No DF, 72% das mães adolescentes são de famílias de baixa renda, diz estudo
Pesquisa da Codeplan discute perfil demográfico de jovens grávidas com idades de 10 a 19 anos e propõe políticas públicas
atualizado
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Um estudo feito pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e que discute aspectos da gravidez da adolescência na capital foi divulgado nesta terça-feira (2/2). A pesquisa analisou dados do Distrito Federal de 2000 a 2016.
A Codeplan abordou o volume e a proporção de partos, o perfil do parto e da gestação, assim como estatísticas das famílias e do local de moradia das mães adolescentes.
De acordo com a pesquisa, as mães adolescentes estão mais presentes em regiões administrativas com perfil de renda considerado médio e baixo (em torno de R$ 3.100 por domicílio). Nesses locais, 7,2% das adolescentes entre 14 e 19 anos eram mães, contra 1,6% nas regiões de alta renda (por volta de R$ 15.622 por domicílio).
“Acredito que seria preciso direcionar esforços para os territórios de baixa renda, precisamos entender o porquê dessa concentração de gravidez na adolescência nessa regiões. Falta acesso a contraceptivo ou informação? Faltam espaços de acolhimento e reflexão sobre a sexualidade?” questionou a pesquisadora Daienne Machado.
Fora da escola e no mercado de trabalho
A pesquisa descobriu ainda que 69% das adolescentes que são mães não frequentavam o ensino formal e 17% estavam ocupadas no mercado de trabalho. Além disso, 81% delas são negras.
Veja outros resultados:
- Houve aumento da participação de nascimentos com quantidade de consultas pré-natal adequada entre mães adolescentes.
- A ocorrência de partos vaginais entre mães adolescentes é consideravelmente maior que entre as mães adultas.
- A frequência de nascimentos prematuros e de bebês com baixo peso de mães adolescentes é maior do que entre mães adultas.
- A taxa de mortalidade neonatal precoce entre nascimentos em mães adolescentes é consideravelmente superior aos nascimentos em adultas.
- As taxas de mortalidade materna entre mães adolescentes são baixas no DF se comparadas ao Brasil.
Recomendações
A pesquisa traz ainda recomendações aos gestores, como o planejamento de política pública com conceitos, diretrizes, metas e orçamento próprio. Além disso, segundo o estudo, é preciso levar em conta que as adolescentes entre 10 e 14 anos são as mais vulneráveis à gravidez precoce.
“É necessário pensar sobre o desafio da gravidez na adolescência de uma forma mais ampla. O Estado, as famílias e a sociedade devem considerar como reais desafios a pobreza, a desigualdade de gênero, a discriminação e a falta de acesso a serviços”, afirma o estudo.