No DF, 320 crianças foram maltratadas nos últimos 14 meses
O Metrópoles teve acesso a levantamento inédito que aponta o dia da semana, faixa horária e o perfil das pessoas que mais agridem as vítimas
atualizado
Compartilhar notícia
Enquanto o país acompanha estarrecido o desdobramento do inquérito que apura a morte do garoto Henry Borel Medeiros, de 4 anos, outros crimes brutais onde crianças são as principais vítimas permanecem sob investigação no Distrito Federal. Nos últimos 14 meses, 32o meninos e meninas de 0 a 11 anos foram alvos de espancamentos, cárcere privado e outros tipois de agressões em todas as regiões da capital da República.
Um levantamento inédito elaborado pela Polícia Civil (PCDF) e obtido com exclusividade pelo Metrópoles traça o raio-X dos crimes, determinando o dia da semana, a faixa horária, as regiões administrativas, a idade, o sexo, além dos perfis de autores e o vínculo que possuem com as vítimas. O estudo feito pela Divisão de Análise Técnica e Estatística (DATE) servirá para respaldar ações conduzidas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
O relatório aponta que Ceilândia registrou o maior número de ocorrências de maus-tratos, entre janeiro do ano passado e março deste ano. A maior cidade do DF aparece com 58 casos, seguida por Samambaia (31), Planaltina (28) e Brasília (25). Já sobre os delitos de cárcere privado, Ceilândia também lidera com 15 ocorrências, contra 8 casos no Gama e 6 no Plano Piloto.
Entre o perfil das vítimas, a maioria compreende o grupo de crianças entre 6 e 11 anos. De acordo com o levantamento da PCDF, nos últimos 14 meses, foram identificados, neste universo, 105 meninos e 59 meninas. Quando a análise é feita com vítimas ainda mais novas, entre o grupo de 0 a 5 anos, foram localizados 77 garotos e 75 meninas.
O mapeamento ainda traz o perfil dos autores e o vínculo entre vítimas e seus agressores. O resultado choca pela proximidade entre as crianças e seus algozes. De acordo com o estudo, entre as ocorrências de maus-tratos registradas entre janeiro do ano passado e março deste ano, 38% dos autores são pais e mães das vítimas. Em seguida, com 16% dos casos, aparecem irmãos das vítimas e, em terceiro, com 13%, ex-companheiros dos pais das crianças agredidas.
Complexos, os casos mais graves são apurados pela DPCA. Segundo a delegada-chefe da especializada, Simone Pereira, a oitiva da criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência ocorre por meio de um depoimento especial, alicerçado em bases científicas, por meio da utilização de um protocolo. “Esse procedimento é essencial, pois respeita o estágio de desenvolvimento de cada vítima e reduz os efeitos da revitimização. É certo dizer, também, que o protocolo assegura os direitos do investigado”, explicou.
Menino enjaulado
Após encontrarem o garotinho no local, os policiais do GTOp 35 deram uma camisa para ele vestir e o retiraram da caminhonete. A criança foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML) e, depois, ficou aos cuidados da tia.
O agressor foi preso em flagrante e levado para a 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). De acordo com a ocorrência registrada na Polícia Civil (PCDF), o pai foi autuado por lesão corporal no âmbito de violência doméstica. Ele foi solto após realização de audiência de custódia.