“No desespero”, diz homem que salvou mulher de enxurrada no DF
Carpinteiro disse que só pensou depois no perigo que também corria ao se atirar na correnteza formada pela chuva em Ceilândia
atualizado
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O carpinteiro Romário Carvalho dos Santos, 30 anos, é o homem que aparece no vídeo e o responsável por salvar a vida da mulher arrastada pela enxurrada na EQNP 22/26, no P Sul, em Ceilândia, na noite de quinta-feira (12/12/2019).
Segundo o carpinteiro, ele jogava sinuca com amigos, após o expediente, em um bar da região quando tudo ocorreu. “Estava chovendo forte e nós vimos a moça dobrar a esquina para descer a pé pela rua. Então, ela se desequilibrou e caiu.”
“Nesse momento, quando me dei conta, ela já estava sendo arrastada. Um colega colocou o taco para a moça segurar, mas ela não conseguiu se firmar. No desespero, eu tomei a decisão de pular para tentar tirá-la da água. Graças a Deus, fui feliz.”
O rapaz está contente por ter salvado a vida da mulher, que diz não conhecer. “Eu consegui. Depois, percebi que também estava me arriscando e poderia ter ocorrido algo pior com nós dois. Eu nunca tinha salvado a vida de ninguém antes. Tinha um bueiro aberto e, caso nós enganchássemos lá, tanto eu como ela sairíamos feridos.”
Vídeos da ocorrência foram publicadas no site Diário de Ceilândia. Veja:
Ainda segundo Romário, ele não pensou nos perigos que também estava correndo. “A minha decisão era de ajudar a mulher. Só isso.”
Romário disse que gostaria de conhecê-la. “Eu queria reencontrá-la para saber se ficou tudo bem. No momento que tirei ela da água, ela chorava muito e recusou ajuda. Seguiu em frente. Eu ia me sentir muito bem se pudesse conhecer a pessoa que eu salvei.”
Ocorrências
Um dia depois de a mulher ser arrastada pela água da chuva na EQNP 22/26 no P Sul, os moradores da região buscam informações para tentar saber quem é ela.
A estudante Andreza Beatriz de Rezende, 22 anos, mora em frente ao local onde houve a enxurrada. Ela registrou o vídeo com o aparelho celular e conta que sempre que chove na região acontecem diversos problemas.
“São vários transtornos. Tudo que está na rua desce com a força e a velocidade da água. Eu estava vendo tudo. Fiquei assustada ao perceber que a mulher atravessaria a rua e gritei para ela não entrar na correnteza.”
Andreza acha que a vítima não ouviu comerciantes e moradores da região falando com ela. “Com certeza, ela não é daqui porque todos nós sabemos que, quando tem temporal, isso ocorre. Não é a primeira vez.”
Outra moradora da quadra comentou que viu a mulher passar pela rua e, logo depois, soube que ela foi arrastada pela água. “Ela estava com uma capa preta. Parecia estar com pressa. Todo mundo na região se conhece e nunca havíamos visto ela por aqui antes. Ainda bem que não tinha carros nem outros obstáculos na rua, porque ela poderia ter batido a cabeça ou se machucado.”
A adolescente Beatriz Soares, 17, também mora na EQNP 22/26 e conta que estava em casa quando a chuva começou. “Não durou 20 minutos. Foi rápida, porém forte. Foi tempo suficiente para fazer esse estrago”, lembra.
A jovem diz que não viu a cena da mulher sendo carregada pela água, mas sabe que, com os bueiros entupidos de lixo jogado pela população, o resultado não poderia ser outro. “Eu mesmo presenciei cama e colchão box indo embora com o ‘rio’. Um motociclista quase foi carregado pela água, mas conseguiu retornar.”