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No DF, 26% da população de rua não têm Carteira de Identidade

Governo oferece meios de tirar documentação sem pagar taxas, mas público-alvo reclama de processo burocrático

atualizado

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homem segura placa que diz "ajude fome"
1 de 1 homem segura placa que diz "ajude fome" - Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

Como se não bastassem as dificuldades de não se ter um lugar para morar, 26,6% da população de rua do Distrito Federal não têm acesso à documentação civil básica, o Registro Geral (RG). Sem a identidade, não é possível receber benefícios sociais, seja do governo federal ou do distrital, como o Auxílio Brasil e o Prato Cheio, além de participar de outros serviços e programas.

O poder público permite que pessoas em situação de vulnerabilidade retirem o documento sem pagar taxas, principal gargalo para essa população. No entanto, as pessoas em situação de rua reclamam da demora na prestação do serviço.

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Sem documento civil, não é possível ter acesso a programas do governo
Levantamento feito pela Codeplan contabilizou 2.938 pessoas em situação de rua
Pessoas em situação de rua dormem em frente ao Centro POP, na Asa Sul
Gil Humberto Silva, de 40 anos, não consegue tirar 2ª via da identidade
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No DF, 26,6% da população não tem RG

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Sem documento civil, não é possível ter acesso a programas do governo

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Levantamento feito pela Codeplan contabilizou 2.938 pessoas em situação de rua

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Pessoas em situação de rua dormem em frente ao Centro POP, na Asa Sul

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Gil Humberto Silva, de 40 anos, não consegue tirar 2ª via da identidade

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Esse é o caso de Gil Humberto Silva, de 40 anos. Morando na rua há cinco anos, desde 2018 ele tenta tirar a segunda via da carteira de identidade, depois de ter o documento original furtado. “Vou na delegacia, me mandam para o fórum, vou no fórum me mandam para a delegacia”, resume.

Gil ainda enfrenta a dificuldade imposta pela falta de informação. Ele conta que só foi avisado sobre o processo de se tirar o RG pela forma gratuita.

Perguntado se teria condições de pagar pela segunda via, outra forma de se conseguir o documento – talvez, mais célere –, o homem respondeu que se soubesse da possibilidade já teria feito “há muito tempo”.

“Vou fazer isso aí, amanhã eu vou lá. O que eu vejo é que um fica jogando pro outro, eles não têm respeito”, protestou. A falta da identidade impediu o homem de conseguir o auxílio emergencial, por exemplo. Agora, se preocupa se será contemplado pelo Programa Prato Cheio, do Governo do Distrito Federal (GDF), que ajuda pessoas em situação de insegurança alimentar.

“Se sair o Prato Cheio, não vou conseguir receber sem a identidade”, lamenta Gil.

Codeplan: Distrito Federal tem quase 3 mil pessoas em situação de rua

Todo cidadão tem direito a tirar o documento de identificação gratuitamente, no entanto, em caso de perda ou roubo, é preciso pagar a taxa de R$ 42 para retirar a segunda via. Às pessoas em situação de vulnerabilidade social, há três formas de se conseguir a segunda via do RG sem pagar nada. São elas:

  • Por meio de um voucher disponibilizado na Defensoria Pública;
  • Por declaração de isenção emitida pela Secretaria de Desenvolvimentismo Social (Sedes);
  • Em ações sociais promovidas pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus).

Ainda assim, muitas vezes a pessoa em situação de rua prefere pagar a taxa do que passar pela burocracia.

“A gente tem que pegar esse voucher, mas eles ficam jogando pra um lado e jogando pro outro. Eu tive que catar latinha pra tirar minha identidade”, contou Silvana Pereira Lima, 51. A mulher explica que fez um esforço a mais no trabalho de catadora de materiais recicláveis por saber da importância de ter identificação.

“Sem a carteira de identidade a gente não é nada, não é cidadão. Imagina, a polícia para você e você sem documento, você não consegue nada”, pondera. Ela explica que com a identificação teve acesso ao Auxílio Brasil e ao Prato Cheio.

No DF, 604 pessoas passaram a viver nas ruas durante a pandemia

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"Sem documento, você não consegue nada”, afirma a mulher que vive em situação de rua
Mulher reclama de burocracia para tirar documento sem pagar taxa de R$ 42
Maria Aparecida Lourenço, 64, está sem RG desde 2020
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Silvana Pereira Lima precisou catar latinhas para tirar RG

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"Sem documento, você não consegue nada”, afirma a mulher que vive em situação de rua

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Mulher reclama de burocracia para tirar documento sem pagar taxa de R$ 42

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Maria Aparecida Lourenço, 64, está sem RG desde 2020

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Na mesma situação está Maria Aparecida Lourenço, 64, que está sem RG desde 2020, depois que a bolsa foi furtada enquanto dormia na Rodoviária do Plano Piloto. Antes de perder a identidade, ela conseguiu o Auxílio Emergencial.

“Na época estava toda documentada”, explica. A situação da moradora de rua é mais preocupante, porque ela tem dívidas a pagar e sem o RG não consegue outros auxílios do governo. “Consegui a Certidão de Nascimento na Defensoria, mas tive de pagar”, afirmou.

Homens representam 80,7% de população em situação de rua no DF

Além da falta da carteira de identidade, um em cada quatro moradores de rua não tem o Cadastro de Pessoa Física (CPF). O levantamento da documentação da população de rua foi feito pelo último relatório da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).

Segundo a pesquisa, atualmente, 2.938 pessoas não tem uma casa para morar, 604 delas passaram a morar na rua durante a pandemia de Covid-19. Foi o que aconteceu com Maria Carolina de Souza, 28 anos, e Wellerson dos Santos, 19.

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Cinco integrantes da família moram em uma barraca de acampamento
 Família pede ajuda em doações ou dinheiro
Família não pode pedir ajuda ao governo, já que não tem registro no Cadastro Único
 Três meninas moram na rua
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Família de baixa renda do Distrito Federal perdeu casa em incêndio

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Cinco integrantes da família moram em uma barraca de acampamento

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Família pede ajuda em doações ou dinheiro

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Família não pode pedir ajuda ao governo, já que não tem registro no Cadastro Único

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Três meninas moram na rua

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Na semana passada, o Metrópoles contou a história do casal. Do dia para a noite, eles perderam tudo o que tinham em decorrência de um incêndio e precisaram morar na rua junto com as filhas de 1, 6 e 10 anos de idade.

Agora, com cinco pessoas morando em uma barraca de acampamento para debelar o frio, a família sequer consegue se registrar no Cadastro Único – porta de entrada para que famílias em situação de vulnerabilidade receba benefícios assistenciais. O motivo: tanto Maria, quanto Wellerson não possuem documento de identificação.

“A gente procurou o Centro Pop [que acolhe a população de rua], mas como não temos conseguido pagar R$ 50 para tirar a identidade”, conta a mãe. Na época, Maria não tinha conhecimento sobre a possibilidade de se tirar gratuitamente o documento.

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