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“Nem milhões de reais reparariam o dano”, diz educadora agredida

Em Ceilândia, mãe que deu tapa em professora pediu desculpas públicas a Joane Vieira, que falou sobre o trauma advindo do caso

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1 de 1 Educadora-social - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O caso da mãe de uma aluna do colégio Caic Bernardo Sayão, em Ceilândia, que deu um tapa no rosto de uma educadora social voluntária da escola, teve mais um capítulo. O fato ocorreu no dia 26 de junho deste ano. Então, a Justiça interveio na situação e um pedido de desculpas foi combinado para esta terça-feira (29/10/2019).

A mãe, além de ter que pagar R$ 1 mil de indenização, leu uma carta na frente da comunidade escolar. O ato não durou muito tempo. A vítima, Joane Vieira (foto em destaque), de 30 anos, disse nunca ter vivido uma situação como essa. Ela contou que houve a necessidade de passar por acompanhamento psicológico. E lembrou que, no início, ficou em estado de choque.

“Até cair a ficha, foi difícil, não consegui nem almoçar. Quando começaram a chegar as ligações, no dia seguinte, percebi o que realmente tinha acontecido”, comentou a educadora.

Joane lembrou o trauma e comentou sobre o pedido de desculpas feito nesta terça-feira (29/10/2019). Também falou sobre as medidas tomadas pela Justiça. Entre elas, uma socioeducativa a ser cumprida pela agressora.

“Quando ela [a mãe] foi explicar o caso, disse que foi ‘só um tapa’. Para ela, é só isso. Ela leu as desculpas como se não estivesse falando para mim. Não mostrou arrependimento”, opinou Joane. “Para mim, nem milhões de reais reparariam o dano psicológico que é ser atacado no seu ambiente de trabalho”, desabafou.

Confira o texto de pedido de desculpas da mãe:

Reprodução

Importância das imagens

Joane também cita o vídeo da agressão. Ela ressalta a importância de ter as imagens como prova do ocorrido. “Acredito que, se não tivesse o vídeo, não teria sido dessa forma. Na delegacia, a agressora fez um falso testemunho, falando que eu tinha agredido ela, chutado… Uma situação completamente diferente da real, naquela escada”, pontuou Joane.

A professora explica o que aconteceu no dia que levou um tapa no rosto. “No dia 18 [de junho], a filha dela desmaiou. Foi na hora que saímos do refeitório e seguimos para o recreio. A criança tem 10, 11 anos. Subi para ver como ela estava, porque me falaram que ela tinha desmaiado”, contou Joane.

“Perguntei: ‘Você lanchou, você comeu?’. E ela disse que não. A gente foi pegar o material dela para que a mãe viesse buscar. No outro dia, a mãe veio nervosa, porque eu havia perguntado se ela estava se alimentando direito”, afirmou Joane. De acordo com a vítima, a mulher disse que a filha não viria mais a escola.

Deslocada

Em outra situação, a filha teria contado à mãe que a professora não deixou os alunos irem ao banheiro. “Quando paramos na fila, eu falei: ‘Quem quiser ir ao banheiro, pode’. Ela foi a única a não ir naquele momento. E a mãe chegou dizendo que eu não havia deixado ela ir”.

A educadora foi realocada pela Regional de Ensino. “A Regional me tirou pela questão até das ameaças. No outro dia, tomei consciência: e se ela estivesse armada?”, perguntou-se Joane. Segundo a educadora, Maria do Socorro teve seis meses para ir à escola ver a situação da filha, mas isso não ocorreu.

“Ela fez o pedido de desculpas como se fosse um favor. Para mim, ela não está fazendo um favor. Foi falta de respeito com o professor e uma falta de lei que ampare a gente. Que as autoridades vejam isso e situações como essa sejam evitada. É triste porque as pessoas já deviam ter a consciência da gravidade do que aconteceu”, analisou Joane.

Veja o vídeo:

O outro lado

O advogado da mãe, Guilherme Aires, afirmou que as medidas cabíveis foram tomadas. “Minha cliente está terminando de cumprir a medida socioeducativa colocada. E, como deram nos jornais, a indenização será devidamente paga”, explicou.

Questionado sobre Maria do Socorro não ter direcionado a leitura à educadora agredida, ele destaca: “O nome dela foi citado na leitura. Agora, se olhou ou não para a professora, não cabe a nós pedirmos humilhações da parte envolvida”, ressaltou o advogado.

Aires também criticou a imprensa pelo vídeo ter sido mostrado na íntegra. De acordo com ele, não havia a necessidade de mostrar a discussão completa ou o ato, por expor a acusada.

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