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Nasce criança que passou pela primeira cirurgia intrauterina do DF

Ágatha passou por procedimento cirúrgico ainda no útero da mãe. Cirurgia inédita no DF ocorreu no Hospital Materno Infantil de Brasília

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Imagem colorida mostra mulher deitada em maca com as mãos de luva, para cima, enquanto um homem segura sua cabeça e duas pessoas fazem a operação - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra mulher deitada em maca com as mãos de luva, para cima, enquanto um homem segura sua cabeça e duas pessoas fazem a operação - Metrópoles - Foto: Samara Christtiny/Divulgação

A primeira criança que passou por uma cirurgia intrauterina inédita na história do Distrito Federal nasceu nessa quarta-feira (6/12). Com 1,1 kg, Ágatha está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), mas veio ao mundo forte e saudável.

Em 27 de outubro, a criança foi submetida a um procedimento cirúrgico para corrigir um problema na coluna, enquanto ainda estava no útero da mãe, Raiane da Rocha, 36 anos. A técnica era inédita no DF, e a operação ocorreu no próprio Hmib.

Ágatha tinha risco de nascer com a coluna exposta, devido a uma malformação conhecida como “espinha bífida”, que poderia causar limitações motoras e problemas neurológicos na criança. O sucesso da cirurgia animou a família e a equipe de saúde, e o resultado final se revelou bem mais promissor do que se não tivesse ocorrido o procedimento.

Raiane celebrou a chegada da filha e comentou sobre a ansiedade em tê-la por perto. “É uma alegria. Eu a vi [na UTI], e ela está ótima. É difícil não estar com ela agora, mas é só esperar”, comentou.

A mãe se preocupava porque a previsão do parto era para 2024. Porém, a bolsa amniótica rompeu em 21 de novembro último, e Raiane passou a ser acompanhada pela equipe do Hmib. Na noite da última terça-feira (5/12), ficou decidido que era hora de Ágatha nascer.

Especializados em medicina fetal, os médicos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) Marcelo Filippo e Carolina Wanis ficaram responsáveis pelo parto e, também, pela cirurgia, que ocorreu no fim de outubro. O procedimento contou, ainda, com a presença do médico Fábio Peralta.

Por ter nascido com 27 semanas e quatro dias de gestação, a menina foi classificada como prematura extrema. Partos até a 36ª semana são considerados de prematuros, e os partos “a termo” ocorrem entre a 39ª e a 41ª semana.

Nas próximas semanas, Ágatha será monitorada pela equipe de neonatologia do Hmib e receberá apoio do banco de leite do hospital, fundamental para garantir a nutrição dela e de outras 39 crianças internadas na UTI. “Para mim, o milagre aconteceu. Agora é só esperar pela alta dela”, disse o pai de Ágatha, Jeremias Nascimento, 43.

Três horas de cirurgia

Conhecida cientificamente pelo nome mielomeningocele, a malformação identificada como espinha bífida durante o pré-natal causa desafios de saúde desde a fase uterina até o fim da vida. Entre os sintomas mais comuns estão a impossibilidade de andar e quadros de inchaço no cérebro.

As tentativas de correção por meio de cirurgia ocorriam somente após o parto, com baixa taxa de sucesso. A partir de 2015, começaram a ocorrer no Brasil procedimentos intrauterinos que melhoram o prognóstico das crianças.

A cirurgia inédita no DF envolveu 20 servidores do Hmib e durou três horas. Além disso, a equipe se mobilizou para executar o procedimento com agilidade: uma médica da rede privada que fazia o pré-natal de Raiane identificou a condição e a encaminhou ao hospital da SES-DF em 16 de outubro.

Em 12 dias, mãe e filha passaram pela preparação necessária, e a cirurgia ocorreu na 22ª semana de gestação, período considerado ideal pelos profissionais da área.

Com a projeção estatística de cerca de 250 crianças nascidas por ano no Brasil com espinha bífida, pesquisadores da área trabalham para expandir o número de hospitais que poderão se tornar referência para realização do procedimento.

Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)

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