“Não tem como dizer que não houve falha da PM”, diz coronel sobre 8/1
Ex-chefe do Centro de Inteligência da PMDF admite à CPI do DF erro da corporação no 8 de Janeiro: “Houve falha nossa”
atualizado
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A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) falhou no 8 de Janeiro, dia em que a República sofreu uma tentativa de golpe de Estado, segundo um membro do alto escalão da corporação.
Chefe do Centro de Inteligência da PMDF na data, o coronel Reginaldo de Souza Leitão foi claro: “Não teve como dizer que não houve falha da Polícia Militar”.
Leitão presta depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), na manhã desta quinta-feira (16/11).
Ele foi um dos poucos militares da PMDF que, em oitiva na Casa, admitiu que houve erro da corporação. Até então, a estratégia vinha sendo admitir falhas no dia 8/1, mas jogando a responsabilidade para outros órgãos.
“Não teve como dizer que não houve falha da Polícia Militar, porque houve. Nós vimos o rompimento das barreiras [de contenção de manifestantes]. […] Houve falha nossa que tem que ser estudada, caberá aos próximos gestores identificar o que aconteceu para que isso não se repita”, enfatizou.
Leitão ainda mostrou fragilidades da inteligência da corporação, como o uso de grupos de “zap” para repasse de informações sensíveis.
“Sobre o dia 12 [de dezembro de 2022] e o dia 8 [de janeiro de 2023], foi utilizada a inteligência corrente. E a inteligência corrente, infelizmente, a gente utiliza WhatsApp. Isso já foi tratado em outras sessões. Não deveria ser WhatsApp, deveria ter uma rede segura de informação, mas é fato, a gente utiliza o WhatsApp”, relatou aos deputados distritais.
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Depoimento adiado
O coronel iria depor na CPI em 26 de outubro, mas apresentou atestado válido entre 6 e 30 de outubro. A oitiva de hoje é a última dos trabalhos de investigação da Câmara Legislativa.
No depoimento, o coronel fez um longo discurso antes das perguntas dos distritais. Hoje lotado na Divisão de Infraestrutura da Polícia Militar, ele defendeu a atuação da Inteligência da PMDF contra atos antidemocráticos, mas comentou sobre limitações do setor.
“Para ter infiltrado [no quartel-general], ele tem que estar protegido por uma ação judicial. A PM não tem essa competência. A gente tinha policiais da inteligência nas áreas próximas, em volta, ao redor, e, eventualmente, a gente fazia aproximações nas áreas. Eu não tinha agente do CI [Centro de Inteligência] infiltrado no acampamento.”
Leitão também disse que golpistas estavam armados no 8 de Janeiro, com uso de arma de choque, e pontuou a periculosidade dos estilingues com bolas de gude.
O coronel ainda ressaltou que a Polícia Militar não tem competência para realizar trabalho de investigação. “A investigação é ação das polícias Judiciárias. […] Às vezes se entende que, por ser da área de Inteligência, se sabe tudo. E não é assim”, declarou.
Sobre a tese de “apagão na Inteligência”, ele foi enfático: “Esse apagão não houve”. O coronel citou que o principal grupo de WhatsApp com informações sobre o dia 8 de janeiro tinha mais de mil mensagens, sendo que cerca de 800 eram do Centro de Inteligência.
O coronel da PM é a última pessoa a ser ouvida pelo colegiado. O relatório da CPI da Câmara Legislativa, feito por Hermeto (MDB), está sendo concluído e será apresentado e votado em 29 de novembro.