“Não lembro de nada”, insiste ex suspeito de matar Luciana
Aos investigadores, Alan Fabiano, que está internado sob custódia da polícia no HBDF, apresenta suposta confusão mental
atualizado
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Investigadores da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) ainda não conseguiram colher o depoimento formal de Alan Fabiano Pinto de Jesus, 45 anos. O vigilante é acusado de matar a ex-namorada Luciana de Melo Ferreira, 49, com pelo menos 40 golpes de objeto perfurocortante, provavelmente uma faca. O corpo da vítima foi enterrado nessa quarta-feira (25/12/2019).
De acordo com fontes ouvidas pelo Metrópoles, o homem, que teve a prisão preventiva decretada e segue internado no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), diz não se lembrar do que aconteceu e apresenta suposta confusão mental.
Nessa quarta-feira (25/12/2019), delegados e agentes tentaram fazer o interrogatório, mas Alan continuou dando respostas vazias. Na tarde desta quinta (26/12/2019), os policiais farão nova tentativa.
Ao ser preso, o vigilante chegou a dizer a policiais militares que “não se lembra” de como foi parar no hospital. O crime ocorreu no último sábado (21/12/2019), no prédio onde Luciana morava, na QRSW 2 do Sudoeste Econômico. Alan foi preso na terça (24/12/2019), por integrantes da Rondas Ostensivas (Rotam), da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
“Não estou sabendo”
Em vídeo obtido pelo Metrópoles, Alan é questionado por um policial. Com o vigilante deitado sobre uma maca, o PM pergunta: “Você conhece a Luciana?”. Como resposta, ouve apenas “hum?”, seguido de silêncio.
O policial continua: “A Luciana, sua ex-namorada, foi morta com uma facada no peito. O senhor está sendo acusado de homicídio. Está sabendo disso?”. “Não estou sabendo de nada, não”, diz Alan.
O vigilante é novamente indagado: “O que aconteceu com o senhor, que está aqui no hospital?”. “Eu estava no trabalho, no serviço, e do serviço eu vim pra cá”, responde.
“Mas o que aconteceu? Por que o senhor está com o olho roxo? Alguém te bateu? Foi acidente de moto, de carro?”, continua o policial. “Não lembro”, finaliza o vigilante.
Veja o vídeo:
Imagens do circuito do Bloco A10 da QRSW 2 mostram que o vigilante chegou ao edifício de Luciana às 20h31 de sábado (21/12/2019) e abriu a porta com a senha de segurança.
Ele vestia um casaco com capuz. Às 22h32, a vítima entra no prédio. Vinte minutos depois, o vigilante saiu do prédio com uma bolsa da ex-namorada.
Os investigadores responsáveis pelo caso acreditam que o acusado levou a bolsa para simular latrocínio (roubo seguido de morte) e evitar suspeitas sobre ele.
Veja trechos da gravação:
“Surto psicótico”
Desde que foi preso na terça-feira (24/12/2019), Alan está internado no Hospital de Base sob escolta policial. Ele teria passado mal no trabalho.
Segundo informações dos investigadores, Alan foi levado à unidade de saúde da rede pública após ter tido surto psicótico durante o expediente. A polícia foi acionada para o local.
O corpo da vítima, que trabalhava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só foi encontrado na segunda (23/12/2019), pela filha de Luciana. No dia do crime, as duas passaram em um shopping. A moça contou à polícia que a mãe a deixou na casa do namorado e foi embora.
Na segunda, a jovem voltou para casa, na QRSW 2 do Sudoeste Econômico, mas o imóvel estava trancado com chave tetra. Foi preciso chamar um chaveiro. Ao abrir a porta, a filha viu o corpo da mãe estirado no chão e acionou a polícia.
Tornozeleira
Alan usava tornozeleira eletrônica até 4 de dezembro. O motivo foi uma tentativa de homicídio contra Luciana. Segundo informações obtidas pelo Metrópoles, o acusado teria provocado um acidente de carro de propósito para ferir a vítima quando ela disse que queria terminar o relacionamento. A tentativa de feminicídio ocorreu em outubro deste ano.
O vigilante a ameaçou de morte e jogou o carro em que ambos estavam contra uma árvore. Luciana pulou momentos antes da colisão e se feriu.
Na época, o homem, que é morador de Ceilândia, foi preso em flagrante e denunciado por violência doméstica. Ele passou semanas detido, até que a Justiça concedeu liberdade, mediante uso de tornozeleira eletrônica. Em 21 de outubro, foi realizada a audiência de custódia.
Para ser solto, Alan teve que, além de usar tornozeleira, pagar fiança de R$ 2 mil e se comprometer a manter distância de ao menos 500 metros da vítima. Em 4 de dezembro, a Justiça autorizou a retirada do dispositivo.