No DF, 74 pacientes aguardam exame que diagnostica câncer no pâncreas
Procedimento também trata doenças na vesícula biliar e no fígado. Sem ele, pacientes correm risco de piorar e até morrer
atualizado
Compartilhar notícia
No Distrito Federal, 74 pacientes aguardavam na fila pelo exame que diagnostica e tratamento de diversas doenças, inclusive câncer, no pâncreas, fígado e a vesícula biliar, em 30 de abril de 2021, última atualização disponível.
A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CRPE) é um exame diagnóstico-terapêutico para diagnóstico e tratamento de doenças. Segundo a Defensoria Pública do DF (DPDF), o procedimento foi interrompido no DF.
A DPDF entrou na Justiça com uma Ação Civil Pública (ACP) cobrando a retomada do exame, realizado pela Secretária de Saúde e pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF).
O Metrópoles entrou em contato com o Iges-DF e a Secretaria de Saúde. O instituto negou a interrupção do procedimento, mas não apresentou detalhes a respeito da fila de espera e os motivos da demora no atendimento.
Segundo a DPDF, até 30 de abril de 2021, 74 pessoas aguardavam atendimento, sendo 63 com prioridade vermelha, ou seja com quadros graves de saúde.
Pelo diagnostico da Defensoria, a suspensão oferece risco de piora da saúde e até mesmo de óbito para estes pacientes.
“A interrupção da realização deste procedimento diagnóstico-terapêutico tem impacto nos pacientes, que padecerão sofrimentos mais intensos e mais prolongados, mas, igualmente, impacta negativamente todo o sistema de saúde por suscitar uma maior quantidade de cirurgias exploradoras e terapêuticas (e cirurgias mais longas, mais complexas e de pior prognóstico) para resolução das doenças citadas, que poderiam ser resolvidas pela realização oportuna deste procedimento mais barato e menos invasivo”, explicou o o coordenador do Núcleo de Saúde da DPDF, Ramiro Sant’ana.
Caso a Justiça aceite a ACP, a multa pelo descumprimento será de R$ 500 mil.
Veja a ACP na íntegra:
ACP – CPRE by Metropoles on Scribd
Conheça o CPRE
O CPRE é aparentemente simples, dura entre 30 e 90 minutos. É feito com anestesia geral e exige grande habilidade técnica. Permite diagnósticos sem necessidade de cirurgia exploradora.
Consiste na introdução de um fino endoscópio com uma pequena câmera na ponta, desde a boca até o duodeno, de forma a observar o local onde os canais biliares se ligam ao intestino.
O médico utiliza um cateter muito fino para injetar uma substância radiopaca no interior dos canais biliares e realizar radiografias para analisar o relevo interno.
Terapias
Durante o exame, estas imagens radiológicas são interpretadas pelo médico, permitindo assim identificar com detalhes as alterações nestes canais e realizar terapias, quando possível.
Permite a retirada de pequenas pedras, drenagem de canais obstruídos, evitando por exemplo a morte de pacientes quando existe infecção da bile represada (colangite infecciosa).
O CPRE também faz a correção de estreitamentos inflamatórios ou tumorais mediante dilatação com sonda e colocação de prótese endoscópica (stent). A técnica pode ser empregada para a biópsia dos tumores.
O CPRE trata:
Doenças que acometem os canais biliares intra e extra-hepáticos e o canal pancreático principal decorrentes da presença de cálculos e de tumores biliares (colangiocarcinoma)
Tumores e cistos pancreáticos
Pancreatites agudas ou crônicas
Doenças crônicas parenquimatosas do fígado e ainda de estenoses (estreitamentos) das vias biliares