Namorada de PM morto por policial civil: “Volta para casa, meu amor”
Comoção e revolta marcaram velório e sepultamento do tenente Herison, assassinado a tiros por Péricles Marques Portela Júnior
atualizado
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Amigos e familiares se despediram, nesta terça-feira (16/04/19), do primeiro-tenente da Polícia Militar Herison Oliveira Bezerra, 38 anos. O oficial foi assassinado na madrugada de segunda-feira (15/04/19), depois de um desentendimento com o policial civil do DF Péricles Marques Portela Júnior, 39, em uma casa noturna. A Justiça converteu a prisão em flagrante do agente da PCDF em preventiva.
Colegas de trabalho da Polícia Militar do Distrito Federal prestaram as últimas homenagens ao militar, que levou três tiros à queima-roupa após esbarrão dentro da casa noturna Barril 66, localizada às margens da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB).
O velório começou às 8h, no Templo Militar Evangélico, no Setor Militar Urbano, que ficou lotado. Coroas de flores em homenagem ao tenente Herison foram colocadas no altar, além de uma foto. A namorada da vítima, Aline Rabello, estava inconsolável. Ela testemunhou o PM ser baleado dentro da casa noturna Barril 66, onde estavam cerca de 1,5 mil pessoas. “Volta para casa, meu amor”, pediu, aos prantos, durante o sepultamento no Cemitério Campo da Esperança.
Por volta de 9h20, a equipe do Grupo Tático Operacional (GTOP) chegou ao velório em 10 viaturas. Os familiares, muito abalados, não se manifestaram. O pai do PM chegou a passar mal e precisou de auxílio. Os bombeiros conduziram a mãe da vítima ao Cemitério Campo da Esperança.
Colega do tenente, o soldado Miguel Pereira diz que o sentimento é de revolta e dor. “Era algo que poderia ter sido evitado”, destacou. Herison deixa um filho de 16 anos. “Era uma pessoa maravilhosa, sensacional. Onde entrava, alegrava o ambiente. Ajudava a todos, independentemente da posição. Não media esforços”, ressaltou Pereira.
O soldado dirigia a viatura do colega durante o serviço, convivendo constantemente com o tenente. Ele disse que a “ficha ainda não caiu”. Segundo Pereira, é um momento muito difícil para todos da equipe. “Com Herison, eu aprendi principalmente a humildade”, declarou.
“Estamos sepultando um herói. Alguém que durante anos entregou sua vida para proteger uma sociedade que, muitas vezes, não nos reconhece. Quando um herói tomba, ele não pode ficar no anonimato”, declarou um policial militar, responsável por fazer a última oração antes do sepultamento. Uma bandeira do GTOP foi posicionada sobre o caixão, que foi acompanhado por um comboio de viaturas até o cemitério.
A comandante da PM, coronel Sheyla Sampaio, foi ao enterro. Disse que encara o caso como uma “fatalidade” e que espera por “justiça”. Segundo ela, o diretor-geral da PCDF, Robson Cândido, foi ao sepultamento, onde se solidarizou com a corporação. “Desejou ‘meus sentimentos'”, ressaltou.
O crime
Um esbarrão teria motivado os disparos que tiraram a vida do tenente Herison Oliveira Bezerra. Ao Metrópoles, a cunhada do militar contou a versão dada pela companheira do PM, que estava no local. “Segundo o que minha irmã me falou, o Herison esbarrou nele. O agente ficou revoltado e atirou”, contou Liry Rabello.
Outras testemunhas relataram que o agente mexeu com a mulher do militar. O tenente teria flagrado e repreendido a atitude do policial, dito que ela estava acompanhada e pedido para o homem respeitá-la.
O oficial, que era lotado no 10º Batalhão de Polícia Militar (Ceilândia), levou três tiros – dois no tórax e um no abdômen. Ele chegou a ser levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu aos ferimentos. Morreu por volta das 4h na unidade de saúde.
Câmeras de segurança da boate mostram o momento dos disparos. Nas imagens, é possível ver o policial militar passando em frente ao agente. Eles se esbarram, o policial civil saca a arma e atira. O PM chega a pegar a pistola, mas é alvejado antes.
Os disparos foram feitos por uma arma calibre .40. A namorada do PM quase foi atingida. Nas imagens flagradas pelas câmeras de segurança, ela aparece tentando socorrer a vítima.
O policial civil foi preso, levado para a 21ª DP e depois encaminhado à Corregedoria da corporação. Segundo a PCDF, Péricles Marques Portela Junior foi autuado em flagrante por homicídio e lesão corporal.
Chamados ao local, bombeiros informaram que o tenente foi levado inconsciente e com hemorragia grave ao HRT, onde acabou falecendo. A corporação disse, ainda, que a outra vítima – identificada como Andressani de Oliveira Sales, 39 – levou um tiro de raspão na coxa.
Herison entrou na corporação em 2012 e concluiu o Curso de Formação de Oficiais três anos depois. Ainda segundo a PM, o tenente foi homenageado na Câmara dos Deputados, em 14 de março de 2019, por ter apreendido mais de 50 armas de fogo e recuperado 20 veículos, produtos de roubo e furto, em seis anos de profissão.