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No DF, 12% das crianças estão acima do peso: “Doloroso não achar roupas”

Dados do Ministério da Saúde mostram que, na capital federal, 1.792 crianças desta faixa etária estão obesas, e 5.028, com excesso de peso

atualizado

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Lanches industrializados
1 de 1 Lanches industrializados - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

No Distrito Federal, 12,5% das crianças de até 10 anos estão com excesso de peso, conforme dados do Ministério da Saúde. Neste mês, a pasta lançou um painel para apoiar estados e municípios no acompanhamento nutricional das crianças menores de 10 anos na Atenção Primária à Saúde (APS). A plataforma traz informações sobre a situação alimentar a partir do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, para os anos de 2018 a 2020.

Segundo os dados, de um total de 40.184 crianças nesta faixa etária avaliadas no DF, 1.792 estão obesas, e 5.028, com excesso de peso (soma de sobrepeso e obesidade). Ou seja, 4,45% das crianças menores de 10 anos na capital federal sofrem de obesidade.

A Secretaria de Saúde do DF tem uma linha de cuidado para o sobrepeso e a obesidade que vai desde a Atenção Primária à Saúde. O Centro Especializado Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh) é um ambulatório especializado no atendimento de diabetes, obesidade e hipertensão que faz parte da Atenção Secundária à Saúde. No caso da obesidade infantil, são atendidas crianças e adolescentes que apresentam obesidade grave (escore z do IMC> 2 com comorbidades ou escore z do IMC >3).

Desafios

Uma das filhas da dona de casa Graciele Ribeiro, 32 anos, Maria Vitória, de 10, faz acompanhamento na rede pública de saúde do DF desde maio deste ano, quando pesava 67,6kg e media 1,53m.

“O peso certo para a idade dela era até 40kg. Ela fazia acompanhamento com pediatra, e a médica viu que estava com taxas altas. Aí, graças a Deus, consegui uma consulta com nutricionista na rede pública. Ela passou uma dieta, mas ainda tenho problemas com relação ao psicológico dela, porque é muito ansiosa”, conta a mãe.

Segundo Graciele, Maria ganhou mais peso entre o ano passado e este ano, durante a pandemia da Covid-19. “Ela fez uma consulta no começo de 2020 e, quando voltou, em setembro, tinha engordado 11kg. Foi aí que houve o salto, e a pediatra ficou assustada e a encaminhou para uma endocrinologista”, detalha.

“É doloroso a gente não encontrar roupas, ir em uma loja e não achar algo que caiba. Agora, estamos aguardando por uma psicóloga na rede pública, porque também afeta o psicológico”, lamenta a mãe.

Graciele, os quatro filhos e o marido vivem no Assentamento 26 de Setembro, próximo a Vicente Pires. Segundo a mulher, os desafios no combate à obesidade infantil envolvem toda a família.

“Você falar para uma criança que comia dois pães com queijo e presunto que agora só pode comer um é complicado”, comenta. “Não compro mais tanta besteira, como refrigerante, biscoito. Um domingo ou outro que ela quer comer biscoito e eu deixo, mas é muito difícil ficar controlando”, desabafa.

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Ela conseguiu consulta com uma nutricionista na rede pública do DF
Obesidade infantil: saiba como lidar e evitar que aconteça com seu filho
Desafios envolvem toda a família
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Maria recebeu o diagnóstico de obesidade aos 10 anos

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Ela conseguiu consulta com uma nutricionista na rede pública do DF

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Exercícios físicos

A moradora de Taguatinga Vanessa Vieira, 35, também enfrenta situação parecida com a filha Ana Luiza, de 11. Segundo a mãe, Ana também ganhou peso durante a pandemia, uma vez que passou mais tempo em casa, sem fazer exercícios físicos. Atualmente, ela pesa 82kg e tem 1,54m de altura.

“Achei que a pandemia piorou muito, porque ela fica em casa ociosa, fica mais no celular. Mas, agora, tem um mês e pouco que ela está fazendo treino funcional kids e está gostando bastante”, conta.

“A gente passou por endocrinologista, nutrólogo, nutricionista… Eu não posso fazer por ela, então a questão de ela aceitar a alimentação, de ser muito seletiva, é a maior dificuldade que a gente tem. Os exercícios a deixaram muito mais ativa, até dentro de casa, para fazer as coisas. Agora, está bem mais disposta, mas o maior problema é a alimentação”, relata a mãe.

Políticas públicas
Segundo a coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini, incentivar a alimentação saudável, a diminuição do sedentarismo e as ações voltadas para a saúde das crianças não é papel unicamente das famílias.

“Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), as equipes fazem acompanhamento da saúde das crianças e de toda a população. Entre os itens que são acompanhados estão o peso e a altura. A partir desse acompanhamento feito pelas equipes e registrado no sistema da Atenção Primária, nós conseguimos avaliar a evolução temporal. Essa evolução tem mostrado que a prevalência de obesidade infantil tem aumentado em todas as idades, inclusive no DF”, pontua a nutricionista.

“A obesidade infantil tem causas muito variadas, causas complexas. Claro que alimentação e inatividade física impactam diretamente o peso da criança, mas uma série de outros fatores acabam determinando o que essa criança vai comer ou o nível de atividade física dela […] Um dos pilares que nós discutimos é que a obesidade infantil precisa de envolvimento de diversos setores para garantir políticas públicas de prevenção e controle. Porque não é só uma questão individual, é preciso que os ambientes que a criança frequenta sejam saudáveis: a escola, a UBS, as praças…”, destaca.

A especialista comenta que é importante os pais conversarem com os filhos, mas os espaços frequentados pelas crianças, como as escolas, também “têm papel importante nessa formação”.

“No DF, há ruas que fecham [para a passagem de veículos] no fim de semana, e isso é uma experiência bem-sucedida, porque a gestão distrital está promovendo espaços para as crianças fazerem atividade física. Também tem normas sobre a questão da alimentação escolar… Então, há uma série de ações que podem ser realizadas e, normalmente, extrapolam o setor de saúde, que acabam impactando o que essas criança comem”, exemplifica Gisele.

“O próprio transporte público. A mãe dessa criança fica quanto tempo no transporte público? Pouco tempo ou muito tempo? Se ela ficar muito, será que vai sobrar tempo para cozinhar? Então, não é só uma questão individual, mas tem uma série de fatores que acabam impactando”, acrescenta.

Ainda segundo Gisele, a obesidade infantil pode provocar uma série de repercussões negativas para a criança, não só na questão física, mas também na saúde mental. “E essas repercussões negativas se prolongam para a adolescência e para a vida adulta. Uma vez que a criança tem excesso de peso, a probabilidade dela ser um adolescente, um adulto com excesso de peso é muito alta. Por isso, a importância de se prevenir”, reforça.

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