“Não queria provocar lesão”, diz atropelador de advogada em audiência
Preso preventivamente, Paulo Ricardo Milhomem, 37 anos, alegou que “vítima atravessou o carro no meio da rua, impedindo a minha passagem”
atualizado
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Preso preventivamente, o motorista Paulo Ricardo Moraes Milhomem, 37 anos, que atropelou propositalmente a advogada e servidora da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) Tatiana Machado Matsunaga, afirmou, durante audiência de custódia, que não teve intenção de “lesionar” a vítima.
A advogada está internada em um hospital particular de Brasília em estado grave, com traumatismo craniano e fraturas na perna e no quadril.
Veja trechos da audiência:
Durante a audiência de custódia, o atropelador disse que, em momento algum, teve intenção de passar com o carro por cima da advogada, conforme registraram as câmeras de segurança instaladas na casa da vítima, na QI 19 do Lago Sul. “Queria deixar claro que, em momento algum, tive intenção de atropelar a vítima ou atentar contra sua vida e muito menos lesioná-la. Ela simplesmente atravessou o carro no meio da rua, impedindo a minha passagem”, alegou.
Câmeras do circuito de segurança da casa também flagraram o momento do crime. Quando a advogada posiciona o veículo de ré para entrar na garagem da residência, o atropelador chega e começa a troca de ofensas. Com a gritaria, o marido da vítima sai de casa para ver o que estava acontecendo. Logo depois que Tatiana desce do carro, o autor do crime faz uma manobra brusca e joga o veículo sobre a vítima, com violência.
Furto qualificado
Durante a audiência, foi perguntado sobre um crime praticado pelo advogado. “Em 2003, eu tinha recém-completado 18 anos e me envolvi em um furto com outros dois indivíduos menores. Só eu fui condenado nesse furto. A condenação saiu em 2006, e a pena foi extinta há mais de 5 anos”, explicou.
No fim da audiência, Paulo Ricardo dirigiu-se à juíza, afirmando sofria maus-tratos na cadeia. “Estou dormindo no chão, sem cobertor e me deixaram aqui sem sabonete, sem papel higiênico e sem pasta de dente”, reclamou.
Veja imagens do atropelamento:
O caso é investigado pela 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). Logo após o crime, o homem apresentou-se à unidade policial acompanhado por um advogado. Milhomem teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) ressaltou que “o atropelamento da advogada Tatiana Machado Matsunaga choca a sociedade e a advocacia, pela brutalidade, pela motivação e pelo fato de ser um advogado o autor do crime, flagrado pelas autoridades.”
Além disso, a entidade informou que “se coloca à disposição da vítima e de sua família e deseja pronta recuperação.”