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O ano de 2020 no Distrito Federal começou longe da perspectiva do enfrentamento de uma pandemia. Antes de vivenciar o novo coronavírus e ter que se reinventar com hospitais de campanha, testagem em massa e unidades de terapia intensiva (UTI) para atender infectados com o novo vírus, a capital abriu o ano com contratação de policiais militares, iluminação nova na Torre de Televisão, pagamento de Cartão Material Escolar, contagem regressiva para o Carnaval e para a volta às aulas de mais de 600 mil estudantes em todo o DF.
Foram três meses de acompanhamento dos registros de Covid-19 na China, Europa e nos Estados Unidos, até a doença chegar ao Brasil. No Distrito Federal, o primeiro caso foi constatado em 5 de março. A primeira brasiliense a ter a doença, com diagnóstico confirmado, ficou internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), foi transferida para uma unidade particular de saúde e conseguiu se recuperar.
Depois disso, em março, veio uma leva de medidas para combater a pandemia que se espalhava pela capital: houve fechamento do comércio, ensino remoto para alunos das redes pública e particular, além de teletrabalho para os servidores públicos distritais.
O então chamado “novo normal” fez a população se reinventar. O Governo do Distrito Federal também precisou investir na compra de testes para identificar a doença e trabalhar para que a economia não parasse e os empregos fossem mantidos.
Mas a pandemia não foi o único acontecimento de destaque em Brasília. Em 2020, o DF iniciou o processo de privatização da Companhia Energética de Brasília (CEB), viu operações contra corrupção e a fiscalização constante das polícias Militar e Civil, bem como do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios: na ação mais emblemática, a então cúpula da Saúde do DF foi parar atrás das grades e no banco dos réus por desvios.
Houve aumento da tarifa de ônibus, mudança do sistema de bilhetagem e crescimento da assistência social à população carente, ainda mais flagelada do ponto de vista social pelos efeitos da Covid-19.
Em julho, o estudante de veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul foi picado por uma cobra Naja kaouthia que trouxe para o DF de forma ilegal e mantinha dentro de casa como bicho de estimação. O “acidente doméstico” com o animal exótico deflagrou uma investigação sobre tráfico de animais e levou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a denunciar quatro dos 11 indiciados pela Polícia Civil do DF no Caso Naja.
Ainda em 2020, a política de resíduos sólidos mudou. Após anos de contratos emergenciais, o DF licitou o serviço. Escolas foram reformadas e, apesar da pandemia, o setor imobiliário bateu recordes históricos, tanto de compra e vendas quanto de liberação de alvarás, com medidas de simplificação adotadas pela Secretaria de Habitação e Urbanismo do DF (Seduh).
E, em dezembro, a perspectiva de vacina nunca pareceu tão real. O ano termina com a elaboração de um plano de vacinação para os brasilienses, a ser levado adiante em 2021.
Você lembra dos fatos mais relevantes de 2020? O Metrópoles fez uma coletânea dos 12 meses do ano, com as principais notícias que impactaram a capital, para te ajudar.
Confira:
Janeiro
O primeiro mês de 2020 começou com a isenção de IPVA nos carros de R$ 70 mil para deficientes na capital.
A passagem de ônibus aumentou 10%. O decreto foi assinado em 13 de janeiro e publicado no Diário Oficial do DF. Os bilhetes tiveram acréscimo de R$ 0,50.
A Polícia Militar teve reforço de 718 militares na segurança das ruas do DF e a Polícia Civil fez megaoperação contra o PCC no Distrito Federal.
Fevereiro
Em 4 de fevereiro, morreu o professor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos. A suspeita era de que o docente da rede pública de ensino, lotado no Centro de Ensino Fundamental 410 Norte, tivesse sido envenenado. Após longa investigação, apreensão de celulares, oitiva de professores, testemunhas e família, além de laudo da Polícia Civil, ficou confirmada a morte por ingestão de veneno de rato.
Em 19 de fevereiro, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decidiu transferir os serviços do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) para o Banco de Brasília (BRB). Diante das reclamações da população sobre a má qualidade do atendimento prestado, o emedebista optou pela mudança, seguindo a mesma tática adotada para a bilhetagem eletrônica, quando tirou a função do antigo DFTrans e a delegou para a mesma instituição financeira.
No fim do mês, em 28 de fevereiro, o GDF declarou situação de emergência na saúde pública da capital em razão do “risco de pandemia” pelo novo coronavírus. A manifestação acompanhou decisão do Ministério da Saúde em anunciar emergência em todo o país. A medida facilita a aplicação de recursos, possibilitando compras e contratação de empresas sem licitação.
No fim de fevereiro, blocos de rua reuniram milhares de pessoas para comemorar o Carnaval em Brasília. Um dos mais tradicionais da cidade, o Raparigueiros, desfilou em 23 de fevereiro e reuniu uma multidão no Eixo Monumental. O Bloco das Montadas também concentrou milhares de pessoas no DF.
Mas nem tudo foi festa. No pré-Carnaval, um jovem de 18 anos morreu após levar uma facada no tórax e outra na cabeça. Matheus Barbosa estava no bloco Quem Chupou Vai Chupar Mais. O caso ocorreu em 9 de fevereiro.
Veja fotos e vídeo do Carnaval 2020:
Os homicídios aumentaram 57% em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2019. Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública, o início de 2020 no DF foi mais violento do que o começo do ano anterior.
Março
Em 5 de março, uma moradora de Brasília foi diagnosticada com o novo coronavírus – o primeiro caso no DF. Ela estava no Hospital Daher e foi transferida para o Hran, unidade transformada em referência para o tratamento da nova doença na capital. A paciente ficou internada por 105 dias, entre unidades públicas e privadas. Depois, em maio, foi liberada para tratamento em casa, até se recuperar totalmente da doença.
Em 12 de março, com 78 casos da doença confirmados, o Governo do Distrito Federal iniciou a publicação de uma série de decretos a fim de impedir a proliferação rápida da Covid-19. O primeiro documento publicado em Diário Oficial suspendeu aulas em escolas públicas e privadas da capital do país.
Ficaram proibidas ainda aglomerações durante missas, eventos esportivos e shows. A Universidade de Brasília (UnB) e outras instituições de ensino superior do DF também suspenderam as aulas.
No fim de março, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pediu à CLDF que reconhecesse estado de calamidade devido à pandemia do novo coronavírus. Na data, o DF tinha 333 infectados e 30 pessoas na UTI.
Empresários pedem socorro. Com restrições às atividades de hotéis, bares e restaurantes, o setor produtivo pediu ajuda ao GDF. No fim do mês de março, já se falava em fechar as portas e se estimava o prejuízo.
Abril
Diante da pandemia, o Governo do Distrito Federal iniciou a testagem em massa no Plano e em Águas Claras. Em seguida, expandiu para outras cidades.
Em 15 de abril, o casos crescentes do novo coronavírus na Papuda foram denunciados. Na ocasião, a penitenciária liderava o ranking de contaminados por Covid na capital.
Em abril, o GDF destinou R$ 2,7 milhões para um hotel que recebeu idosos na pandemia.
Maio
Em 13 de maio, o Senado autorizou o aumento dos vencimentos de policiais militares, civis e bombeiros do DF. O reajuste foi sancionado posteriormente pelo Palácio do Planalto. As forças receberam 8%, para os civis; e 25% em gratificação para os militares.
Em 26 de maio, após 76 dias fechado, o comércio de rua reabriu no DF. Um dia depois, os shoppings do Distrito Federal também voltaram a funcionar, com uma série de exigências sanitárias a serem cumpridas para evitar a infecção de clientes, funcionários, colaboradores e donos de lojas pelo novo coronavírus.
Junho
Em 30 de junho, o Ministério Público do Trabalho cobrou do GDF um plano de fluxo do transporte coletivo para retorno de atividades.
Julho
Em 7 de julho, o estudante de veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul foi picado por uma cobra Naja Kaouthia, o que iniciou investigação sobre tráfico de animais e levou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a denunciar quatro dos 11 indiciados pela Polícia Civil do DF durante a investigação.
Agosto
Em 25 de agosto, foi deflagrada a segunda fase da Operação Falso Negativo. Na ocasião, o então secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, e outros cinco integrantes do alto escalão da pasta acabaram presos.
A ação apurou o superfaturamento de R$ 30 milhões em cima de contratos que somam R$ 73 milhões na compra de testes para detecção da Covid-19 pelo GDF. Osnei Okumoto, que já havia ocupado o posto e estava na chefia do Hemocentro, assumiu o cargo e é o atual secretário.
Setembro
As mortes pelo novo coronavírus começaram a cair na capital. Os números, analisados pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, mostravam que os registros de óbitos sofreram redução de 18,1% quando comparados à semana imediatamente anterior.
Em 30 de setembro, após batalha judicial, as escolas privadas retomaram o ensino presencial em modelo híbrido e gradual no DF. As públicas, contudo, permaneceram fechadas.
Outubro
Em 19 de outubro, o GDF anunciou o cancelamento das festas de Réveillon 2020 e do Carnaval de 2021, devido à pandemia do coronavírus e à proximidade da segunda onda de infecção da doença. O Secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, disse que o Executivo local não iria custear eventos que gerassem aglomerações.
Novembro
Em 17 de novembro, o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo e outros cinco réus detidos no âmbito da Operação Falso Negativo deixaram a prisão. O grupo foi levado ao Setor de Indústrias Gráficas (SIA), onde funciona o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), para colocar tornozeleiras eletrônicas (foto abaixo).
Dezembro
A CEB Distribuição, subsidiária da Companhia Energética de Brasília, foi a leilão em 4 de dezembro, na Bolsa de Valores de São Paulo. Foi a primeira privatização de empresa pública no Distrito Federal. A vencedora foi a Bahia Geração de Energia, da Neoenergia, que deu o maior lance para a compra da subsidiária: R$ 2,515 bilhões.
Ainda em dezembro, a média móvel de mortes por Covid-19 no Distrito Federal voltou a subir. Mesmo assim, autorizados a abrir, bares, restaurantes e shoppings têm ficado lotados, o que levou o GDF a restringir o horário de funcionamento desses locais até as 23h.
No dia 15 de dezembro, o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Rafael Prudente (MDB), foi reeleito. O parlamentar vai continuar no comando da Casa ao longo do biênio de 2021 e 2022.
Em 18 de dezembro, o GDF apresentou o Plano Distrital de Vacinação contra a Covid-19. Trabalhadores da saúde e idosos acima de 75 anos serão os primeiros a serem imunizados.
Na segunda fase, idosos com idade entre 60 e 74 anos receberão a vacina. Pacientes com comorbidades terão acesso às doses na terceira fase de imunização prevista pelo GDF. No quarto grupo, professores e profissionais das forças de segurança e salvamento serão vacinados.
Em 22 de dezembro, a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Distrito Federal (PED-DF) feita em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A pesquisa registrou taxa de desemprego de 17,8% no Distrito Federal e 24,3% nos municípios do Entorno do DF. Ainda segundo o estudo, o contingente de ocupados no mercado de trabalho brasiliense aumentou em 30 mil pessoas (2,3%).