No DF, 2 milhões não têm plano de saúde, o maior número em uma década
A quantidade representa 67,5% da população da capital do país. Especialista diz que pandemia contribuiu para o aumento de pessoas sem plano
atualizado
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Em 2021, o Distrito Federal registrou o maior número de pessoas sem plano de saúde da última década. A quantidade, que já chegou a 1,7 milhão, agora é de 2 milhões de indivíduos, o que corresponde a 67,5% da população da capital do país.
Os dados são de um levantamento feito pelo Metrópoles com base nos dados das Pesquisas Distritais por Amostra de Domicílios (PDADs), feitas pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Os anos analisados foram os de 2011, 2013, 2018 e 2021. O estudo referente ao ano de 2015 está em revisão; por isso, não foi disponibilizado para consulta.
Maria Elza Alves, 45 anos (foto em destaque), está sem convênio desde 2017. Casada e com duas filhas, ela afirma não ter sido possível manter um plano devido aos altos preços. “Ficou impossível pagar para nós quatro. Estão muito caros. Nunca foi barato ter plano de saúde, mas está cada vez mais difícil conseguir pagar um”, lamenta.
Moradora do Lago Norte, Maria sente falta de ter um seguro, mas pensa em alternativas. “Sinto muita falta. Parece que, quando tem seguro-saúde, você quase não usa, mas, desde que ficamos sem, precisamos inúmeras vezes. Às vezes, fico pensando se não seria melhor fazer uma reserva especial só para isso”, avalia.
Uma ex-servidora pública, de 50 anos, que não quis se identificar, perdeu o convênio por ter sido demitida durante a pandemia da Covid-19. Com problemas na coluna e necessidade de tratamento, ela chegou a contratar um seguro por conta própria, mas o bolso não aguentou por muito tempo.
“Perdi o emprego em abril de 2020. Cancelei o novo plano em fevereiro deste ano, até antes de um aumento. Eu pagava R$ 1.250 e estava desempregada, não tinha como arcar”, conta a moradora do Areal, em Águas Claras. Atualmente, ainda sem emprego, ela tenta atendimento na rede pública. “Consegui vaga para exames e consultas, mas só para daqui a seis meses. É muito tempo”, comenta.
Economia
Presidente do Conselho Regional de Economia do DF, César Bergo explica que “a pandemia deveria ter feito com que as pessoas pensassem em ter esse tipo de prudência, mas muitos, por acharem que não precisam, e em função dos preços, acabam não optando”.
“Outro fator que contribui para a queda no número de pessoas que têm plano de saúde é o trabalho autônomo. Quando se trabalha em uma empresa, ela contrata um plano de saúde para os funcionários. Mas, com essa questão do trabalho autônomo, sem ligação com carteira de trabalho, elas não tomam esse cuidado. Não é barato, em decorrência do preço dos hospitais e das consultas médicas, que aumentaram com a pandemia. Isso é repassado para o beneficiário”, detalha César.
O economista afirma haver formas de baratear os custos do convênio. “A melhor saída é buscar associação, grupo ou empresa que possa fazer o seu convênio ficar mais barato, porque a quantidade que adere torna o contrato mais em conta do que fechar sozinho e com dependentes”, esclarece.
De acordo com projeções da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), os seguros-saúde individuais podem ter reajuste recorde e chegar a 15,7% neste ano. Inicialmente, o percentual previsto era de 16,3%, mas foi revisado depois que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) atualizou os dados do quarto trimestre de 2021 na base de dados de referência.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) estima que o percentual de reajuste seja próximo a 16,3%. “Infelizmente, os salários não têm acompanhado esses índices e a inflação. Então, muitas pessoas não têm condições de comprar um convênio, principalmente porque os planos vão aumentando de acordo com a idade do beneficiário”, acrescenta o presidente do Conselho Regional de Economia do DF.
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