Neto de Roriz publica carta de despedida ao avô
No texto, Joaquim Neto exalta os feitos do ex-governador e diz que Brasília “está órfã”
atualizado
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Logo após a confirmação da morte do avô, Joaquim Domingos Roriz Neto divulgou uma carta na qual se despede do ex-governador do Distrito Federal.
No documento, o candidato a deputado federal pelo Pros exalta os feitos do homem que passou mais tempo à frente do Executivo distrital.
Confira a íntegra:
“Brasília está órfã, meu avô partiu. Deus ordenou que tudo na vida tivesse um início e um fim. E tudo que nos acontece, é através da vontade de Deus. O frio é importante, porque assim valorizamos o calor. A tristeza é importante, porque assim valorizamos a felicidade. Tudo pode mudar nessa vida, tudo menos a nossa fé em nosso amoroso Criador.
Estou profundamente desolado. Já percebo o vazio de sua ausência. Mas tudo que ele fez, pelo Distrito Federal e por Brasília, continuará sempre presente. Eu sabia que esse dia iria chegar. Mas não pensei que seria de forma tão rápida. É como se tivessem puxado o tapete debaixo dos meus pés.
Joaquim Roriz é a grande referência que eu tenho; porque sua disposição para fazer o bem era imbatível. Ele fez uma vida toda pautada pela política. E eu nunca sabia onde terminava o político e onde começava o meu avô.
Joaquim Roriz iniciou sua trajetória politica como vereador de Luziânia em 1971. Depois, foi deputado estadual de Goiás, deputado federal por Goiás, vice-governador de Goiás, prefeito de Goiânia, governador do Distrito Federal durante quatro mandatos, ministro da Agricultura e Reforma Agrária, e coroou sua caminhada politica como senador da República.
Ele exerceu praticamente todos os cargos públicos do país. Relembro agora, em nossas reuniões familiares, ele falando sobre a importância do metrô. Outras vezes, entre um café e outro, falava da necessidade de ter Corumbá IV pronta, porque um dia iria faltar água para atender toda a população do DF.
Mas de suas muitas realizações como homem público, destaca-se a criação de várias cidades, como Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho 2, Riacho Fundo 1 e 2, Recanto das Emas, entre outras, que foi a forma mais humana e mais bem-sucedida que ele encontrou para dar cidadania e um endereço digno a milhares de pessoas, que sobreviviam dispersas pelas 64 favelas que existiam em Brasília.
Cresci vendo ele receber políticos dos mais diferentes cargos. Às vezes governadores de outros estados, outras vezes ministros e senadores, e sempre dispensava o mesmo tratamento a todos, com toda a humildade do mundo.
O exercício do poder nunca o deslumbrou. Ele tinha vaidade zero. A imagem que guardo dele é de seu otimismo e bom humor.
Além de um avô, parte um grande amigo, uma grande inspiração para a minha vida política. Porque foi essa a missão que ele me deu: continuar todas as suas lutas, e estar sempre atento às necessidades das parcelas mais pobres da população. Ele me fez prometer isso a ele, e vou cumprir.
Minha mãe, meu irmão Rodrigo, minha tia Lili, minha tia Nane, meus primos, Bárbara e Juliano, estão desconsolados. Mas eu sei que quem sofrerá a maior dor, quem sentirá, a cada dia, a perda de seu companheiro leal, do pai de suas filhas e o avô de suas netas e netos, será minha doce e querida avó, Wesliam Roriz. Falo pela família toda, que faremos um cobertor de proteção em torno dela. Porque ela precisa, e porque ela merece.
Acho que ele partiu feliz. Como disse o senador José Sarney, JK construiu Brasília, mas quem a consolidou como a cidade moderna que é foi Joaquim Roriz.
Neste momento de tristeza e dor, estamos todos submissos à vontade de Deus. Peço a todos que elevem orações em memória de meu inesquecível avô. Descanse em paz Joaquim Roriz, você permanecerá sempre no coração de Brasília.”