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Não havia traços de suco de uva na roupa de professor, diz PCDF

Além do resultado do laudo, polícia ouviu servidora que teria servido a bebida a Odailton Charles. Ela negou ter oferecido o suco

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A perícia nas roupas do professor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos, não encontrou traços de suco de uva – a suspeita inicial era que o veneno tomado pelo docente estivesse na bebida. “Achamos vestígios de raticida nas roupas e traços de vômito, mas nada relacionado a suco de uva”, explicou a perita criminal Flavia Pine Leite, que fez o exame nas vestimentas usadas por Charles no dia do incidente, em 30 de janeiro.

A informação foi dada nesta quinta (06/02/2020). Em áudio enviado quando começou a passar mal, Charles desconfia de uma substância estranha em um suco que supostamente havia sido oferecido por uma colega. A servidora foi ouvida pela Polícia Civil e negou ter dado qualquer produto ao docente.

“Nós a ouvimos e ela foi firme em dizer que não ofereceu suco ao professor. Isso não quer dizer que ele não tenha bebido. As investigações continuam, muitas pessoas ainda serão ouvidas”, disse o delegado Laércio Rossetto, da 2ª DP (Asa Norte), que conduz as investigações sobre o caso.

O docente dava aulas no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte. Segundo o documento, ele foi intoxicado por uma espécie de raticida, chamado audicarb, popularmente conhecido como chumbinho.

O Metrópoles teve acesso com exclusividade ao prontuário médico do professor. O documento, emitido por médicos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), aponta intoxicação. O docente estava internado na unidade de saúde até a última terça-feira (04/02/2020), quando morreu.

Nesta quinta, amigos e parentes de despediram do professor Charles. O enterro foi realizado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

A cerimônia de despedida ocorreu pouco após peritos do Instituto de Criminalística (IC) e médicos legistas do Instituto de Medicina Legal (IML) concluírem que o professor Charles, como era conhecido, morreu vítima de intoxicação provocada por um raticida.

Bebida

O envenenamento ocorreu enquanto Charles participava de uma reunião na escola onde foi diretor por seis anos. Ele tomou alguma bebida – acreditava-se ser suco de uva, e, poucos minutos depois, começou a passar mal.

Durante a crise, enviou áudios angustiantes a familiares e colegas, pedindo socorro e detalhando seu estado de saúde. O docente chegou a dizer nas gravações de WhatsApp que desconfiava de alguma substância estranha em sua bebida.

“Alguém me ajuda, alguém me ajuda. Eu cheguei aqui, tomei um suco e acho que colocaram laxante, estou com muita diarreia”, disse o educador.

Uma servidora que estava com o docente em reunião e presenciou o episódio telefonou para a esposa de Charles e informou que ele estava passando mal. A mulher do educador sugeriu que o marido fosse levado ao hospital. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conduziu o ex-diretor ao Hran.

Confira o áudio:

8 imagens
Flavia Leite Pina, perita do IC
Policiais no CEF 410 Norte
Polícia investiga o caso
Peritos na escola
CEF 410, na Asa Norte
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Professor Charles: Polícia Civil investiga o caso

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Flavia Leite Pina, perita do IC

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Policiais no CEF 410 Norte

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Polícia investiga o caso

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Peritos na escola

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Delegado Laércio Rossetto acompanha perícia na escola

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Escola onde o professor começou a passar mal antes de morrer

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Dificuldades com colega

Segundo a reportagem apurou com pessoas próximas ao professor, Charles chegou a relatar dificuldade de relacionamento com uma colega da escola, justamente quem teria lhe oferecido o suco no dia da reunião.

Em uma das mensagens enviadas a um amigo que também trabalha na instituição, o docente pontuou que sua interlocutora “estava com a cara de poucos amigos”. Frisou ainda que não queria beber o suco, mas acabou aceitando a bebida para não fazer desfeita. O professor desconfiava de que o líquido teria lhe feito mal.

Metrópoles não vai divulgar o nome da servidora porque o caso está sob apuração.

Em nota, a Secretaria de Educação disse que “lamenta o ocorrido e irá aguardar as conclusões do inquérito policial”. A direção da escola não quis comentar o assunto.

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