“Não vamos deixar o legado do meu pai morrer”, diz filha do DJ Jamaika
Corpo do músico foi sepultado no final da tarde desta sexta-feira (24/3), no cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga
atualizado
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“Tudo que meu pai me ensinou foi realmente querendo que o legado dele ficasse vivo e evidente por muitos anos. Então, não vamos deixar o legado do meu pai morrer”, conta Saphira Pereira Alves, 22 anos, filha do DJ Jamaika. O corpo do músico foi sepultado no final da tarde desta sexta-feira (24/3), no cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga.
Lenda do hip-hop do Distrito Federal, Jefferson da Silva Alves, mais conhecido como DJ Jamaika, lutava contra um câncer na coluna. O artista morreu na manhã da última quinta-feira (23/3).
Segundo Saphira, no leito de morte, seu pai reafirmou o desejo de que ela cuidasse da mãe, Adriana Pereira Raimundo, esposa de Jamaika. Sobre a educação artística que recebeu em casa, a jovem comenta: “Eu fui criada em um ambiente musical, mas a cultura hip-hop, por conta do meu pai, foi sempre o que me vibrou, o que me abraçou e o que me fez querer coisas”.
Durante o velório, realizado na Administração Regional de Ceilândia, a esposa do DJ Jamaika agradeceu a presença dos amigos e fãs. “Eu estou muito triste pela perda, como disse vou ter que aprender a viver sem a presença dele, mas estou muito alegre porque sei que ele foi incrível, tenho certeza. Quero agradecer aqui, muito obrigada pelo carinho e pela presença”.
A filha do cantor relembra o orgulho que o pai sentia ao fazer os shows e encontrar com seus fãs. “Eu não pude ir na última vez que ele fez um show em Goiânia, mas meu pai fez questão de mandar um vídeo e me contar sobre, sempre com muita alegria. Meu pai sempre fez muita piada em momentos tristes para ver todo mundo bem”, afirma.
Em 8 de março, o rapper lançou o videoclipe da música A Chuva, último trabalho divulgado por ele, junto de Saphira.
Despedida do DJ Jamaika
Por volta das 15h30 desta sexta-feira, sob aplausos, um caminhão dos bombeiros deixou a sede da administração regional para levar o caixão do rapper, em cortejo, até o local do sepultamento.
O velório começou às 13h, apenas para pessoas próximas. Às 14h, a Administração Regional de Ceilândia abriu as portas para admiradores do DJ se despedirem dele. Por volta desse horário, fãs organizaram uma fila e aguardaram para dar o último adeus ao ídolo. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), passou pelo local e prestou homenagem ao artista.
Luiz Carlos Silva, 39 anos, aguardava para se despedir do ídolo. “DJ Jamaika fez parte da minha infância, da juventude. Cresci e moro aqui em Ceilândia e, desde pequeno, sempre escutava o som dele”, relatou o motorista de transporte por aplicativo.
Com um boné com a palavra “Ceilândia” escrita, Luiz Carlos comentou que, apesar do sucesso do DJ Jamaika na região, onde começou a carreira, a morte do músico representa grande perda para a cultura de todo o Distrito Federal.
“[Por meio da música,] ele contava tudo o que acontecia na quebrada. Representava a galera de Ceilândia, da Chaparral. Estou aqui porque preciso prestar uma última homenagem para o cara mesmo. Ele era fera”, elogiou o motorista.
Trajetória
Jefferson da Silva Alves nasceu em Taguatinga, em 28 de outubro de 1967, mas começou a carreira em Ceilândia. Pioneiro do hip-hop brasiliense, liderou o grupo de rap Álibi, com o irmão Kabala.
Tô Só Observando, Rap do Piolho e 2 Maluco num Opala 71 são alguns do hits do DJ que o tornaram nacionalmente conhecido.
O rapper lançou ao menos sete álbuns na carreira; entre eles: Utopia — Se Fosse Sempre Assim…, de 1998; De Rocha, de 1999; Pá Doido Pirá, de 2000; Antídoto, de 2002.
Em 2003, o DJ lançou a coletânea Dub Remix. Os títulos Evangelôco e Álibi para a Morte estrearam em 2008.
Em 2002, com a carreira no rap consolidada, DJ Jamaika mudou de segmento e passou a compor para o meio gospel. Apesar da mudança, além de conquistar um novo público, o artista seguiu com sucesso entre os antigos fãs.