Naja: veterinários envolvidos com suposto tráfico serão alvo de processo
Conselho Regional de Medicina Veterinária parabenizou PCDF e disse que está à disposição dos investigadores para esclarecimentos
atualizado
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O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMV-DF) , nesta sexta-feira (31/7), se pronunciou a favor das investigações conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama) que apuram esquema de tráfico internacional de animais silvestres.
Em nota, a entidade defendeu que os profissionais alvos de investigação serão alvo de processo ético profissional. O CRMV diz que está à disposição da PCDF para esclarecimentos técnicos e científicos sobre o caso.
No caso do estudante Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, o conselho afirma que não irá tomar providências, uma vez que o jovem ainda é estudante do curso.
“Todos os casos de exercício ilegal de profissão, maus tratos, tutela ilegal e tráfico de animais, recebidos por esta autarquia, são encaminhados para a polícia, já que se trata de crime previsto pelo código penal brasileiro”
Por fim, a entidade parabenizou os investigadores que atuam no caso. “Cumprem com eficiência o seu trabalho, colaborando com o bem-estar animal e com o exercício pleno da medicina veterinária e da zootecnia”, disse na nota.
Há suspeita de que uma veterinária professora da Faculdade Uniceplac, onde Pedro Henrique estudava, tivesse conhecimento da criação clandestina dos animais apreendidos.
Depoimento
Nesta sexta-feira (31/7), o estudante prestou depoimento por aproximadamente 3 horas. Segundo o delegado à frente da investigação, Willian Ricardo, Pedro falou “bastante coisa”. Os detalhes do que foi obtido na oitiva policial, porém, não foram divulgados.
Após o depoimento, Pedro seguiu direto para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE) da PCDF, no Parque da Cidade, onde cumpre prisão temporária de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, em caso de solicitação das autoridades policiais que conduzem a investigação.
O mandado de prisão foi cumprido no Guará, no apartamento onde o suspeito mora com a mãe, Rose Meire, e o padrasto, o coronel da Polícia Militar do DF (PMDF) Clovis Eduardo Condi. O casal também é investigado por suposto crime ambiental e ocultação de provas.
O estudante, de 22 anos, entrou na mira da Polícia Civil após ter sido picado por uma cobra Naja kaouthia que criava como animal de estimação, apesar de a serpente não ser natural de nenhum habitat brasileiro. A suspeita é que o animal tenha sido trazido para o Distrito Federal a partir de uma licença irregular, emitida por uma servidora do próprio Ibama, que já foi afastada do cargo.
Documento que faz parte da investigação, ao qual o Metrópoles teve acesso com exclusividade, aponta Pedro como traficante de animais e “não mero colecionador”.
O mandado de prisão temporária foi cumprido no âmbito da quarta fase da Operação Snake. Na saída de casa, no Guará, Pedro mostrou o dedo do meio para a imprensa, que faz a cobertura do caso desde o dia em que ele foi picado pela Naja. O delegado William Ricardo, da 14ª DP, informou que um termo circunstanciado foi lavrado contra o rapaz, que vai responder pelo gesto obsceno dirigido aos jornalistas.
A prisão temporária, com prazo inicial de cinco dias, foi decretada pela 1ª Vara Criminal do Gama, após representação da PCDF. Os investigadores constataram indícios de que Pedro, com outros investigados, estaria envolvido em uma associação criminosa responsável, entre outras condutas, pela destruição das provas relacionadas aos crimes ambientais.