No DF, 18,7 mil crianças tiveram Covid; 5 morreram vítimas da doença
Segundo a Secretaria de Saúde, 52 desenvolveram uma síndrome inflamatória associada ao coronavírus no DF. Veja quais são os sintomas
atualizado
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Desde o início da pandemia do novo coronavírus até a última segunda-feira (17/5), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) registrou 18.785 casos de Covid-19 em crianças de 0 a 14 anos. Dessas, cinco morreram em decorrência da doença.
Embora o número de óbitos por Covid-19 em criança seja proporcionalmente bem menor em relação às demais faixas etárias – não chega nem a 5% –, a Secretaria de Saúde acompanha os casos de uma doença que está sendo associada ao coronavírus em pacientes pediátricos: a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (Sim-P).
O Distrito Federal diagnosticou 52 casos de crianças com essa condição. Há registro de sete casos em 2021: dois em crianças de 0 a 4 anos, quatro de 5 a 9 anos; e um em criança de 10 a 14 anos. Foram quatro meninos e três meninas e não houve registro de óbito.
Síndrome
A doença leva ao desenvolvimento de uma inflamação significativa, e os exames indicam infecção atual ou recente pelo novo coronavírus, ou ainda quadro clínico confirmado da doença.
Por isso, a síndrome está sendo associada à Covid-19, embora esta relação causal ainda não esteja estabelecida. Os primeiros casos foram registrados na capital brasileira em abril de 2020. Ao longo do ano passado, foram 80 meninos e meninas sob suspeita desse quadro clínico. Desse total, 67 eram residentes no DF e 45 pacientes tiveram a confirmação. Uma criança morreu.
Segundo a médica Referência Técnica de Pediatria da SES, Ivana Novaes, a Sim-P é uma doença recente, que ainda é acompanhada por especialistas. “Foi descrita primeiramente no Reino Unido, em abril do ano passado. É uma reação imunológica que o corpo tem contra o vírus e, em geral, aparece duas semanas após o contato. Ou a criança teve Covid ou teve contato com o coronavírus”, pontua.
Conforme a pediatra explica, a Sim-P “não é tão rara, mas também não é tão comum”. “Mesmo sendo bastante nova, já temos uma conduta estabelecida. Claro que vamos aprender muito mais no futuro, mas já tivemos alguns casos aqui e, então, temos como manejar”, assinala.
Apesar de ser uma síndrome potencialmente grave, Ivana ressalta que a maioria das crianças evolui bem, mas que é necessário procurar um médico quando aparecerem os sintomas.
“A criança fica bastante comprometida, pode levar a manifestações cardíacas importantes, inclusive de pressão arterial baixa. Quando chegamos ao diagnóstico, já internamos. Nem sempre ela necessita de terapia intensiva, só quando tem um quadro mais grave, mas, por precaução, internamos para tratar”, afirma.
Ainda de acordo com a especialista, é importante que o paciente, após se recuperar, mantenha um acompanhamento médico, uma vez que se trata de uma doença recente. “Normalmente [a criança] recupera, mas como a síndrome dá alterações coronarianas, para o coração, tem que acompanhar durante um certo tempo, para ver se volta ao normal. Como é muito nova, não sabemos das sequelas a longo prazo. A curto prazo, fazemos acompanhamentos, porque dá essas alterações cardíacas que têm que ser observadas”, enfatiza.
Pesadelo
Em abril, o Metrópoles contou a história da dermatologista Thiara Lenzi, 40 anos. Ela viveu um pesadelo ao ter seu filho caçula, de apenas 1 ano e 9 meses, internado em uma UTI para tratar a Síndrome Inflamatória Multissistêmica.
Thiara contou que, apesar de ninguém da família ter sido infectado pelo coronavírus, a criança começou a apresentar manchas vermelhas pelo corpo e febre persistente de 38°C. Dois dias depois do início dos sintomas, o quadro já estava mais definido. Além das manchas, o bebê, que se chama Davi, estava extremamente irritado, com os olhos vermelhos, a boca seca e a língua com erupções que lembravam um morango. A febre já era de 40°C e não cedia.
Para que Davi se recuperasse, foram necessários cinco dias na UTI pediátrica, com a administração de imunossupressores que controlaram a infecção. “Graças a Deus, meu filho está bem, mas julgo importante alertar os pais, pois o tratamento da síndrome precisa ser iniciado o mais rápido possível”, relatou à época.
Fique atento aos sintomas:
- Febre acima de 38ºC persistente por pelo menos três dias
- Manchas vermelhas pelo corpo
- Pressão baixa
- Conjuntivite
- Sinais de inflamação no nariz, mãos ou pés
- Problemas gastrointestinais agudos (diarreia, vômito ou dor abdominal, comprometimento de múltiplos órgãos e alteração dos marcadores inflamatórios)