Nível de poluentes na atmosfera do DF está 11 vezes acima do adequado
Névoa que encobre DF pode gerar risco à saúde em caso de inalação. Qualidade do ar, segundo sites de monitoramento, chega a nível “perigoso”
atualizado
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Por mais um dia, o céu do Distrito Federal ficou encoberto, principalmente em decorrência da fumaça de incêndios em vegetação registrados na capital do país. O cenário fez a qualidade do ar piorar nesta terça-feira (17/9), e diversas áreas – especialmente as mais próximas à região do Parque Nacional de Brasília – ficaram invisíveis sob uma densa névoa.
O site de monitoramento em tempo real da qualidade do ar AQICN.org acompanha esses dados em três pontos do Distrito Federal: em Águas Claras, na Asa Norte e em Santa Maria.
Os resultados verificados por volta das 7h40 (horário de Brasília) demonstraram as seguintes classificações: “insalubre” (monitor de Águas Claras) – principalmente para grupos sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas; “perigoso” (Asa Norte); e “moderado” (Santa Maria).
Veja imagens desta terça-feira (17/9):
No caso do site da empresa suíça IQAir, a atualização mais recente ocorreu à 1h desta terça-feira (17/9). O monitoramento, que se baseia em dados obtidos via satélite, classificou a qualidade do ar como “insalubre para grupos sensíveis”.
Além disso, a concentração de partículas finas do tipo PM 2,5 – material leve e minúsculo o suficiente para permanecer suspenso no ar – estava em nível 11 vezes pior do que o valor de referência anual para a qualidade do ar definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas partículas, inclusive, podem gerar riscos à saúde, em curto e longo prazos, em caso de inalação.
Também com monitor na Asa Norte, o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) verificou, na avaliação mais recente desta terça-feira (17/9), às 7h54 (horário de Brasília), que a qualidade do ar estava em nível “péssimo” – o mais alto da escala
Riscos à saúde
Os materiais particulados considerados nas avaliações, o PM 2,5, referem-se a partículas de tamanho igual ou inferior a 2,5 μm (mícrons – um milésimo de metro). E quanto menores forem, maiores as chances de inalação deles; por isso, a recomendação do Ministério da Saúde para reduzir a aspiração desses materiais e os eventuais riscos ao organismo é pelo uso de máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, se possível.
A Organização Pan-Americana de Saúde (Paho) destaca que “a base de evidências para os prejuízos que a poluição do ar causa ao corpo humano vem crescendo rapidamente e aponta para danos significativos causados até mesmo por baixos níveis de muitos poluentes do ar”. Cenários com frequente presença dessas partículas no ar podem ter registros de mortes prematuras e aumento de internações.
“O material particulado, especialmente o PM2,5, é capaz de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares (AVC) e respiratórios. Há evidências emergentes de que o material particulado afeta outros órgãos e também causa outras doenças”, ressalta a organização.
As Diretrizes de Qualidade do Ar da OMS mais recentes, divulgadas em 2021, recomendam os seguintes limites de concentração para esses poluentes:
Para PM2,5: média anual de 5 µg/m³; média de 24 horas: 15 µg/m³
Para PM10: média anual de 15 µg/m³; média de 24 horas: 45 µg/m³
Para NO2: média anual de 10 µg/m³; média de 24 horas: 25 µg/m³
Confira as recomendações para evitar riscos à saúde:
- Aumentar a ingestão de água e líquidos;
- Reduzir ao máximo o tempo de exposição à fumaça e, se possível, permanecer em locais fechados;
- Manter portas e janelas fechadas, especialemente durante horários com elevadas concentrações de fumaça;
- Manter o ambiente umidificado e/ou, se possível, com purificadores de ar ligados;
- Usar máscaras do tipo PFF2, PFF3, N95 ou P100 em ambientes externos;
- Evitar atividades física em áreas abertas.