No Dezembro Vermelho, faltam camisinhas em centro de testagem de HIV
Campanha chama atenção para prevenção e diagnóstico precoce do HIV. No DF, unidade está sem preservativos masculinos há cerca de três meses
atualizado
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Em meio à campanha Dezembro Vermelho, que chama atenção para prevenção e diagnóstico precoce do HIV e para o tratamento contra a Aids, o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) do Distrito Federal está sem preservativos masculinos para disponibilizar à população. Nessa sexta-feira (3/12), o Metrópoles esteve na unidade e confirmou que havia apenas camisinhas femininas no local.
Até pelo menos julho deste ano, segundo informações da Secretaria de Saúde do DF, o CTA distribuía mensalmente 43 mil preservativos masculinos e mil femininos. Entretanto, funcionários do local apontam que, há cerca de três meses, não há camisinhas masculinas disponíveis. Gel lubrificante estaria há mais de um ano em falta.
Na entrada do CTA, uma espécie de máquina onde deveriam ser retiradas as camisinhas está sem funcionar. O equipamento estaria instalado no local há alguns meses, mas não é usado, uma vez que funcionários não têm acesso ao código para a retirada dos preservativos.
Veja imagens do local:
Um jovem de 24 anos que esteve no CTA nesta sexta para realizar exame de infecções sexualmente transmissíveis (IST) conversou com a reportagem. Para o rapaz, que pediu para não ser identificado, a falta de preservativos na unidade “é uma falta de respeito com o usuário do SUS”.
“Eu diria que é uma hipocrisia no mês da campanha Dezembro Vermelho a rede não fornecer adequadamente o principal item para a prevenção de IST”, reclamou.
CTA
O centro é uma unidade da Atenção Secundária, vinculada ao Hospital Dia da Asa Sul, e funciona no mezanino da Rodoviária do Plano Piloto. No local, podem ser feitos testes para detecção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), aconselhamento sobre o assunto e retirada de preservativos.
O CTA funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, e atende pessoas a partir dos 13 anos de idade. Os atendimentos são direcionados a toda a população, sem necessidade de agendamento. Basta que o usuário se apresente na unidade com desejo de fazer um dos quatro tipos de exames realizados na unidade: HIV, sífilis, hepatite B e C. O material é colhido e analisado ali mesmo e entre 20 e 60 minutos o paciente tem em mãos o resultado do exame.
Além dos exames clínicos, o serviço oferece aconselhamento e abordagem sindrômica a portadores de ISTs e profilaxia pós-exposição sexual (PEP) e ocupacional ao HIV. Esses medicamentos estão disponíveis para pessoas que tenham entrado em contato com o vírus recentemente.
Dados de HIV no DF
Nos últimos anos, a detecção de novos casos tem apresentado queda. Em 2020, foram 690 novos casos registrados no Distrito Federal, além de 96 óbitos. Em 2021, até o momento, 581 contaminações confirmadas e 76 óbitos – número que ainda pode sofrer alteração.
De 2016 a 2020, foram diagnosticados, em média, 701 casos por ano e, no mesmo período, 306 novos casos de Aids. Já os óbitos por Aids, a média nesses cinco anos foi de 105 óbitos.
Veja o gráfico:
Tratamento
Victor Bertollo, médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, destaca que a detecção precoce é fundamental para evitar que o paciente evolua para o estágio de imunodeficiência, ou seja, para a Aids.
“O tratamento contra o HIV é realizado com uma combinação de medicamentos, de antirretrovirais de ação direta, que atuam diretamente em partes do metabolismo do vírus HIV. No Brasil, são fornecidos exclusivamente pelo Ministério da Saúde, pelo SUS, então são gratuitos”, explica o especialista.
A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) denomina o conjunto de sintomas e infecções resultantes dos danos causados no sistema imunológico pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).
“É variável de indivíduo para indivíduo o tempo de evolução entre a infecção pelo HIV e o desenvolvimento da Aids, mas em geral são alguns anos. Nesse período, se a gente consegue diagnosticar e iniciar o tratamento, evita-se que a pessoa evolua para a Aids”, acrescenta Bertollo.
O que diz a Saúde
Procurado para um posicionamento, o Ministério da Saúde informou que, nos últimos três meses, enviou os seguintes quantitativos de preservativos masculinos de 49mm e 52mm ao Distrito Federal:
- Setembro/2021: 489.600 unidades, entregues em 28/09/2021.
- Outubro/2021: 834.048 unidades, entregues em 13/11/2021.
- Novembro/2021: 875.808 unidades, entregues em 26/11/2021.
- Para dezembro está previsto o envio de aproximadamente 1 milhão de unidades.
O Metrópoles também procurou a Secretaria de Saúde do DF, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. Caso a pasta se pronuncie, o conteúdo será atualizado.