodrigues
A morte da jovem Milena Rodrigues Silva, de 26 anos, era apurada inicialmente como homicídio, mas, com o andamento da investigação, a tipificação foi alterada para feminicídio. O corpo da mulher foi encontrado em avançado estado de decomposição, em um matagal de Santa Maria, e apresentava lesão na região da cabeça.
Érica Maria de Jesus
Érica Maria de Jesus, de 27 anos, foi assassinada a tiros na noite do dia 5 de fevereiro, na Quadra 20 do Paranoá. Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o autor dos disparos fugiu após cometer o crime, mas foi alcançado e preso instantes depois.
Simone Santos Ribeiro
Após matar Simone Santos Ribeiro, de 42 anos, Maiqui Pedro dos Santos fugiu e deixou a filha do casal com familiares. Ele acabou preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na tarde de 14 de maio, na região do Café sem Troco, no Paranoá.
Daniella Di Lorena Pelaes
Assassinada pelo ex-companheiro, Daniella Di Lorena Pelaes de Almeida, 46 anos, já havia registrado ocorrências de ameaça e violência doméstica antes de ser executada, na madrugada de 25 de maio, no Jardim Botânico, no Distrito Federal.
Zely Alves Curvos
Acusado de provocar o incêndio no apartamento da própria mãe, Zely Alves Curvo, 94 anos, o ex-médico Lauro Estevão Vaz, 64, virou réu e teve a prisão temporária convertida em preventiva pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) em julho deste ano. O crime ocorreu no dia 31 de maio.
Jainia Delfina de Assis
Nona vítima de feminicídio no Distrito Federal, em 2024, Jainia Delfina de Assis, 42 anos, foi morta a facadas em casa, na frente do filho, de 4 anos. Foi o garoto quem pediu ajuda aos vizinhos após perceber o crime. O assassinato aconteceu em julho, na Quadra 4 do Setor Oeste, na Cidade Estrutural.
Fernanda dos Santos Pereira
Fernanda dos Santos Pereira, 33 anos, foi morta a tiros pelo ex-companheiro dentro de um carro, no dia 17 de julho, em São Sebastião. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou Francisco Cicero da Silva, 41 anos, pelo assassinato em agosto.
Rosemeire Campos
Rosemeire Rosa Campos, 46 anos, morta a facadas pelo ex-companheiro Anderson Cerqueira, 45, em um condomínio na Ponte Alta Norte do Gama, era rastreada pelo autor do crime havia cerca de um mês. O homem cometeu suicídio após o feminicídio. Os corpos dos dois foram encontrados na sala de casa, pelo filho adolescente do casal, um jovem de 13 anos.
Juliana Barboza Soares
Momentos antes de ser morta, Juliana Barboza Soares mandou uma mensagem para a filha mais velha contando que havia encontrado o ex-companheiro Wallison Felipe de Oliveira, 29 anos. Ela estava em um festa comemorando o aniversário de 34 anos, e Wallison, em um bar ao lado. A mulher foi assassinada após ser atropelada três vezes pelo antigo parceiro no Gama.
Daíra dos Santos Rodrigues
Daíra dos Santos Rodrigues, de 23 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, no fim de agosto, no condomínio Del Lago, no Itapoã. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Regional do Paranoá.
Thaynara Iorrana da Silva Matheus
O corpo de Thaynara Iorrana da Silva Matheus, de 21 anos, foi encontrado carbonizado em uma área descampada na QNM 36/38, Ceilândia, próximo ao Setor M Norte, Taguatinga, em 28 de agosto.
Paloma Jenifer Santos Ferreira
Paloma Jenifer Santos Ferreira foi morta em 30 de setembro, aos 26 anos, com um tiro no peito, disparado pelo namorado, Franco William de Lima Macedo, de 32. Esse foi o 15º caso de feminicídio registrado no Distrito Federal em 2024. O crime ocorreu na Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires.
Jucelia dos Santos da Silva
Jucelia dos Santos da Silva, 35 anos, foi assassinada em 27 de outubro deste ano pelo companheiro, Magecson dos Anjos Matias, 40, após o casal chegar de viagem da Bahia há cerca de 15 dias. Magecson agrediu e esfaqueou a mulher no peito e no pescoço, no Sol Nascente. O homem foi linchado por populares que tentaram impedir as agressões, mas Jucelia não resistiu.
