“Ninguém viu nem ouviu nada”, diz jovem que estava em lancha com advogado
Testemunha contou ao Metrópoles que todos os que estavam na embarcação seguem muito abalados e confusos com o sumiço de Dudu
atualizado
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“Eu estou superabalada. Não durmo desde sábado”. A fala é de uma das pessoas que se encontravam na mesma lancha onde o advogado Carlos Eduardo Marano Rocha, 41, estava. Ele, que está desaparecido há quatro dias, foi visto pela última vez durante o passeio que fazia com amigos, quando misteriosamente sumiu. Bombeiros realizam buscas pelo Lago Paranoá, mas a falta de precisão sobre o local onde ele possa ter caído dificulta as operações.
A testemunha aceitou conversar com o Metrópoles sob a condição de anonimato. Segundo contou, foi convidada por um amigo para participar do passeio, o piloto da embarcação não havia ingerido bebida alcoólica e todos os tripulantes da lancha estão muito confusos e tristes com a situação.
“Ninguém ouviu nem viu nada. Ficamos tentando juntar as peças e nada se encaixa”, diz a jovem.
Carlos Eduardo estava no barco com cinco amigos. Em outra embarcação, mais seis pessoas, também conhecidas, faziam o mesmo passeio. “Não era uma festa. Era um passeio. Duas lanchas, seis pessoas em cada. Não havia superlotação”, disse a testemunha.
Todos os tripulantes de ambas as embarcações prestaram depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal no sábado. Apesar disso, a irmã de Carlos Eduardo, que veio do Rio de Janeiro para acompanhar as buscas, reclama que o piloto da lancha onde o irmão estava poderia colaborar mais.
“Não queremos acusar ninguém. Queremos respostas”, diz a nutricionista, que, por ora, prefere não se identificar.
“Eu não sei mais o que fazer para ajudar, já fiz tudo o que pude. Estou muito triste. Imagino como está a família dele…”, lamenta a jovem.
Operação de resgate
A família do advogado acompanha de perto o quarto dia de buscas, comandado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e pela Marinha do Brasil.
Os trabalhos desta terça-feira (4/8) estão concentrados em uma área menor do que a de ontem, segundo o capitão Daniel Oliveira, do Corpo de Bombeiros, que comanda as operações. “Vai descer uma dupla de mergulhadores, passaremos o sonar, entre outras ações. Estamos usando cinco técnicas simultaneamente”, conta Oliveira.
Os bombeiros retomaram as operações às 6h30 desta terça e só vão parar às 19h. Com 18 militares e um cão farejador, os socorristas refazem todo o percurso seguido pela lancha no dia da festa. Quatro motos aquáticas estão nas águas do Paranoá, onde tentam localizar o advogado. Além do CBMDF, quatro militares da Marinha do Brasil auxiliam na procura.
Um helicóptero também acompanha toda a operação aquática, com o intuito de identificar qualquer objeto que possa auxiliar na resolução do caso, que segue misterioso.
Família
“Meu irmão tem presença marcante. Como ninguém viu ele caindo? E o boné? Cadê esse boné, que a gente não sabe onde está? Disseram que encontraram o boné, mas ninguém sabe onde está”, disse a irmã do advogado.
A carteira e o celular de Carlos Eduardo foram encontrados no domingo e entregues à família. “Tentamos desbloquear o aparelho com as senhas que imaginávamos que poderiam funcionar, mas não deu certo. Entregamos, então, ontem [segunda-feira] para a polícia, na intenção de ajudar a descobrir se há algo que possa auxiliar nas buscas”, diz o cunhado do advogado, Leonardo Albuquerque.
Vídeos mostram os últimos momentos de Carlos Eduardo na lancha. Em duas imagens, o advogado é visto, ainda durante o dia. Em uma das situações, ele está de pé, ao fundo da embarcação, dançando. Em outra, sentado, conversando com os amigos. “Não queremos acusar ninguém. Queremos respostas”, diz a nutricionista, que pede pra não ser identificada. Ela cobra a ajuda de amigos de Carlos Eduardo que estavam na lancha na hora da festa. Até o momento, nem o piloto ou qualquer tripulante da lancha soube dizer a dinâmica do acidente.
A irmã de Dudu, como o advogado é chamado, pontuou que as pessoas que o acompanhavam no passeio poderiam colaborar tentando lembrar detalhes do acidente: o trecho em que ele caiu da embarcação; se o advogado bateu a cabeça na queda; e se, uma vez na água, foi visto nadando.
“Um amigo ligou para o irmão dele falando do desaparecimento. Vamos ficar até que ele seja encontrado”, disse a amiga, que “é quase irmã” de Carlos Eduardo, pois foram criados juntos.
Elas estão no Grupamento de Salvamento e Resgate, perto da Villa Náutica. “Não falaremos de culpa. Estava tudo certo com a lancha, lotação correta, piloto tinha habilitação”, listou a amiga. “Só queremos mesmo saber o que aconteceu e onde ele pode estar”, completou.
O caso começou a ser investigado pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), mas agora é de responsabilidade da 10ª DP (Lago Sul). Alguns tripulantes da lancha e o piloto prestaram depoimento nessa segunda-feira (3/8).
Profissional
Carlos Eduardo é carioca e trabalha para o escritório paulista Leite, Tosto e Barros Advogados. Ele é separado, não tem filhos e mora no Noroeste. O advogado cuida das áreas de agências reguladoras, consumidor, contencioso e resolução de conflitos, além de contencioso estratégico em tribunais superiores.
Ele tem experiência profissional de 14 anos, mais especificamente sobre direito obrigacional, contratual, bancário, além de ter forte prática na realização de auditorias. Formou-se em direito pelo Centro Universitário Euro-Americano (Unieuro) e fez pós-graduação em direito civil e processual civil pela Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, e em direito público pela Fortium Cursos Jurídicos, no DF.